domingo, dezembro 24, 2006

O pior Natal

O pior natal será o que é igual aos dias do resto do ano para alguém que se sente excluido, só, inadaptado.
Não são os sítios, os lugares, mas a solidão.
Não é o dificil de uma vida mas a incapacidade para se sentir em casa com os outros, a maior infelicidade.
Não nascemos na maioria, para sermos ermitas felizes ou alucinados, na procura de uma qualquer alquimia.
Neste Natal de todos os Natais, o sentimento de solidão é o que faz mais vitimas em todos os grupos sociais.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

máquina de secar "o tamanco"

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Rebeldia

Fugir da chuva sem medo, molhado húmido em bando, éramos 4 ou 3 ou talvez mais, uma miúda? talvez … uma lá no meio sem companhia, sem outra que as fizesse aos pares para que tivessemos uma estrela. Escondíamos as faltas ao liceu entre a mesa de madeira da tasca lá mais perto, carcomida pelos anos, húmida de vinho como nós de água. Olhares trocava-mos em perfeita marginalidade auto imposta com prazer.
Éramos diferentes, frequentávamos as tascas dos bêbados ás 2 ou 3 da tarde. Comia-se pouco pela ênfase que se dava ás sensações que as misturas alcoólicas nos causavam, ao grupo. Saíamos muitas vezes já a tarde meada, ébrios com explosões de cores dentro das ópticas, na rua tudo era cinzento mas não magoava. Assim aprendíamos a estar fora duma realidade que todos julgavam controlar. Éramos os rebeldes da altura. Outras vezes até uma entrada de um prédio servia para nos reunirmos, consumir uma cachimbada em grupo, partilhar um sufoco de fumo entalado entre as costelas, alguém sempre dava umas palmadas, servia de acto socializante, como fazem os macacos ao catarem os piolhos em publico uns aos outros, estranha forma de mostrar cuidados. Depois também se chegou, nesses anos de 76 a fumar na mesa do café em comprido e albino cachimbo de barro, os tremoços e a cerveja, para mais tarde abanar a bem abanar os flipers cansados de pernas tortas.
Ás vezes íamos, o grupo que se constituía por faltas ás aulas no liceu em pleno Inverno, a casa de um de nós que não tinha os pais em casa. Depois era o secar dessa humidade invernil no consumo de umas valentes cachimbadas, cada um a seu canto, a musica á volta rodeava as descobertas, as sensações, seria enfim mais tarde, como quando íamos à tasca ou à soleira de qualquer prédio, … saíamos em grupo, anestesiados para a vida cinzenta e competitiva, irracional e poluente que fazia lá fora. Eram idas ao café do bairro, sempre com um ou dois amigos, daqueles que se ainda não se dissiparam não deixaram rasto das suas presenças senão no meu teatro intimo de uma juventude rebelde. Eram as festas, o dançar com as primeiras calças de ganga que eram rasgadas em casa, sem que nunca ninguém ainda o tivesse visto em pleno acto social, as botas alentejanas ensebadas do talho, eram alfinetes, mais raramente um risco nos olhos, a preto como quem quer sobressair as insónias de um velho no rosto de um adolescente. Era o namoro desenfreado à frente de todos, de todos os sítios, era sempre aquilo que ainda é sobre outras formas de expressão. Tem uma irreverência que continua, passa de geração em geração, que nenhuma virtualidade pode sumir, que ainda que adormecida será sempre a revelação de um tempo, com seus heróis, vitimas e mártires do que se inventa ou reinventa a um certo tempo.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Cidade Vã

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Trânsito

Estação

azul veloz

Pele

Pele, senso, sente, sabe, ferida, branco,

alfabeto, terça-feira, espelho, brasileiro, passo, rio, mão

direcção, trabalhos, encontros, teclados, sons, muitos sons, aqualung, solidão cheia,

chuveiro, pele, água, sabão, líquidos, mãos, alimento, sombras, alternativas,

poças, água, pratas, corpo, desejo, mulher, boca, linhas, círculos, pakuá, vinho, tinto, sangue,

café, acorda, saudade, dever, situação, posição, agitação, ambição… morte.

quinta-feira, novembro 30, 2006

o Beijo

Fui à procura de imagens na net, para colocar um post que abordasse o tema com a maior justiça possível. Convencido sem esforço que é uma matéria que se resume de uma forma perfeita ás imagens, encontro as imagens mais belas postadas em blogs. Não sou o único é a expressão que me ocorre, ao constatar esta universalidade. Pensei que só para alguns de nós fosse assunto nuclear o beijo e afinal verifico que o é para a maioria de nós, esteticamente, sentimentalmente, psicologicamente, sexualmente, enfim os todos os mente…. A mim ocorre-me sobretudo a linguagem do beijo, o som do beijo, o sabor e o despir do beijo… caramba e não é que o danado tem o poder de unir ou separar os amantes… Chego a achar sem duvida que o beijo é bem mais sexual que o próprio acto, como se fosse o sal do acto sexual, o que o transporta bem mais para além daquelas coisas mais apanágios da criação. O beijo é o menos redutor de todas as formas de comunicação entre duas pessoas. Com a família, com os amantes nas suas vertentes mais caprichosas, é a derradeira vontade da lívido libertada em forma de amor físico, recheado de sensações que completam os sentidos… o sabor, a textura, a temperatura o movimento, a humidade, o enlevo… Aquele que aprende a matar o beijo por ser incómodo, aprende de forma segura a matar a sua vitalidade, a sua razão de estar vivo, de respirar. O beijo é uma bela forma de vida. Acredito porque sei, que o beijo é capaz de revelar lados escondidos nas pessoas e as pessoas que não beijam acabam sentindo uma solidão tremendamente dolorosa. O beijo é das mais importantes alquimias da alma que se quer comunicar de forma amorosa, entre as pessoas que se querem bem. Através do beijo se descobre a fragilidade, a humanidade e o subliminal do ser. Quem acredita que o beijo salva, acredita na comunicação. Acredita no outro, quase ao ponto de o desejar. Xicha, isto deve ser certamente sede de beijo…

RSA - Voluntariado

Bairro do Aleixo. 1:00/2:00 Horas da madrugada.
Frio… tem frio a subir a calçada nos passos incertos em direcção aos sacos de comida. Quem sabe uma roupita limpa, umas calças ou um cobertor.
Chegam como feras de súbito amansadas pela necessidade de uma presença que se rende.
Estamos desta feita dois grupos, partilhamos o mesmo espaço. No fundo tem dentro de cada um dos voluntários uma motivação insondável. Uma coisa de grito calado, de resistência. Mas os actores principais deste palco, o Palco do Aleixo, são estes homens e mulheres maioritariamente jovens que irrompem pela madrugada rua acima, saídos das torres como se fossem ratos a sair das fossas, do esquecimento social, como se duma ferida infectada se tratassem.
Ei-los que chegam mansos mas apressados, é que se faz tarde a qualquer instante para voltar ás torres, onde esperam horas, minutos, segundos, milionésimos de segundos uma horrenda e suja história, a ansiada chegada da mãe do esquecimento: A droga.
Aqui é rainha, com seus anónimos quase invisíveis distribuidores, que se deslocam em velozes viaturas de alta gama. Aqui se confirma que são os sem abrigo da cidade os eleitos candidatos à toxicodependência. Maravilha para os traficantes. É que é gente altamente necessitada, gente da qual a sociedade já não pede muitas contas, gente que passa despercebida pelo desprezo que causa aos transeuntes e ás autoridades, que maravilha… gente pronta para entrar na dependência, até traficar se assim for necessário, gente com problemas psicológicos, problemas de saúde graves, problemas familiares, enfim de toda a espécie.
São muitos destes sem abrigo as vítimas escolhidas pelas redes de traficantes que operam no Aleixo sob a calada da noite, sob o consentimento hipócrita das autoridades ou a sua competência insuficiente para controlar o tráfico. Não tenho duvida que das ruas do Bairro do Aleixo já se passou de uma situação de sem abrigo para uma situação de foco de doença, de desumanidade a um nível do incompreensível.
Pobre cidade onde nasci, quando irão os nobres que te governam olhar para ti como um todo e deixar de dar tanta importância ao estado das fachadas?

segunda-feira, novembro 27, 2006

O MITO DA ALMA GÊMEA

Aristófanes, poeta cómico grego, contemporâneo de Sócrates, afirmou que no começo os homens eram duplos, com duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. Esses seres mitológicos eram chamados de andróginos. Os andróginos podiam ter o mesmo sexo nas duas metades, ou ser homem numa metade e mulher na outra. Bem, isso tudo Aristófanes criou para explicar a origem e a importância do amor. O mito fala que os andróginos eram muito poderosos e queriam conquistar o Olimpo dos deuses, e para isso construíram uma gigantesca torre. Os deuses, com o intuito de preservar seu poder, decidiram punir aquelas criaturas orgulhosas dividindo-as em duas, criando, assim, os homens e as mulheres. Segundo o mito, é por isso que homens e mulheres vagueiam infelizes, desde então, em busca de sua metade perdida. Tentam muitas metades, sem encontrar jamais a certa. A parte do mito sobre a origem da humanidade perdeu-se ao longo das eras, mas a ideia de que o homem é um ser incompleto, em sua essência, perdura até hoje. Talvez seja em função disso que o ser humano busca, incessantemente, por sua alma gémea para preencher sua carência afectiva. Embora o romantismo tenha sustentado esse mito por milénios, e muitos de nós desejemos que exista nossa metade eterna, é preciso reflectir sobre isto à luz da razão. Se fôssemos seres incompletos, perderíamos nossa individualidade. Seríamos um espírito pela metade, e não poderíamos progredir, conquistar virtudes, ser feliz, a menos que nossa outra metade se juntasse a nós. É certo que vamos encontrar muitas pessoas na face da terra com as quais temos muitas coisas em comum, mas são seres inteiros, e não pela metade. O que ocorre é que, quando convivemos com uma pessoa com a qual temos afinidades, desejamos retê-la para sempre ao nosso lado. Até aí não haveria nenhum inconveniente, mas acontece que geralmente desejamos nos fundir numa só criatura, como os andróginos do mito. E nessa tentativa de fusão é que surge a confusão, pois nenhuma das metades quer abrir mão da sua forma de ser. Geralmente tentamos moldar o outro ao nosso gosto, violentando-lhe a individualidade. O respeito ao outro, a aceitação da pessoa do jeito que ela é, sem dúvida é a garantia de um bom relacionamento. Assim, a relação entre dois inteiros é bem melhor do que entre duas metades. As diferenças é que dão a tónica dos relacionamentos saudáveis, pois se pensássemos de maneira idêntica à do nosso par, em todos os aspectos, não teríamos uma vida a dois. Pessoas com ideias diferentes têm grande chance de crescimento mútuo, sem que uma queira que o outro se modifique para que se transformem num só. Assim, vale pensar que embora o romantismo esteja presente em novelas, filmes, peças teatrais, indicando que a felicidade só é possível quando duas metades se fundem, essa não é a realidade. Todos somos espíritos inteiros, a caminho do aperfeiçoamento integral. Não seria justo que nossos esforços por conquistar virtudes fosse em vão, por depender de outra criatura que não sabemos nem se tem interesse em se aperfeiçoar. Por todas essas razões, acredite que você não precisa de outra metade para ser feliz. Lute para construir na própria alma um recanto de paz, de alegria, de harmonia e segurança, como espírito inteiro que é. Só assim você terá mais para oferecer a quem quer que encontre pelo caminho, com sua individualidade preservada e com o devido respeito à individualidade do outro. Pense nisso!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Súa - Ecuador

Yo nací en una casita pequeñita
pura de paja, al aurilla del mar...
No tenía juguetes, no tenia nadia
y para mi consuelo, mi contestaba el mar...
Súa, Súa... contestaba el mar...
Súa, Súa... contestaba el mar...
Ay qué lindo es vivir junto al mar
en un rincón sitio lindo á las olas al murmurar...
yo hablaba con la soledad y para mi consuelo,
mi contestaba el mar...
Súa, Súa... contestaba el mar... Súa, Súa... contestaba el mar...
homenaje a José Bangéra
un mentor y un profesor muy bueno

quinta-feira, novembro 23, 2006

cidade velha

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Passava entre as paredes de uma cidade velha, escondia os medos libertando os braços, à largura do corpo. Soltava então passos largos em rasgo de calçadas frias. Sentia o sangue quente e calmo, a mente relaxada mas atenta. Que sentido, tanto sentido. Que cada coisa que fazia, cada coisa que adorava, tinha um sentido profundo em sua própria existência, uma relação para além do que reconhecia em si próprio usualmente. Entendeu as pessoas que amava, aqueles gestos que são tradutores de todos os gestos. Deixou-se levar pelo êxtase do enlevo, elevou-se assim, perdido e solto no seio das revelações. Acreditou de novo. Nasceu de novo para o som da sua própria respiração. Viu-se de novo, renovou votos, sorrio para dentro. Acreditou em cada um dos seus passos enfim, não estar só. Sentiu o propósito das coisas.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Küllinger

Sorriso que revelas no rosto a criança em ti. A dormência do mal… Tem borboletas em baixo e águias nas alturas. São duas, um casal, rodopiam nos ares brincam no circuito imaginário do etéreo. A vida encheu-se de ar puro e não tarda a revolução dos elementos. Já dentro acontece, nas entrelinhas da existência. Já tem quem a intua, está meio marginalizado, incompatibilizou-se por consequência. Anda nos disfarces mas não é policia, no teatro mas não é actor. É mais a barriga dum prazer inconfesso. A solidez do bom senso flutuou para fora de mim. Não tem estático aqui para que agarre, é assim… Gelatinoso, informe, mutante, o dia e a noite que assisto vigilada pelas estrelas. Pela estrela mãe, que encontro pela brecha da clarabóia. Agarro as orações que desfiz, certezas e disciplinas, alquimias… Vou de encontro ao abismo que me conserva, sem medo… Sempre só, rodeado de mil quimeras…. Inconstante e paralisado de amor, … Frémito viciado de ternuras e enlaces que desprezo…. Tanto como anseio… Trouxeste-me a luz, claridade à razão. Das trevas vesti as saudades…. Não mais temi o que abominei Sempre soube que era um dentro de ti Apenas mais um nervo palpitante Que se escoou num murmúrio de vento…. Deixas-me só, saudade, amante… E as amarras intensificam-se A eternidade está aqui a um passo Um passo de gigante Um gigante de vento… Um lamento de um ventre… O azul do teu céu agonia-me de doçuras… Sempre foste a minha eleição, afinal…. Segue teu caminho como eu sigo o meu… Quem sabe o que restará no final. Quando o inicio se desconheceu.

terça-feira, novembro 14, 2006

se me for permitido

O tempo passa e eu amo-te, Ai como sei… pois se estou zangado comigo. De todas as coisas que não aprovo de imediato em ti, no modo como conduzes, perante a minha abstinência esforçada, vem este consolo. De todas as diferenças que adivinhei, que testemunhei, que comprovei, justamente por ter comprovado e manso relutante no meu interior. De fora só obtiveste minhas incógnitas. Amo-te porque causas as provas da minha paz Uma paz que germina das sementes de uma guerra, de uma inquietação que não te mostro. Amanhã já cá estarei, se assim me for permitido É assim que te amarei, se me for permitido…

quarta-feira, novembro 08, 2006

Todos iguais... ainda vá!

Somos todos iguais ainda vá, agora somos todos irmãos… ai! Como viver sabendo as partes do meu corpo doentes, irreconhecíveis, em gangrena? Como posso viver a luz desinfectada de um amor puro, na rua, se te vejo despido, doente, mente vaga e confusa. Se te sinto assim tão atrapalhado. Se tu és a minha outra perna, como posso disfarçar o meu coxeio? E vivo com o que de mim que decidi assumir, sofre. Se somos todos um, vejamos quem sorri para que acalente quem sofrendo chora, porque precisa de compaixão. Tens tu?... eu não… Arranco uma casca mais ao meu coração.

terça-feira, novembro 07, 2006

Tás no meio

Estás sempre onde estiveste, mas hoje percebi-te com uma realidade quase virtual. Volta meu bem, que me quero pronto para te receber.

terça-feira, outubro 24, 2006

Paradigma

Levanto cedo, ainda noite. Vagueio entre o espaço escuro da casa. Alterno entre os quartos. Visto-me saio. Entreolho as expressões na auto-estrada enquanto os automóveis revelam os seus ocupantes, os seus comportamentos, as suas expressões. Atinge-me uma dormência dirigível Volto ao jogo habitual que sempre me fascina, olhar entre o pára e o arranca para quem passa mesmo junto viatura ao lado, na auto-estrada congestionada. Meu Deus, se me atrevo ainda a mencionar seu nome, é riquíssima esta experiência… Como é possível chegar até ás pessoas sem as conhecer… e entretanto desvendar comportamentos pelas atitudes. É ainda mais incrível se colocar no exercício algumas bitolas. Por exemplo: quantas sorriem dentre estas talvez centenas de pessoas que de manhã se dirigem para os seus trabalhos, em direcção à cidade? Será que se pode colocar a questão no plural, bem talvez por muito pouco. A enorme quantidade de pessoas que vão de manhãzinha para a cidade com expressões vazias, fardadas, intoxicadas em fumo de cigarro…. aparelhos de telemóvel tantos dependurados nas orelhas, grotescos a enfeitarem pobres humanos despidos de sua humanidade natural. Até parece por momentos, que aquelas pessoas fazem parte da viatura, alimentadas a combustível, mecanizadas, programadas em alguma oficina de marca. É muitas dessas vezes minha alma arrepia, ao encontrar-me ali bem no meio, fazendo parte dessa amalgama poluente e fria, insensata e impiedosa, destruidora de energias. É ai também muitas vezes, que sinto no automóvel que passa ao lado no pára e arranca, um irmão ou uma irmã que está exactamente a pensar o mesmo: - Que raio estou eu a fazer aqui?

quinta-feira, outubro 19, 2006

VidaNova

Tudo que acontece a todo instante sempre tem relação connosco, tal é a abundância com somos premiados enquanto cidadãos do Mundo. Em sentido figurado é como se cada um de nós fosse como escape de automóvel; peça de motor que é simultaneamente filtro, silenciador, transformador/compressor e medianeiro, entre a máquina a sua finalidade, seu complemento e por fim o meio ambiente. É como se as pessoas fossem a parte mais importante e derradeira, entre o imensurável e o que se materializa, é como se fossemos oleiros cósmicos. Acredito na benção da vida, nas comunidades, na instrução a cada instante, e este VidaNova é sem duvida um ponto de encontro muito instrutivo. Abraços a todos.

é o consumismo!!!

Gostaria só de partilhar desenvolvendo aquele que é talvez em larga escala, o maior impedimento do coração se libertar, de se conhecer de verdade, lá no sítio da “minha aldeia”.
É um mal atroz e impiedoso que pega desprevenido todo tipo de cidadão e consegue encontrar todo o método e forma de se fazer necessário e até de passar desentendido. Pega pessoa de posses, pessoa carenciada, aliás pega mesmo todo tipo de pessoa. É o consumismo. Cuidado irmão, pois conforto tem tanto de bom, como de escravizante.
E hoje tem lojinha para tudo, até para o impensável. Pior mesmo é que o mal que o consumismo causa, é sugar tua energia, deixar-te vitima de uma insatisfação pegajosa, mais parecida com circulo vicioso que com qualidade de vida. Abraço a todos e bom fim-de-semana!

Sonho azul

Estava em alguma rua de algum lugar familiar. Predominava a noite e a ténue luminosidade era somente provocada por alguns corpos quentes, personagens conhecidas que nesta história revolviam em suas próprias questões. Estávamos como que suspensos, todos dentro de uma antiga casa grande e em penumbra. Lembro que estava cá fora algo a acontecer. Estavam agitados. Estranhamente, apesar de conhecer rostos que se agitavam alguns até a quem estou ligado em outras realidades, não me perturbava com esta agitação. Era como só estivesse a assistir a toda a acção como uma tela tridimensional. Todos à porta, abeirados da rua em que algo acontece. Ilumina o espaço tanto mais, como eu mais me desvaneço. Perco todos de vista, não resisto. Atravessa-me uma melancolia paralisante enquanto sem qualquer sensibilidade manifestada, dou por mim a ser sugado em lento voo sobre a calçada, depois a rua, os telhados e finalmente a cidade escura. Já só vislumbro as luzes á distancia… enquanto ao meu redor extasio minha tristeza redentora ao redor de estrelas e de uma luminosidade própria dos espaços altos e profundos. Algo dentro de mim me faz crer que viajo para longe da minha anterior existência conflituosa. Não reajo em redobrada inércia enquanto sou atraído para um destino desconhecido e irresistível. Voo de costas voltadas, voo em marcha atrás…sobre o planeta até ficar sem referencias de lugar algum… Recobro a consciência defronte ao balcão da estação azul. À minha esquerda estará um carro vermelho, outro amarelo e mais um ou outro mais, estacionados ordenadamente sendo os únicos a destoar o ambiente azul eléctrico do local… mas não me detenho tão pouco mais do que é preciso, nestes carros prontos a partir. Detenho-me imóvel em frente a um balcão azul, Á minha frente o recepcionista, um pequeno ser azul de feições humanas, pele azul, olhos brancos muito expressivos, tristes de mais, conformados e solícitos. Ficamos assim parados, cada um no seu lado do balcão, fitando-nos silenciosamente, quando sinto lentamente como a sacudir o torpor em que me encontro, a solicitação de uma decisão de minha parte. Ele quer saber se desejo uma chave de um carro, se desejo partir de novo, conduzir de novo, iniciar nova condução. Seus olhos permanecem como seu corpo, imóveis e inexpressivos. Brancos a contrastarem com o azul-escuro e etéreo da estação. Estou incapaz de responder, deliciado com esta avassaladora tristeza azul eléctrica que me atravessa e paralisa os movimentos, sinto-me um corpo celeste sem vontade própria além da capacidade de raciocinar, de contemplar. Espero na resposta, demoro o tempo que me parece um instante, mas sem qualquer aviso e serenamente, sou novamente elevado de costas para cima, irresistivelmente. E enquanto levito em direcção ao que me fica por detrás, fixo meu olhar neste ser azul como que em despedida e então compreendo. A minha escolha estava tomada. Não vou prosseguir, pelo menos por agora. Tenho que ficar, trago uma tristeza grande e profunda de mais para me poder expressar por vontade própria. Devo restabelecer-me para que possa visualizar próximos capítulos, de uma forma participativa. Agora por enquanto, sigo na direcção de quem toma conta de mim.

terça-feira, outubro 17, 2006

superando a dor

No dia 28 de julho de 1976, a cidade industrial de Tangshan foi completamente arrasada por um terramoto apavorante. 300 mil mortos. O fato ficou famoso como símbolo do colapso total das comunicações da china naquela época. A preocupação das autoridades era com a crise pela morte de Mao Tsétung e duas outras importantes personalidades. A notícia do terramoto acabou chegando ao governo através da imprensa estrangeira. Muitas mulheres ficaram sem marido e viram seus filhos desaparecer em abismos profundos. Chen foi uma delas.
Naquela manhã de julho, antes de clarear, ela foi despertada por um som estranho. Era uma espécie de ronco surdo e um assobio, como se um trem estivesse se espatifando contra as paredes da casa. Quando ia gritar, metade do quarto cedeu e a cama onde estava deitado o marido, foi tragada por um buraco enorme. O quarto das crianças, que ficava do outro lado da casa, como um cenário de um palco apareceu à sua frente. O filho mais velho estava de olhos arregalados e boca aberta. A menina chorava e gritava, estendendo os braços para a mãe. O filhinho pequeno continuava dormindo calmamente. A cena à sua frente sumiu de repente como se uma cortina tivesse caído. Chen acreditou que estava tendo um pesadelo e se beliscou. Não acordou. Então, espetou a perna com uma tesoura. Sentindo a dor e vendo o sangue, entendeu que não era um sonho. Gritou como louca. Ninguém ouviu. De todos os lados vinha sons de paredes desmoronando e de móveis quebrando. Ela ficou ali, com a perna ensanguentada, olhando para o buraco enorme que tinha sido a outra metade da sua casa. Seu marido e suas lindas crianças tinham desaparecido diante dos seus olhos. Sentiu vontade de chorar, mas não tinha lágrimas. Simplesmente não queria continuar vivendo.
Vinte anos depois, contando esta história a uma jornalista, Chen confessa que quase todo dia, ao amanhecer, ouve um trem roncando e apitando, junto com os gritos dos seus filhos. Os pesadelos a machucam, mas ela diz que os suporta porque neles estão também as vozes dos seus filhos.
E quem pensa que Chen vive somente a lamentar e a chorar a perda dos seus amores, engana-se. Ela junto a outras mães que perderam seus filhos no terramoto de 1976, fundaram um orfanato, com o dinheiro da indemnização que receberam. É um orfanato sem funcionários. Alguns o chamam de uma família sem homens. Vivem ali algumas mães e dezenas de crianças. Cada mãe ocupa um aposento grande com 5 ou 6 crianças. Os aposentos do orfanato foram decorados com uma infinidade de cores, de acordo com o gosto das crianças. Cada quarto com seu estilo de decoração. Bem diferente dos orfanatos tradicionais da china.
Ao ser questionada como se sente hoje, naquele voluntariado, confessa Chen: "muito melhor. Especialmente à noite. Fico olhando enquanto as crianças dormem. Sento ao lado delas, seguro suas mãos contra o meu rosto. Beijo-as e agradeço a elas por me manterem viva. É um ciclo de amor. Dos velhos para os jovens e de volta para os velhos."
"do livro As boas mulheres na China, de autoria de Xinran,ed. Companhia das letras"

carbono vegetal

Hoje ocorre-me a imagem de um prumo invisível na verticalidade humana. Esse prumo a quem dão inúmeros nomes com maior ou menor grandeza, como uma cana ao suster uma frágil planta, este sustêm o homem em suas demandas diárias. Será impressão… produção fictícia, mas parece-me pelos resultados de todos os gestos contidos e continuados, da generalidade das pessoas que se cruzam comigo, que se lhes faltar um só instante que seja, esse prumo invisível, …que tal seria voltar ao jurássico, onde o dinossáurio agora seria o homem, a criatura mais velha da terra…. primitiva. A sociedade na minha aldeia, roça vertiginosamente o cair de um castelo de cartas. Porque será que sinto este caos iminente no rosto mais civilizado, ao ponto de achar que a sua própria civilidade é uma máscara ou extra muitas vezes mal disfarçada… Que será se cair entre nós de forma feroz a bactéria da bestialidade, se nos retirarem a todos o nosso prumo invisível. Qual bomba atómica… isso seria mil vezes mais devastador… Um tipo de sodomia geral, fora dos corredores do poder, muito mais abrangente. Por cá, identifico, catalogo, mantenho a calma como se fosse a esperança e espero não rebentar nalgum pranto injusto. não fosse ofender o meu prumo invisível que tanto amo, que é conceito são da beleza, do amor, da minha própria existência.

agora nasci

agora nasci, prá frente e pra trás. vou enquanto conseguir e me der o gosto colocar entre as datas, prá frente e pra trás, as coisas que me passam como as coisas que me trespassam, me fazem quase esquecer a realidade, me confundem e ajustam os sentidos para percepções novas, ou velhas de mais... vou crescer aqui, encaixado neste arrepio repetido virtualmente, daquilo que fui ou serei, daquilo que não sei se sou

quarta-feira, julho 19, 2006

perfeita ilusão?

Corre o tempo corre o sonho corre o sangue corre o corpo corre lento… Respiro paro castigo paro mendigo paro curtido paro como ando paro… Faço eu visto-te fazes tu dispo-me abro eu queimas-me abres tu jogas-te Espero anoitece espero acontece algo já passou espero e não voltou… Beijo beijas-me beijo deixas-me beijo queres-me beijo salgado e doce… Passo estrada passo memória passo só e ao alto sem qualquer passo... Passo lento devagar passo tormentos passo um nó um risco um traço… Vadia saudade vadia eternidade vadia coração baga doce da pradaria… Teimoso contínuo teimoso desfruta teimosias e seus frutos dissecados… Restam os escassos momentos de farturas restam escárnios e tesuras… Escolhes o que oferece vendes o que apodrece procuras as energias… Intuis transformações e procuras as metamorfoses de costas voltadas… Sopa de camarão sopa camaleão sopa de hóstia rara ou perfeita ilusão?

segunda-feira, julho 17, 2006

jokebox

Vejo os passos que dou como quem dei. Passou tempo e agora posso decidir, sobre meus pensamentos a claridade. Permanentes os sentimentos que indiciam a precariedade da vida, na história das coisas eternas. Esta quase insana e sussurrada insistência, de julgar eterno o que não posso comprovar, pela resistência que me assola de tudo o que me circunda parecer demasiado plástico para ser natural. O modo de como se constituem as sociedades, o desfasamento que constato no ser humano entre as suas intenções e as suas acções. Afinal quantos somos.
Pensa-se bem e na maioria dos casos age-se mal. Isso constato.
Age-se programadamente cada vez mais, os mais competitivos ou cumprem com êxito as regras ou desbravam ainda o terreno com êxito, rompendo com as regras.
E quem não pega na corrida? Quem não liga nas virtualidades do sistema? Como fica?
Quem ainda escuta o coração melhor que qualquer player?
Que tem para vender ou impingir, quem deixou o acto de criar, para passar apenas a reproduzir as playlists de uma jokebox?
Será que nos apercebemos da trágica jokebox em que corremos os riscos de nos tornar. Sentimentos virtuais, amor virtual, amizade virtual, comunicação virtual, quanto falta para ser minha alma virtual? Será que quando forem todas as almas virtuais, já poderá o senhor dos estafermos afirmar que conquistou o mundo? Que todas as almas virtuais do mundo já podem possuir todos os desejos virtuais do mundo sem esforço, somente sob a mediação de uma autoridade restritiva e selectiva por padrões de uniforme.
Falam nos média, das vicissitudes impostas ao ambiente e das irreversibilidades de alguns de seus efeitos que se sentem desde já. E da alma? Do amo do teu coração?
Terá ele neste plano iguais tragicidades? Haverá para ele, responsável soberano da máquina do teu oxigénio, tamanhas irreversibilidades?
Hoje deixo uma pergunta para mim como para quem me lê. Será que é assim tão equilibrado desenvolver os mecanismos da virtualidade bem acima dos da realidade? Mesmo em nome do progresso, quantos os riscos de destituir do conhecimento a sua razão? Labora-se agora à velocidade da luz, enquanto junto aos muros da casa, jazem irmãos ignorados sem alimento e higiene, sem sequer uma voz. Pior… já nem é ignorados, é mais despojados.
Quanto mais ricos virtualmente nos tornamos, mais distanciados e pobres nos tornamos, daquilo que é as nossas raízes, nossas sensibilidades, nossos sentidos inatos até…

terça-feira, junho 13, 2006

ST1

Consideração sobre causa e efeito deve recordar que lei perfeita é aquele que permite excepção. Pois lei em prazo de validade útil está em constante desenvolvimento. Lei deve estar ao serviço de quem a aplica o mais organicamente possível, não escravizar ou injustiçar ninguém de modo algum, como aliás acontece frequentemente na aplicação das nossas leis humanas. Causa e efeito em nós tem frequentemente maravilhosa excepção. Temos todos inúmeras oportunidades perante uma sincera avaliação de reajustarmos procedimentos, usando para isso as próprias consequências dos procedimentos que deixamos para trás, em jeito de alavancas. De certa forma nós próprios fazemos nossa lei desde que sejamos os primeiros a cumpri-la, na medida do nosso próprio entendimento. Assim que seja lei pró-activa mais sobre os estímulos que nas inibições. Boa semana para a comunidade ST1.

terça-feira, março 21, 2006

Anjo

Olá… então tu pensaste que apesar de estar enfiado nesta carcaça eu me esquecia de ti?... também como podia? Tu passas o tempo todo arejando-me a fronte com as tuas asas brancas. Olha quero te dizer algo que tu não vais esquecer não. Por aqui ainda que não possa voar assim como costumávamos fazer, tem algo que é de verdade um enorme estimulo. Tu sabes…, tem a fraqueza humana. Aqui tem mais emoções escondidas que à flor da pele. A gente costuma esconder o que sente. Sabes, ainda penso no que me trouxe aqui desta vez e parece-me que vamos conseguir. È não tarda todos estaremos juntos de uma forma jamais antes conseguida colectivamente. Não vejo a hora de sentar como sentaram as crianças no colo de Jesus, nas percepções desconfundidas e amorosas das hierarquias superiores. É por aqui a batalha vai ruim, ruindo a casca grosseira destes corações, onde em breve muito em breve, ressoarão melodias celestiais, hinos fraternos ao encontro entre todos os homens, onde não restará mais gente só. Continua nos amando sim, que isso é bom demais….

quarta-feira, março 01, 2006

reflexões...

Parece que as pessoas muitas vezes se identificam demasiado com personagens que criam de e para si próprias, caindo numa espécie de fascínio de si mesmas, que só pode originar esquecimento e destreinamento sobre as coisas reais. Dá para conferir nas sociedades modernas e altamente desenvolvidas estes comportamentos, que infelizmente são as bitolas das hierarquias e o quotidiano das instituições. Bem preciso é formar pessoas melhores a começar de dentro das paredes de nossos próprias casas, de nosso quarto, de nossa própria intimidade, onde tudo tem uma importância nuclear em nossa vida. Polémico? É bem verdade.
E nosso coração, nossos sentidos e experiência até nos confirmam no quotidiano estas coisas.
Muitas vezes não o percebemos ou aceitamos, porque estamos demasiado cingidos ou atados a um objectivo em concreto e acabamos penalizando (expressando-me como um fotografo) a própria objectiva de “grande angular”. A capacidade de olhar em volta, perifericamente, enquanto nos dirigimos em frente. Aliás esta capacidade de tomar nas mãos um determinado propósito com firmeza, mas simultaneamente não perder o domínio de si próprio e acabar correndo o risco de enrijecer, é uma característica forte, das pessoas que procuram encontrar o sentido das suas existências sobre o plano dos dias.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

o agora

bem verdade que todas as Primaveras e todos os Outonos estão contidos neste preciso instante. a imensa possibilidade que isso acarreta é poder virar o seu destino assim de repente, como quem vira de direcção numa encruzilhada. e claro esta decisão está carregada de “self”, ou seja de si mesmo - carregada de tu na trilha, como tu decide, como tu vê e ajuíza o mundo que te rodeia, como tu te apercebe das próprias fronteiras do teu agir. cada momento, cada inspiração, cada expiração, é uma oportunidade de modificar um pouco mais a sua vida para aquilo que considera o seu sonho a alcançar. não faça por menos, está trabalhando com energias sublimes e poderosas, que governam a própria razão das coisas que acontecem a cada instante, não a razão dos homens ou da ciência. aí, … acredite seu coração, não descorando seu intelecto. tem sempre nessa estrada, quem vela por si. é lindo, é facilmente assimilável. para que a capacidade de apreciar as belezas mais deslumbrantes aqui seja legitima e honesta, no nosso processo, já tivemos e ainda teremos que conviver de perto com os mais variados horrores. e estes ainda não deram instruções a nós humanos de baixar a guarda, mas ... mais de estar esperançosamente atentos, que o sarar das dores não tardará.