sexta-feira, dezembro 19, 2008

Ele foi aguardado pelo casal por mais de um ano. Considerados portadores de infertilidade, marido e mulher se inscreveram numa fila de adoção. Com seis dias de vida ele chegou. E porque fosse próximo ao Natal, logo foi chamado de Nosso menino do Natal. Logo em seguida, o casal foi surpreendido com dois filhos biológicos. O menino do Natal, contudo, era muito especial. Natal era mesmo com ele. Era ele que se esmerava na decoração da árvore de Natal, que elaborava a lista de presentes, não esquecendo ninguém. Era pura felicidade. Natal era família, era orar e entoar cânticos. No seu 26º Natal, ele se foi, tão inesperadamente quanto chegou. Morreu num acidente de carro, logo depois de estar na casa dos pais e decorar a árvore de Natal. A esposa e a filhinha o aguardavam em casa. Ele nunca voltou. Abalados pelo luto, os pais venderam a casa e se mudaram para outro Estado. Dezessete anos depois, envelhecidos e aposentados, resolveram retornar à sua cidade de origem. Chegaram à cidade e olharam a montanha. Lá estava enterrado seu filho. Lugar que jamais conseguiram visitar. O filho do casal morava em outro Estado. A filha viajava, em função de sua carreira. Então, próximo do Natal, a campainha da porta soou. Era a neta. Nos olhos verdes e no sorriso, via-se o reflexo do menino do Natal, seu pai. Atrás dela vinham a mãe, o padrasto, o meio-irmão de dez anos.Vieram decorar a árvore de Natal e empilhar lindos embrulhos de presentes sob os galhos. Os enfeites eram os mesmos que ele usava. A esposa os havia guardado, com carinho, para a sogra. Depois foi convite para ceia e para comparecerem à igreja. A neta iria cantar um solo. A linda voz de soprano da neta elevou-se, fervorosa e verdadeira, cantando Noite Feliz. E o casal pensou como o pai dela gostaria de viver aquele momento. A ceia, em seguida, foi cheia de alegria. Trinta e cinco pessoas. Muitas crianças pequenas, barulhentas. O casal nem sabia quem era filho de quem. Mas se deu conta de que uma família de verdade nem sempre é formada apelas pelo mesmo sangue e carne. O que importa é o que vem do coração. Se não fosse pelo filho adotado, eles não estariam rodeados por tantos estranhos, que se importavam com eles. Mais tarde, a neta os convidou para irem com ela a um lugar onde costumava ir. Foi em direção às montanhas, ao túmulo do seu pai. Ao lado da lápide, havia uma pedra em formato de coração, meio quebrada, pintada pela filha do casal. Ela escrevera: Ao meu irmão, com amor. Em cima do túmulo, uma guirlanda de Natal, enviada, como todos os anos, pelo outro filho. Então, em meio a um silêncio reconfortante, a jovem soltou a voz, bela como a de seu pai. Ali, nas montanhas, ela cantou Joy to the world. E o eco repetiu diversas vezes. Quando a última nota se ouviu, o casal sentiu, pela primeira vez desde a morte do filho adotado, um sentimento de paz, de continuidade da vida. Era a renovação da fé e da esperança. O real significado do Natal lhes havia sido devolvido. Graças ao menino do Natal...
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A verdadeira família é a que se alicerça em laços de afeto. Não importa se os filhos são gerados pelos pais ou se chegam por vias indiretas. O que verdadeiramente importa é o amor. Esse suplanta o tempo, a morte. Existe sempre.
base no cap. Nosso menino do natal, de Shirley Barksdale

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Ser cristão

Tempos houve em que ser cristão significava ser alguém portador de grande coragem. Alguém que ousava desafiar a autoridade, o poder, a sociedade. Alguém que se importava muito mais em defender os seus princípios, do que a sua própria vida. Alguém para quem amar o Cristo significava ir às últimas conseqüências, doando a vida, sacrificando posição social, os próprios seres amados, se necessário.
Tempo houve em que ser cristão era sinônimo de ser invencível na fé. Se a perseguição se fazia devastadora, cristãos enchiam calabouços e anfiteatros, servindo de pasto às feras. Serenos entregavam-se ao martírio, com a certeza de que como lenho atirado ao fogo, seus exemplos alimentavam a chama do idealismo que iluminaria a Humanidade. A sua fé desafiava o poder vigente que não entendia como podia se enfrentar a morte, entre cânticos de louvor. Buscavam as catacumbas para ali, onde muitos celebravam a morte, celebrarem a vida abundante, falando da imortalidade. Para iluminar os caminhos escuros, na noite avançada, usavam tochas. E não temiam as estradas desertas para chegar ao local do encontro. Nada lhes impedia a manifestação religiosa, na intimidade do coração ou na praça pública. O amor era a sua identificação maior. Quando os pais eram trucidados nos circos, os filhos eram adotados pelas demais famílias cristãs. Se um companheiro era conduzido ao sacrifício, não faltava quem lhe sussurrasse aos ouvidos ou lhe enviasse uma mensagem: Morre em paz. Eu também sou cristão. Tua família encontrará um lar em minha casa. Repartiam o pão, o tecto, o cobertor. Respirava-se o Evangelho. Séculos depois, muitos dos que nos dizemos cristãos mostramos fraqueza nas atitudes e sentimentos mornos. Esquecemo-nos das recomendações de Jesus ao dizer que nosso falar deve ser sim, sim, não, não.
Esquecemo-nos de que o Mestre nos afirmou que seus discípulos seriam conhecidos por muito se amarem. Não nos lembramos das exortações de que o Pai trabalha incessantemente, e nos entregamos ao comodismo dos dias. Por tudo isso, quando o Natal se aproxima outra vez, é um momento especial para uma rogativa Àquele que é O Caminho, A Verdade e A Vida.
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Senhor Jesus! Os que Te desejamos servir, Te rogamos alento para nossas lutas, coragem para nossos atos. Robustece-nos a fé, que ainda é tão tímida. Ampara-nos a vida pela qual tanto tememos. Aumenta nossa esperança de dias melhores no amanhã. Infunde-nos vigor para as batalhas contra nossas próprias paixões. Desejamos estar Contigo e nos sentimos tão distantes. Vem até nós, Senhor Jesus.Temos sede de bonança, de paz, de alegrias. Vem até nós, Amigo Celeste, para que, ouvindo-Te a voz, outra vez, nos possamos decidir por seguir-Te, enfim. Permite, Jesus, que esse Teu Natal seja o nosso momento de decisão, para que o novo ano nos encontre com disposição renovada. E então, os nossos dias se multipliquem em trabalho, progresso e paz. Dias em que, afinal, possamos nos dizer verdadeiros cristãos, Teus irmãos e fiéis seguidores.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

rendas da nostalgia

Lágrimas agora foram de saudade nada do que vivi ficou… vivo agora renovado. as imagens que retenho são os factos de outrora, norteiam luminosidades. Tudo o que sou devo a ti, oxalá não mais me manifestará. Sempre totalmente entregue às memórias do maravilhoso que aconteceu, perdendo quase o gosto pelo que acontece, por causa das maravilhas agora recordações, de uma alma fincada para trás no tempo. São memórias que revivem na saudade o eu de então. Sem julgamento ou poder de critério… são apenas e só, onde estive, com quem, como foi, quem fui, quem era… saudades de companheiros de jornada… daqueles que partiram de entre nós mais cedo, que deles fiz, o que seria. Que sendo assim o que serei, agora que em cada pulo o que sei… Olá cheguei onde me esqueceis. Porque de outro modo haveria de ser? Todos sempre brincamos também… com as bolas que se perdem e as que em estrelas se tornaram. Serei sempre fiel ao curso das coisas, tanto que sobre mim podem.