terça-feira, junho 10, 2014

Aquecimento global

A Terra nos acolheu quando nascemos. O planeta que viu nascer nossos antepassados deverá ver também a chegada de nossos descendentes.

Muito tempo depois que deixarmos o solo desta Terra, o sol vai aquecer os homens do futuro que viverão aqui. E que mundo teremos deixado para a geração do amanhã?

Não costumamos pensar na generosidade da Terra que nos recebeu, ofertando frutos e flores, sombra e água.

Ao contrário, ao longo dos séculos, encharcamos o solo com substâncias corrosivas, reviramos a terra em busca de riquezas, matamos árvores, contaminamos águas, desperdiçamos recursos, poluímos o ar.

Enfim, seguimos esquecidos que os recursos naturais precisam de renovação e cuidado. O descuido de milénios então, afinal, surgiu.

Hoje, os resultados estão bem à nossa frente: chuva ácida, rios que se tornaram quase sólidos, montanhas de lixo.

Animais e plantas que morrem, que se extinguem como se fossem bolhas que simplesmente estouram no ar.

Nosso planeta agoniza, sufocado pela nossa displicência.

Podemos de fato fazer algo? Que atitude tomar?

Acredite: todos nós podemos, sim, retribuir a generosidade desta Terra que nutre seus filhos.

Hoje é dia de um novo começo, dia de amar mais a Terra, a natureza.

Olhe por alguns momentos para o céu claro. Pense no ar limpo que entra em seus pulmões. E em homenagem a tudo isso, deixe o carro em casa... por um dia que seja.

Por um instante apenas, lembre das flores que brotam em janelas e sacadas. Flores selvagens, urbanas, flores em rosa, vermelho, laranja, branco e amarelo.

Recorde desse perfume e beleza. E retribua, evitando o desperdício que se torna a montanha de lixo que soterra as flores.
Agora, tenha em mente os regatos claros, as correntes de água, os rios imensos, o oceano formidável.

Pense em cada copo de água fresca que sacia a sede e faça um gesto de gratidão: economize água sempre que puder.

Nesses pequenos gestos do quotidiano é que conseguiremos reverter o quadro dos dias actuais. Aos poucos, seremos obrigados – pelo próprio instinto de sobrevivência – a cuidar mais do mundo em que vivemos.

E, se o homem firmar esse compromisso consigo mesmo, quem sabe um dia, novamente, haverá ar puro, céu azul, água limpa e um lugar adorável para se viver.

Mas não se engane. Tudo isso depende – e muito – de você. Dos gestos de responsabilidade ambiental que você tomar, dos exemplos que der, da educação que oferecer aos seus filhos.

Esse é um tempo de escolhas, de decisões.

Pense nisso. E, um dia, quando seus olhos físicos tiverem se fechado neste mundo – mesmo que os homens não mais se lembrem que você viveu aqui, sua memória estará viva na brisa que agita as folhas, nas correntes de água.

Os perfumes e as cores da Terra lembrarão de você e de seus gestos de amor.

*   *   *

Depende de cada um de nós a Terra do amanhã. Tanto moral quanto fisicamente.

Nós partiremos, em alguns anos. Mas, haveremos de retornar a este mundo, outras vezes, em outras épocas, em novos corpos.

Que desejamos encontrar, em nosso retorno?

Pensemos nisso, agora!

quinta-feira, junho 05, 2014

Peripatético

Você sabe o que quer dizer peripatético? E quando você não sabe o que significa uma palavra o que faz: pergunta para quem sabe, consulta o dicionário, finge que sabe?

A maioria de nós, quase sempre, opta pela terceira forma: finge que sabe, fala como quem sabe, mas não pergunta, nem se informa.

Afinal, ninguém deseja que o outro descubra que não se sabe.
Numa reunião de treinadores voluntários em uma empresa, discutia-se a melhor fórmula de ministrar um curso para duzentos funcionários.

Depois de uma explosão de ideias, alguém propôs que se utilizasse um trecho do Sermão da Montanha como tema do evento.

Nesse instante, o professor do grupo que, até então, se mantivera calado, fez a observação:
Jesus era peripatético.

Um silêncio constrangedor, uma troca de olhares entre os participantes se fez de imediato.

Antes que alguém pudesse dizer algo, o professor foi chamado para atender um pedido do Departamento de Recursos Humanos.

Mal ele saiu da sala, as manifestações se fizeram:

Que comentário de mau gosto! – Disse um.
De absoluta falta de respeito! – Falou outro.

Alguém argumentou que talvez o professor tivesse suas razões. Talvez ele fosse ateu e não quisesse misturar religião com treinamento.

Mas devia respeitar a religiosidade dos outros! – Vociferou alguém.

Durante dez minutos, cheios de fúria, os componentes do grupo malharam o professor.

Quando ele retornou, olhares hostis o receberam. Contudo, ele estava tão bem que foi logo dizendo:

Então, acredito que tenhamos resolvido como fazer o treinamento.

Separamos os funcionários em grupos de vinte e cada um de vocês vai fazer a apresentação mais de uma vez.
Alguém ousou falar:

Professor, veja bem, esse negócio de peripatético...

É isso mesmo, completou ele. Foi daí que me veio a ideia. Jesus se locomovia para fazer pregações, como os filósofos também faziam, ao orientar seus discípulos.

Jesus foi o Mestre dos mestres, portanto a sugestão de usar o Sermão da Montanha foi muito feliz. Teríamos uma bela mensagem moral e o deslocamento físico...

Mas que cara é essa? Peripatético quer dizer "o que ensina caminhando."

Todos se entreolharam, corados de vergonha. Nenhum deles sabia o significado da palavra.

Encolhidos, se deram conta que seu orgulho era maior do que a vontade de aprender. Aprender para ensinar.

Teria sido suficiente um deles ter tido a humildade de confessar que desconhecia  a palavra. Os demais concordariam e tudo se resolveria com uma simples consulta ao dicionário.

Pense nisso

O fato de todos estarem de acordo a respeito de alguma coisa não transforma o falso em verdadeiro.

Informe-se.

Nunca se esquive do aprendizado, não tenha vergonha de perguntar, indagar, questionar.

E pesquise, leia, nunca se permita estacionar na escalada do conhecimento.

E, finalmente, lembre: a sabedoria tende a provocar discórdia, mas a ignorância é quase sempre unânime.

Pense de que lado você prefere ficar.

com base em artigo assinado por Max Gehringer.