terça-feira, maio 18, 2021

O lixo do comportamento humano vem à superfície em transbordamento para a reciclagem

O grande entrave na atualidade, sob o ponto de vista das corretas relações pessoais, é que uma maioria só pensa na satisfação de si mesma, sem querer assumir nenhuma responsabilidade, empatia ou deferência para com o próximo. Esse comportamento nocivo foi sendo adquirido paulatinamente.

A involução social foi iniciada em séculos precedentes, tendo como embrião a necessidade da massa humana em abandonar a vida no campo, onde se vivia gregariamente em famílias numerosas, com interação entre avós, pais, filhos e netos próximos, para ir morar nas cidades urbanizadas com vistas a ganhar o sustento. A Revolução Industrial teve um papel fundamental na quebra de paradigma daquela época, onde o número dos membros do núcleo familiar foi ficando cada vez mais restrito e distante da árvore familiar maior. Em paralelo a isso, as cidades, notadamente as capitais, foram ficando cada vez mais inchadas. Isso já causou um distanciamento humano que foi decisivo para que a família fosse perdendo o intimismo e a sensação de pertencimento a um grupo coeso de grande peso para a educação e os costumes.

A primeira fase da Revolução Industrial, na Europa, aconteceu a partir do Século XVIII, tendo a terceira fase incrementada a partir de 1950, já no Século XX, com os adventos da robótica, genética, informática, telecomunicações, eletrônica, etc. Nesse intervalo ocorreram vários eventos mundiais, a exemplo das duas grandes guerras, lutas por questões raciais, totalitarismo implantado em alguns lugares, o início e fim do movimento hippie, a busca da emancipação feminina em muitos países, o crescente apelo à implementação da democracia, etc.

Foi no decorrer da terceira fase da Revolução Industrial que apareceu a Era Digital. Na vida contemporânea, entretanto, em situação paralela à oferta de informação de valor e à sua capacidade de circulação cada vez maior, veio também um nível muito tóxico de desinformação, deformação de conceitos, manipulação de conteúdos que levou à adoção de hábitos duvidosos. Com a velocidade das redes sociais, foi dada vazão à crescente desagregação e anonimato, ambos, perniciosos em sua raiz.

Ocultos atrás de uma tela, no vão apelo ao imediatismo, ao descompromisso, ao “tanto faz”, ao “eu não me importo” e ao pensamento voltado apenas para seu próprio umbigo, foi criada uma multidão que se conecta virtualmente com milhares e milhões de pessoas, no entanto, sem lhes oferecer o que as relações saudáveis demandam: o devido calor humano, sentimentos, prioridade e senso de importância.

O mundo virtual relegou qualidades necessárias ao bom convívio, antes tidas como sustentadoras da sociedade, acarretando um desconforto em relação ao que pode ser realizado anonimamente no ambiente da web, ao arrepio dos valores humanos saudáveis.

Criou-se um nível de volatilidade, superficialidade, de relações falsas, pautadas na aparência fabricada, em uma “felicidade de plástico” (ilusória e tóxica), em elogios artificiais, que sepultam as reais e verdadeiras qualidades do ser humano normal.

Exatamente por esse nível de desagregação e de ENTROPIA (NOTA 1), foram gerados inúmeros problemas que afetam o emocional do mundo contemporâneo. Nunca foi tão necessária a ajuda de profissionais da área da psicologia e da psiquiatria para dar suporte ao desajuste tão comum nos tempos modernos.

Essa desumanização leva apenas a um caminho: à degradação da sociedade; à inglória desconstrução do que é humano e que produz as ervas daninhas da corrupção; da deslealdade; das prevaricações; da DISTOPIA (NOTA 02); da luxúria; de ressaltar o que é material e corporal em detrimento ao que é imaterial e do campo das emoções nobres; do sexo cru mercantilizado, destituído de humanidade e de sentimentos; da ganância; do egocentrismo; e, do lado mais sombrio e degenerado das criaturas.

Nesse processo esquisito, foi consolidado o fenômeno do vampirismo: essas pessoas querem aplausos, querem ser vistas a todo custo, de modo a angariarem “seguidores” que se multiplicam diariamente, preocupando-se em atrair a atenção deste público que servirá apenas para alimentar seus egos, retendo o que recebe dos outros e querendo mais e mais admiradores de suas imagens, sem lhes oferecer retribuição de qualidade ou trocas venturosas.

Essas pessoas não se importam em estabelecer nenhum nível de INTIMISMO ou interação para PARTICIPAR da vida do outro. Não querem saber o que os outros estão passando ou pelo apoio que eventualmente estejam precisando obter. Estender a mão amiga para dar suporte ao semelhante, é uma ação que nem sequer passa por suas mentes. Essas pessoas egoístas, estão tão imersas em suas bolhas imaginárias, que só pensam em ter holofotes sobre si mesmos, sem dar a menor importância para quem passa fome, sofre bullying, padece durante esta grande Pandemia, necessita de cuidados, ou, apenas de apoio emocional.

Aliás, essa Pandemia tem sido um grande divisor de águas: porque está REVELANDO as reais intenções, dedicações, prioridades, pensamentos e emoções desses protagonistas do individualismo.

Todo esse cenário trouxe consigo a exclusão daqueles que estão sintonizados naquilo que é real, que dá enfoque à construção de relacionamentos de verdade, que envolvem aprofundamentos e dedicação mútuas.

Em um processo de virada ou retorno ao que é sadio, agregando conquistas e confortos do Século XXI, temos em curso um MOVIMENTO cada vez mais ROBUSTO, protagonizado por pessoas que se irmanam ao redor do mundo para estabelecer novos padrões de comportamento. Movimentos artísticos e literários iniciados no Século XIX já tinham esse ideário em sua essência, ganhando mais vida e adesão agora no século atual. Há questões do meio ambiente, do cuidado entre ser humano e natureza, do respeito à vida marinha e aos animais em geral, do apelo ao êxodo de pessoas das grandes cidades para centros mais rurais, porém com conforto e facilidades que a vida urbana oferece. Temos um crescente chamamento a novos padrões e condutas para a sociedade como um todo.  

Esse status quo atual (avesso), que estamos claramente presenciando, representa o apogeu e a apoteose de todos os atributos nocivos que devem ser substituídos por qualidades humanas, humanizantes e humanizadas (NOTA 03), revestidas de calor humano, de vibração pela INCLUSÃO, COOPERAÇÃO e PARCERIAS.

O endeusamento do tremendo monstro egóico que muitos absorveram, assumiram e veneram, tenderá a ser SOTERRADO pela avalanche de MUDANÇAS que já está em curso nos corações e mentes daqueles que se importam, que querem CONSTRUIR e CONSOLIDAR uma nova perspectiva de vida, um novo marco civilizatório, com padrões de CONSCIÊNCIA, com equilíbrio respeitoso nos quatro elementos:

Deus ◄► Ser Humano ◄► Reinos Animal/Vegetal/Mineral ◄►Natureza

Juntos, em interação harmoniosa, esses níveis de compreensão descobrirão, valorizarão e validarão o QUINTO ELEMENTO: o AMOR (imbuído de inclusão, respeito, empatia, sentimento, reconstrução e aprimoramento contínuo do ser humano).

Nesse processo TRANSFORMADOR, todo o refugo e lixo emocional está vindo à superfície, devendo passar por um transbordamento que o expulsará do grande oceano de consciências, para que possa se reciclar, se ressignificar, se reconstruir, banhando-se na LUZ do entendimento. Só com essa limpeza e saneamento na toxidade desse comportamento atual reverso, é que ele poderá ser reciclado, refeito e só assim, ser útil para os novos tempos que estão por vir.

Atualmente, fazem parte da minoria, aqueles que já estão aptos a um NOVO MODELO CIVILIZACIONAL, íntegro, humano melhorado, com RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA, EXPURGADO (NOTA 04) e com CONSCIÊNCIA MAIS ELEVADA, porém, cuja força e poder de TRANSFORMAÇÃO, excedem essa anomalia do comportamento da maioria que ainda está inconsciente.

Os novos tempos pedem coragem, tenacidade, honradez, pensamento na COOPERAÇÃO, na PARCERIA, em olhar o outro com INTEGRIDADE e inteireza, não de modo fatiado e fragmentado como é nos dias de hoje.

Havemos de trabalhar a síntese, a mesma síntese que o Mestre Jesus veio ensinar há mais de dois mil anos, mas que só AGORA, começa a frutificar nos corações que trabalham para assumir sua HUMANIDADE, honrar os talentos e dons recebidos, para usá-los em benefício e em COOPERAÇÃO com o TODO.

Apenas com espírito fraterno, em parceria e cooperação, corretas relações de RESPEITO e ricas de significado, poderemos sair de todo o lodo nefasto que se instalou, e que está com os dias contados, fadado à EXECRAÇÃO.

Todo padrão novo deverá suceder àqueles que não servem mais à humanidade.

NOTAS

NOTA 01 – DISTOPIA: Estado imaginário em que se vive em condições de opressão, desespero ou privação; O mundo distópico é um lugar de baixa qualidade de vida, marcado por autoritarismo do sistema que impõe comportamentos fora do padrão como se fossem “normais”, tornando a anomalia uma coisa COMUM. Mundo da desesperança pela ausência de perspectiva de mudança.

NOTA 02 – ENTROPIA: Grau de degradação ou desordem de um sistema; Grau de irreversibilidade de um sistema em colapso.

NOTA 03 – QUALIDADE HUMANA, HUMANIZANTE e HUMANIZADA:

QUALIDADE HUMANA: características de um ser humano pleno, íntegro, saudável;

HUMANIZANTE: que pode ser humanizado;

HUMANIZADA: que já está saneada, que já tem caráter humano, que se tornou benéfico; cujo comportamento é tolerável e adaptado a um novo nível de Consciência mais aprimorado.

NOTA 04 – EXPURGADO: Saneado, depurado, purificado, com retirada e limpeza do lixo.

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