terça-feira, dezembro 15, 2015

Sabe

sabe ....

que enquanto respirares à estrelas no céu...
enquanto sentires à indicações do caminho a seguir...


sabe...

enquanto procurares irás encontrar...
enquanto encontrares irás sempre procurar...


porque da Lua se fez Sol...
do Sol se fez alimento,
do alimento surges tu
de ti encontro eu
de mim chego até lá...

onde tudo se resolve antes mesmo que se prenuncie...

sabe...

onde tu chegas mesmo antes do separes das coisas,
a mais profunda da tua essência, que vive e pulula...

só para te amar... assim como tu és,
inatingível.

do longínquo caminho,
que faz perto a percepção
do vulgar atributo
sacralizas a acção.

sabe...

que muito antes de lá chegares
já não estavas só.

porque do Divino Amor
nasceste tu.

segunda-feira, dezembro 07, 2015

Vocês não terão o meu ódio

O mundo assistiu, estarrecido, na sexta-feira, 13 de Novembro de 2015, aos atentados na cidade de Paris, na França.

As cenas pareciam irreais, tal a violência e a crueldade. Quem ligasse o aparelho de TV, de rompante, poderia pensar se tratar de um filme.

As vítimas, que somaram mais de uma centena, eram pessoas que se encontravam em lugares de lazer: amigos, familiares, colegas.

Quem poderia esperar que, no coração da capital francesa, se pudesse desenrolar drama de tal intensidade?

O saldo foi de lágrimas, de desespero, de providências por uma nação que se viu enlutada, chorando seus filhos.

Antoine Leiris, um jornalista do France Fleu, cuja esposa foi uma das vítimas, redigiu emocionante homenagem à esposa, morta no atentado a uma casa de espectáculos.

Dirigindo-se aos terroristas, escreveu:

Na noite de sexta-feira, vocês roubaram a vida de uma pessoa excepcional, o amor da minha vida, a mãe do meu filho. Mas vocês não terão o meu ódio.

Não sei quem vocês são e não desejo saber. São almas mortas. Se esse Deus pelo qual vocês matam cegamente nos fez à Sua imagem, cada bala no corpo da minha mulher foi uma ferida no Seu coração.

Por isso, eu não odiarei vocês. Porque responder ao ódio com raiva seria ceder à mesma ignorância dos agressores.

Vocês pretendem que eu tenha medo, que olhe para os meus concidadãos com olhar desconfiado, que sacrifique a minha liberdade pela segurança. Perderam. O mesmo jogador continua a jogar.

Eu vi minha esposa somente nesta manhã. Finalmente, depois de noites e dias de espera. Ela ainda estava tão bela como quando partiu na noite de sexta-feira.

Tão bela como quando me apaixonei perdidamente por ela há mais de doze anos.

Claro que estou devastado pela dor. Concedo a vocês esta pequena vitória. Mas será de curta duração porque sei que minha esposa vai me acompanhar a cada dia e que nos vamos reencontrar no paraíso das almas livres.

Nós dois, meu filho e eu, vamos ser mais fortes do que todos os exércitos do mundo. Não vou lhes dar do meu tempo.

Quero juntar-me a Melvil, que acorda da sua sesta. Ele só tem dezassete meses. Vai comer como todos os dias.

Depois vamos brincar como fazemos todos os dias e, durante toda a sua vida, esse garoto vai fazer a afronta de ser feliz e livre.

Tudo isso porque vocês nunca terão o seu ódio.

*   *   *

A carta, com certeza, nos emociona, toca-nos o coração. E nos remete a reflexões: como agiríamos ou reagiríamos nós?

Teríamos a mesma capacidade de retomar a vida e, sobretudo, ensinar o filho a amar?

É preciso ser grande para não se permitir envolver pela indignação ante a onda de violência. Porque da indignação ao ódio, a linha é muito ténue.

É preciso ter nobreza n’alma para não se deixar contaminar pelo desejo de vingança.

É preciso ter a certeza de que ninguém morre, de que a vida pode ser interrompida, mas os laços do amor não são destruídos pela ausência física, para se erguer e prosseguir a jornada.

É preciso ser paciente para aguardar o reencontro que pode ser logo mais, ou depois de dezenas de anos. 

Quem sabe? Somente a Divindade.

quarta-feira, dezembro 02, 2015

saber para não entender...

agora é o tempo chegado
de saber para não entender...

não entender as arrelias,
os desentendimentos desconhecer...

não conhecer os sentidos do intelecto,
quando estes professam acima de si mesmos...

não ofuscar as fragilidades alheias,
com as arrogâncias que sobram de si mesmo...

não escrever histórias parvas,
vestidas de explicação para o mundo que se desconhece, apenas porque se julga saber tanto.

o mundo já conheceu sua regeneração...
afinal esteve sempre onde a fossem capaz de percepcionar...

nunca deixou ninguém de fora, 
apenas não enche taças cheias de si mesmo...

agora é  tempo da primavera
onde a matéria finalmente se decompõe
de resíduo em gaz esférico

onde os sonhos do criador e de seu filho predilecto fazem de nós próprios...
a razão do nascer e pôr do Sol...

agora não existe motivos de ser incompreendidos
pelas vozes que não articulam sons
e todos os celestiais ouvidos
escutam e encantam...

agora não mais tens que temer algum desfecho
de qualquer historia queiram contar
se ela não te trás o que acreditas ser
não mais levará o que não queiras dar.

só amplamente dá
quem não espera receber

agora afinal é o tempo 
de no tempo tua alma desnudar.

terça-feira, dezembro 01, 2015

Tim Buckley - Honey Man (Live at the Old Grey Whistle Test 1974)


Terça-feira I do Advento

Evangelho (Lc 10,21-24): Naquele mesma hora, ele exultou no Espírito Santo e disse: 

«Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». 

E voltando-se para os discípulos em particular, disse-lhes: 

«Felizes os olhos que vêem o que vós estais vendo! Pois eu vos digo: muitos profetas e réis quiseram ver o que vós estais vendo, e não viram; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram».