segunda-feira, outubro 26, 2020

As preces dos nossos irmãos

Nos dias de tristeza, quando a alma se veste de luto e tudo parece desencanto, buscamos o Senhor da Vida. Nossa rogativa se transforma em lamúrias porque há muita dor em nossa intimidade. E, ainda assim, guardamos reservas para com o irmão que ora ao nosso lado.

Mesmo em meio ao cenário triste da pandemia que arrebata vidas, ao lado de outras tantas enfermidades que, há anos, vem retirando do mundo os seres humanos, alguns de nós olhamos de forma diferenciada os irmãos de outras crenças. Esquecemos que Jesus nos afirmou que o Pai vê o que se passa em secreto, ou seja, no profundo da criatura, e recebe toda súplica, providenciando o socorro.

Os ensinos do Mestre de Nazaré prosseguem a nos esclarecer como O fez para a samaritana, no poço de Jacó. Naquela época, a discussão era em torno do local em que deveriam ser proferidas as preces a Yaweh. Seriam melhores as que fossem ditas no suntuoso templo de Jerusalém? Seriam essas as ouvidas pelo Pai Celeste? Ou, aquelas pronunciadas no Monte Garizim, mesmo após a destruição do templo ali erguido, seriam ouvidas igualmente?

Qual delas revelaria, enfim, a verdadeira adoração?

Jesus, o Mestre Incondicional, com Seu pensamento universal e atraindo todas as Suas ovelhas para o mesmo redil, pronunciou-se, elucidando: Está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Os verdadeiros adoradores, adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, esses são os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito e aqueles que O adoram devem adorá-lO em espírito e verdade.

O ensino era para aqueles dias. Também para os do futuro. Para todos os homens. Deus é um só. Criador. Pai Celeste. Infinitamente amoroso, acolhe as súplicas que lhe dirigem os Seus filhos, residam nas grandes metrópoles ou nas terras áridas. Realizem as suas rogativas em suntuosos templos ou em plena natureza. Ou em um casebre, à beira da estrada. O verdadeiro altar é o do coração. Por isso, o ensino crístico recomenda, quando orarmos, nos retirarmos para nosso quarto, fecharmos a porta e nos dirigirmos ao Pai em secreto.

Isso quer dizer, mergulharmos em nossa intimidade, cerrar os olhos e ouvidos a tudo que nos possa distrair do propósito de dialogarmos com Aquele que alimenta as aves, levanta as ondas do mar e veste a erva do campo. Seja a prece esse encontro mais íntimo com Deus. Como fazia o Mestre, que buscava o silêncio para se ligar mais intimamente ao Pai. Servia a todos, horas e horas. Depois, refazia-se, unindo-se em prece Àquele cujo pensamento Ele interpretava na Terra.

Para isso, o silêncio. De fora. A tranquilidade de dentro.

Ante o sacrifício que logo mais lhe seria exigido, entregue às mãos dos homens que O temiam, ou não O desejavam entender, Ele ora. E, outra lição de valor, pede aos amigos que estão com Ele, que O acompanhem na prece. Isso nos diz da importância de, ante as provações que nos alcançam, pedirmos aos nossos amigos que se irmanem connosco na oração em nosso favor.

Oração. Hoje, amanhã, sempre. Verdadeira escada de Jacó que une a criatura aos céus.

quinta-feira, outubro 15, 2020

TRABALHE EM SOLIDÃO

Um dia, uma pessoa subiu a montanha onde se refugiava uma mulher eremita que estava meditando e perguntou-lhe:


- O que você está fazendo nessa solidão?, Ao que ela respondeu:


- Eu tenho um monte de trabalho.

- E como você pode ter tanto trabalho? Não vejo nada por aqui ...


- Tenho que treinar dois falcões e duas águias, tranquilizar dois coelhos, disciplinar uma cobra, motivar um burro e domar um leão.

- E onde estão eles que não os vejo?


- Eu os tenho dentro.


Os falcões se lançam sobre tudo que vem pela frente, bom ou ruim, tenho que treiná-los para pular em coisas boas. Eles são meus olhos.

As duas águias com suas garras machucam e destroem, eu tenho que ensiná-las a não causar danos. Eles são minhas mãos.

Os coelhos querem ir para onde querem, não para enfrentar situações difíceis, tenho que ensiná-los a ter calma mesmo que haja sofrimento, ou tropeço. Eles são meus pés.

O burro está sempre cansado, é teimoso, não quer carregar sua carga muitas vezes. É meu corpo.

O mais difícil de domar é a cobra. Embora ela esteja trancada em uma gaiola forte, ela está sempre pronta para morder e envenenar qualquer pessoa ao seu redor. Eu tenho que discipliná-la. É minha língua.

Eu também tenho um leão. Oh ... quão orgulhoso, vaidoso, ele pensa que é o rei. Eu tenho que domá-lo. É meu ego.

- Eu tenho um monte de trabalho.

E você trabalha no que?