sexta-feira, agosto 03, 2012

doença e considerações…


À luz de conhecimentos ancestrais com raízes em tradições Taoistas, uma patologia quando se manifesta, revela um foco de intensidade, mais ou menos exteriorizado, de excessos recentes ou do pretérito - eventuais ou continuados - cometidos independentemente da consciência ou não da pessoa - sobre os outros ou sobre si mesma, numa proporção tal que os mecanismos naturais presentes no ser humano reguladores da saúde, os responsáveis pelo reequilibro dos excessos, não conseguiram eliminar na sua totalidade.

Estes excessos não depurados causam sobrecargas que se pressionam em determinadas partes do corpo da pessoa que podem ser órgãos importantes, que ao desarmonizarem-se manifestam as doenças. Exactamente como no exemplo da arteriosclerose, em que esses acúmulos se fixam às paredes das artérias e reduzem a sua capacidade de transporte, o seu diâmetro e elasticidade, culminando num risco de enfarte ou acidente vascular.

Assim de alguma forma, pode-se considerar que a doença se manifesta já numa fase de pré-purificação ou mesmo em plena purificação do corpo ou seja, são os mecanismos naturais que regulam a saúde na impossibilidade de a pessoa os escutar, que levantam a voz e consequentemente fazem-se ouvir. É como se quisessem alertar para o que levou a pessoa a chegar àquela situação, desafiando-lhe a necessidade de ponderar e investigar sobre o que a conduziu àquele enfraquecimento, até adoecer.

Por isso se verifica que a doença ou esse estado de purificação natural quando acontece, não raras vezes dobra o mais relutante dos doentes e até os altera definitivamente muitas vezes depois de ocorrer, alterando-lhes a forma de se realinharem consigo próprios e com o mundo.

Estas considerações causam por consequência várias ponderações e detenho-me sobre algo que julgava conhecer com uma perspectiva muito inovadora. Eis alguns dos muitos pontos:

·         Quando a doença acontece, entendo nessa desarmonia a oportunidade de um reencontro com o corpo, com algum tipo de consciência aumentada, isso constitui uma oportunidade singular, pois tudo naquele preciso instante conspira naturalmente para a identificação de múltiplos factores de maior importância para o autoconhecimento e autopromoção. (programação)

·         A possibilidade de literalmente anotar observando a doença - seu processo de cura - seu tempo natural - sua própria linguagem, para constituir mudanças profilácticas que resultem numa maior qualidade de vida.

·         Quais os cuidados que no quotidiano, se devem atender quando não ocorre a manifestação de doença. Por analogia é quando se estará mais vulnerável por desatenção, sem observar com rigor os factores passiveis de causar dolo e que não se evitam, apesar de provavelmente já estarem em actuação, tantas vezes silenciosamente e a colocar em causa a harmonia e o equilíbrio da saúde. Quando doentes, o sofrimento que a doença utiliza para se fazer sentir, conduz a uma maior relação ou interacção, a um estreitamento connosco próprios. Mas quando erradamente o ser humano se coloca como sem doenças, não se cuida com tanta consciência e em última análise com tanto amor, já que nem devidamente se escuta mais.

·         Também o enorme aprendizado que se pode obter na contemplação de quem está doente, por ser naturalmente um candidato fiável quanto às reacções que advém de seu estado de saúde - é quando se sabe que ali se encontra realmente alguém. Utilizando uma imagem algo grosseira; É como a diferença de comportamento entre:

o  O sujeito que se lesionou num pé e tem de andar numa rua com muitos transeuntes, o que faz que ele circule com uma enorme atenção, tanto aonde coloca o pé como se a alguém surge das proximidades em possível rota de colisão. É como se todas as suas fibras do corpo estivessem a trabalhar em plena harmonia com a sua mente, tudo focalizado tanto no sentir como no intuir ou prever.

o   O sujeito que em iguais circunstancias mas desta vez sem nenhum tipo de lesão, sem nenhum tipo de dor que o recorde de algum cuidado em especial, faz o mesmo trajecto com quase total descontracção, com uma boa dose de alheamento até.

·         A enorme falta que se comete ao estigmatizar as patologias, quando além de ser uma forma errada de as abordar do ponto de vista terapêutico, ainda revela uma enorme falta de conhecimentos, que em algum dia, certamente nos virão bater à porta, nesta jornada fantástica que é a caminhada de uma vida ao longo do passar dos anos.

2 comentários:

  1. Porque tanta perda de tempo? com tanta coisa bela para fazer, sentir, viver,,, que depositar a joia do tempo e da entrega na preocupação com a doença? esta, é apenas a bandeira de alguma meta, xadrez azul ou vermelha...afinal temos que morrer de alguma coisa...e de todas, a pior é não viver, por causa do medo que se tem de morrer...

    ResponderEliminar
  2. Pois, mas é mesmo disso que se trata o texto; perspectivar a doença em ultima instância que seja, como coisa bela e necessária, algo que se não costuma compreensivelmente.

    A última reflexão sobre a morte, é interessante e muito perspicaz, gostei... obrigado pela partilha.

    ResponderEliminar