À luz de
conhecimentos ancestrais com raízes em tradições Taoistas, uma patologia quando
se manifesta, revela um foco de intensidade, mais ou menos exteriorizado, de
excessos recentes ou do pretérito - eventuais ou continuados - cometidos
independentemente da consciência ou não da pessoa - sobre os outros ou sobre si
mesma, numa proporção tal que os mecanismos naturais presentes no ser humano
reguladores da saúde, os responsáveis pelo reequilibro dos excessos, não
conseguiram eliminar na sua totalidade.
Estes excessos não
depurados causam sobrecargas que se pressionam em determinadas partes do corpo da
pessoa que podem ser órgãos importantes, que ao desarmonizarem-se manifestam as
doenças. Exactamente como no exemplo da arteriosclerose, em que esses acúmulos
se fixam às paredes das artérias e reduzem a sua capacidade de transporte, o
seu diâmetro e elasticidade, culminando num risco de enfarte ou acidente
vascular.
Assim de alguma
forma, pode-se considerar que a doença se manifesta já numa fase de pré-purificação
ou mesmo em plena purificação do corpo ou seja, são os mecanismos naturais que
regulam a saúde na impossibilidade de a pessoa os escutar, que levantam a voz e
consequentemente fazem-se ouvir. É como se quisessem alertar para o que levou a
pessoa a chegar àquela situação, desafiando-lhe a necessidade de ponderar e
investigar sobre o que a conduziu àquele enfraquecimento, até adoecer.
Por isso se
verifica que a doença ou esse estado de purificação natural quando acontece,
não raras vezes dobra o mais relutante dos doentes e até os altera
definitivamente muitas vezes depois de ocorrer, alterando-lhes a forma de se
realinharem consigo próprios e com o mundo.
Estas considerações
causam por consequência várias ponderações e detenho-me sobre algo que julgava
conhecer com uma perspectiva muito inovadora. Eis alguns dos muitos pontos:
·
Quando a doença acontece, entendo
nessa desarmonia a oportunidade de um reencontro com o corpo, com algum tipo de
consciência aumentada, isso constitui uma oportunidade singular, pois tudo
naquele preciso instante conspira naturalmente para a identificação de
múltiplos factores de maior importância para o autoconhecimento e autopromoção.
(programação)
·
A possibilidade de literalmente
anotar observando a doença - seu processo de cura - seu tempo natural - sua
própria linguagem, para constituir mudanças profilácticas que resultem numa
maior qualidade de vida.
·
Quais os cuidados que no quotidiano,
se devem atender quando não ocorre a manifestação de doença. Por analogia é
quando se estará mais vulnerável por desatenção, sem observar com rigor os
factores passiveis de causar dolo e que não se evitam, apesar de provavelmente
já estarem em actuação, tantas vezes silenciosamente e a colocar em causa a harmonia
e o equilíbrio da saúde. Quando doentes, o sofrimento que a doença utiliza para
se fazer sentir, conduz a uma maior relação ou interacção, a um estreitamento
connosco próprios. Mas quando erradamente o ser humano se coloca como sem
doenças, não se cuida com tanta consciência e em última análise com tanto amor,
já que nem devidamente se escuta mais.
·
Também o enorme aprendizado que se
pode obter na contemplação de quem está doente, por ser naturalmente um candidato
fiável quanto às reacções que advém de seu estado de saúde - é quando se sabe
que ali se encontra realmente alguém. Utilizando uma imagem algo grosseira; É como a
diferença de comportamento entre:
o O sujeito que se lesionou num pé e tem de
andar numa rua com muitos transeuntes, o que faz que ele circule com uma enorme
atenção, tanto aonde coloca o pé como se a alguém surge das proximidades em possível
rota de colisão. É como se todas as suas fibras do corpo estivessem a trabalhar
em plena harmonia com a sua mente, tudo focalizado tanto no sentir como no
intuir ou prever.
o
O sujeito que em iguais
circunstancias mas desta vez sem nenhum tipo de lesão, sem nenhum tipo de dor
que o recorde de algum cuidado em especial, faz o mesmo trajecto com quase
total descontracção, com uma boa dose de alheamento até.
·
A enorme falta que se comete ao
estigmatizar as patologias, quando além de ser uma forma errada de as abordar
do ponto de vista terapêutico, ainda revela uma enorme falta de conhecimentos,
que em algum dia, certamente nos virão bater à porta, nesta jornada fantástica
que é a caminhada de uma vida ao longo do passar dos anos.
Porque tanta perda de tempo? com tanta coisa bela para fazer, sentir, viver,,, que depositar a joia do tempo e da entrega na preocupação com a doença? esta, é apenas a bandeira de alguma meta, xadrez azul ou vermelha...afinal temos que morrer de alguma coisa...e de todas, a pior é não viver, por causa do medo que se tem de morrer...
ResponderEliminarPois, mas é mesmo disso que se trata o texto; perspectivar a doença em ultima instância que seja, como coisa bela e necessária, algo que se não costuma compreensivelmente.
ResponderEliminarA última reflexão sobre a morte, é interessante e muito perspicaz, gostei... obrigado pela partilha.