terça-feira, dezembro 04, 2012

Luz...

Os que vivem no Ocidente,  surpreendem-se com o comportamento do povo japonês, ante os desastres do tsunami, do terramoto , das chuvas...
Nas imagens televisivas, nenhuma mostrou pessoas a lamentar-se, gritar e reclamar que haviam perdido tudo. A tristeza por si só já bastava.
E nas filas para água e comida, nenhuma palavra dura e nenhum gesto de desagravo.Somente disciplina.

Nenhuma corrida desenfreada aos mercados. As pessoas compravam somente o que realmente necessitavam no momento. Assim todos poderiam comprar alguma coisa.
Não se teve notícias de saques a lojas. Nas estradas, nada de buzinanço. Apenas compreensão.

Os restaurantes cortaram pela metade os preços. Caixas electrónicas foram deixadas sem qualquer tipo de vigilância. Os fortes cuidavam dos fracos.
Velhos e jovens, todos sabiam o que fazer e fizeram exactamente o que lhes fora ensinado.
Quando a energia acabava numa loja, as pessoas recolocavam as mercadorias nas prateleiras e saíam calmamente.


    Mas, com certeza, um dos relatos mais impressionantes é o de um imigrante vietnamita. Como policia, foi enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados.
    Era uma fila muito longa. Ele viu, no final da fila,  um garoto de uns nove anos usando apenas t-shirt e shorts.
    Estava a ficar  muito frio e o policia ficou preocupado que, ao chegar a vez do menino, poderia não haver mais comida.
    Foi falar com ele. O menino lhe disse que estava na escola quando a tragédia ocorrera.
    Seu pai trabalhava perto e dirigia-se para a escola. O garoto estava no terraço do terceiro andar quando viu o tsunami levar o carro do seu pai.  
    Quanto à sua mãe e sua irmã, por residirem próximos a praia, acreditava que não haviam sobrevivido.
    O garoto tremia. O policia tirou o casaco e o envolveu, abrigando-o.
    Também lhe ofereceu a própria bolsa de comida, e disse: Quando chegar a tua vez, a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi.  Podes comer.
    Ele pegou na bolsa e  fez uma reverência. Depois, foi com ela até o início da fila e colocou-a onde toda a comida estava esperando para ser distribuída.
    O policia ficou chocado.  Perguntou-lhe porque ele não havia comido, em vez de colocar a comida para distribuição.                
    Sereno, ele respondeu: Porque vejo pessoas com mais fome do que eu. Se eu colocar a comida lá, eles vão distribuir a comida mais igualmente.
    Quando ouviu aquilo, o policia  virou-se para que as pessoas não o vissem chorar.
   E concluiu que uma sociedade que pode produzir uma pessoa de nove anos, que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior, deve ser uma grande sociedade, um grande povo.

    * * *
 
    Sociedade justa é aquela em que cada um queira para os outros o que para si mesmo deseja.

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