sexta-feira, março 30, 2012

Tao Te Ching - 24

Quem respira apressadamente não dura
Quem alarga os passos não caminha
Quem vê por si não se ilumina
Quem aprova por si não resplandece
Quem se auto-enriquece não cria a obra
Quem se exalta não cresce
Esses, para o caminho, são como os restos de alimento de uma oferenda
Coisas desprezadas por todos
Por isso, que possui o Caminho não actua desse modo.

Quem respira apressadamente não dura
O texto reflecte o desgaste que é causado  no uso precipitado de nossas funções naturais. Recorda que em cada um reside um tempo próprio e intransmissível que regula as próprias funções do Ser. No cultivo e desenvolvimento deste relacionamento consigo próprio, enaltece-se o crescimento interior pela oportunidade de manifestação. É estando atentos ao nosso próprio tempo, que descortinamos o que mais necessitamos saber acerca de nós próprios. Só precisamos como aponta a frase, respeitar nosso próprio biorritmo.
Quem alarga os passos não caminha
Quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos, não simplifica. Quem não respeitar a sua própria natureza, perde-se no caminho de volta a casa.
Quem vê por si não se ilumina
Aquele que à luz deste saber, adormece em seu leito, considere estar ciente de tudo que precisa, perde-se uma vez mais. Desta vez ludibriado, sem dar conta, pois esqueceu-se dos demais, que são a pele exterior da sua experiência maior, da sua prática reveladora.
Quem aprova por si não resplandece
Quem junta ao seu fazer o seu pensar como sentenças do seu saber, envelhece porque decide sozinho sem partilhar, o uso-fruto da sua própria razão.
Quem se auto-enriquece não cria a obra
Quem se auto-enriquece não cria obra, porque a sua riqueza irá perecer consigo mesmo. A diferença entre sermos em nossas actividades, centrípetos ou centrífugos.
Quem se exalta não cresce
Quem junta às suas investidas a sua energia, cresce. Quem junta às investidas dos outros a sua energia, não cresce. Cada um deve ser a sua razão maior, cada um terá que resplandecer em seu coração, não em sua atitude para com o mundo. Quem com sua forma de ser ofusca o seu semelhante acabará como um cego.
Esses, para o caminho, são como os restos de alimento de uma oferenda
Coisas desprezadas por todos
Por isso, quem possui o Caminho não actua desse modo.
Assim como o praticante das Artes Taoístas, que bem se poderia considerar uma espécie de monge ou monja dos tempos modernos, um/a alquimista urbano que procura o bom senso e o equilíbrio nas expressões naturais, louvando a perfeição natural em todas as suas manifestações.
O praticante de Tai ji Quan, segue o seu caminho não desprezando a função da bússola, mas guiado pelas estrelas. 

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