sexta-feira, outubro 12, 2012

ENCARNAÇÃO…

Proponho a seguinte reflexão, a fim de possibilitar um exercício de visualização que pode ser interessante para a compreensão deste tema, segundo uma das muitas ópticas que o abordam.


Imagina que és um prédio…  


 que todas as pessoas são prédios de diferentes alturas…, diferente número de andares.

Deixemos o mundo exterior deste mapa de diversas torres que compõe este cenário proposto, de prédios mais ou menos cinzentos, mais ou menos altos, exteriormente pela densificação constituindo cidades…

Imagina então, neste cenário proposto, que tu própria és um prédio, uma torre com determinados andares, localizada num espaço qualquer dado desse imaginário.

Agora dessa visão exteriorizada, proponho a seguinte visualização…

Partindo do princípio que és esse prédio, pode ser como um paralelepípedo colocado ao alto, orienta a tua percepção para o seu espaço interior. Nesse lugar, já não vês nada mais nada para fora das paredes que o delimitam.


Agora imagina o miolo do prédio que tu és, dividido por um determinado número de pisos, unidos por uma escadaria que ascende em espiral desde a sua base, até ao topo. Não existe elevador.

Estas escadas, muito comuns a qualquer prédio, situam-se bem no centro de cada piso em espiral, de piso em piso, onde em cada um, existe um pátio interno, que devolve uma porta de acesso ao piso em questão, e o início de novo lance de escadas para acesso ao próximo piso, onde o processo se repete até ao último piso.

- A viagem pela tua encarnação.

Para a viagem acontecer, situa-te sensivelmente no meio do prédio que és tu ou seja, no pátio interior em que te deparas com uma porta fechada que dá acesso ao conteúdo desse piso, e com uma escadaria que em espiral se perde de vista em ambos os sentidos, para os pisos inferiores e para os pisos superiores. 


- A porta que encontras fechada neste andar, corresponde à tua encarnação actual. Se a abrires, conscientemente te deslocas dessa espiral medula do prédio que és tu, para uma consciência alargada daquela que tu és, onde estás, o que te rodeia, o que te constitui actualmente. É aqui que frequentemente o caminhante, monta arraial. É como se não resistisse a viver em seu umbigo. Afinal é a origem de sua consciência actual a partir de sua actual localização.

- Todos os outros andares ou pisos, para onde se aventure deslocar dentro de si próprio, dentro do prédio que ela é, são registos de outras moradas suas registadas em outras localizações. 

A espinal medula ou seja a escadaria é junto com seus pátios intercalares, como vértebras desse prédio, ou desse ser na sua totalidade. Este espaço é neutro, pode ser acedido apenas pela vontade dos passos, sendo que se pode aceder a qualquer um dos pisos em qualquer um dos sentidos, assim os pés e a vontade queira. Ao seu redor o conhecimento desta estrutura é apenas residual ou subliminar, sendo que sem adentrar pela porta de cada um dos pisos, apesar de lhe conhecer a existência, a consciência da existência de seus conteúdos, a sua historia precisa, ainda que lhe seja própria é lhe desconhecida.

Assim pode-se internamente admitir a capacidade de prever a existência destas estruturas mas nos entanto é se incapaz de as vivenciar apenas por praticamente se admitir as suas existências.



É necessário a um determinado andar ou piso, abrir ou dissolver a porta ou o véu, ou o muro, que está a vedar o acesso a toda a área física desse andar. É como se fosse-mos entrar no andar do vizinho do 4 andar, quando vivemos no 3 ou no 5 andar, e no mesmo prédio. Sabemos e conhecemos de forma grosseira as divisões ou a estrutura deste prédio comum a todos os andares, mas não conhecemos factualmente o andar em questão. Nunca o havemos visitado, apesar de o nosso provavelmente ser algo semelhante. 

E isto tudo acontece dentro de ti dado que tu és esse prédio com vários andares de altura. Tantas quantas as tuas vidas passadas, onde ficou registado a vivência agora devoluta, de uma vida passada, móveis, e retratos, experiencias físicas, alegrias e tristezas, etc.

Aceder a qualquer um destes andares em ti própria é uma atitude dissolvente.

Vivenciar esta espécie de “de já viú”, é como depois de explorares esse dado andar ou piso, vivenciado pela experiência e pela curiosidade de conheceres outros que ainda não visitaste, ao retornares À escadaria comum a todos eles, o teu momento actual, ao deixares esse andar assim que assumisses o caminho a outro piso este que deixaste após deslumbrado se extinguisse.

5 comentários:

  1. Interessante este tipo de "prédio", significa que este conceito nos pode levar a andares superiores ainda não experimentados nesta realidade?

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  2. Significa que para além da possibilidade de transitar por andares superiores ou inferiores, existirá ainda a possibilidade pela vontade que orienta a força, de adentrar a qualquer um desses pisos e vivenciar no momento actual, registos de uma vida passada ou futura, com todos os cenários e intervenientes próprios do piso em questão.
    Abraço de Paz

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  3. Isso significaria um determinismo cósmico. Se somos creadores das vidas futuras pelo captação das vivencias do presente, como podemos "ver" o que vai acontecer se cada dia é ainda uma escolha em aberto?

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  4. em minha opinião, determinismo é algo inevitável, incontornável. Ora sobre este tipo de "arquivo vertical" onde cada andar contém a informação que lhe é respectiva, só pela vontade dirigida e consciente os seus conteúdos são acessados. É como se independentemente dop andar em que se escolha estar a um dado momento, o sujeito seja sempre a chave certa para esse piso em questão. A chave certa é um conjunto holistico de situações, em que o determinismo não tem lugar, pois não é uma lei cósmica principal. A consequência de uma vontade dirigida a uma experiência sim devolve um tipo de acesso que não é determinado pela casualidade, mas sim resultado lógico e consequente de uma repito, vontade consciente e dirigida. O determinismo poderá ser considerado como símbolo imperfeito do que lhe antecedeu, que foi uma intenção que gerou uma força que devolveu um resultado ou consequência dessa dinâmica. Determinismo não representa fielmente todos estes factores que envolvem a livre e consciente participação do sujeito. Sem ele, nada disto se realizaria, pelo menos com a sua consciência. Assim nos transportamos para a consideração seguinte: É que o tempo como o caríssimo anónimo aqui menciona, representado no esquema proposto pela escadaria elíptica que serve de "centro" a cada piso, com relação a cada um deles é transversal, ou seja, não tem ponto de contacto com qualquer um deles, que não seja comum a todos eles. A escadaria, relativamente aos pisos, não está para um determinado piso nem antes, nem depois de outro piso dado. São todos abrangidos nas suas condições de acesso, de forma neutralmente igual, geometricamente igual...
    O tempo que nos permite acesso a qualquer uma das nossas encarnações apesar de aqui representado desta forma, é no mínimo simultâneo.
    Toda a observação dos métodos empregues na natureza nos devolvem sábias reflexões acerca de todo que acontece e a todos os níveis. É ali, na natureza e na sua observação, que baseio estas reflexões.

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  5. Um certo determinismo é incontornável pelo facto de que a evolução é incontornável! daí acredito ser possível imaginar estágios avançados onde a particula conscinte que somos esteja inserida num patamar evolutivo que a alma reconhece, e anseia. Em suma uma antecipação do que nunca esqueceu por completo.

    Boas reflexões.

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