terça-feira, abril 30, 2013

recursos funcionais


na aproximação do dia 1 de Maio, dia do mundial do trabalhador, ocorreu pensar nas ultimas noticias reveladas pelos vários órgãos de comunicação social, que aponta cada vez para uma maior percentagem de desempregados, tanto a nível nacional como ao nível europeu.

Em cada novo desempregado, é uma sociedade que relembra o falhanço do que lhe esteve na origem. É a completa incoerência com os seus valores apregoados nos dias de hoje quase à pressão, pelos políticos e agentes sociais, cada vez mais desesperados com uma realidade que não conseguem conter.

Em cada desempregado, aumenta o temor da desconfiança social, da frustração de sonhos que demoraram anos a construir e um segundo a destruir, da possibilidade de alguém desesperar e iniciar-se no mundo do crime e das actividades anti-sociais, do consumo de substâncias paralisantes que anulam o interesse pela participação e empobrecem a sociedade, pela destruição da família, enfim… são incontáveis os estragos, os danos causados pelo desemprego, pela marginalidade ou pela falta de esperança e oportunidade que acarreta.

Acredito não existir solução para este problema crescente e para os danos que causa à sociedade em geral, enquanto não for encontrada uma mudança corajosa de paradigma, que possa devolver a esperança e os factores de desenvolvimento social e humano necessários ao crescimento de uma Europa novamente. As soluções ousadas outrora já não são credíveis pelos enormes danos que causam, assim uma guerra não estimula mais os dirigentes, agora mais esclarecidos e sabedores que o crescimento económico que estas causam são efémeros, para além da contestação social de um povo cada vez mais esclarecido, a esse tipo de governação.

A solução poderia muito bem passar, pela corajosa alteração do paradigma, pela abordagem e estudo de alterações a implementar ao nível legislativo, que evitassem mais austeridade e despedimento, paralisantes da sociedade, do consumo, do desenvolvimento e da qualidade de vida, etc.

Usando como exemplo uma profissão, facilmente se poderia perceber os inúmeros benefícios alargados a outras actividades profissionais. Então imaginemos no caso da profissão de um professor:

Actualmente os professores estão num enorme desconforto, cada vez mais despedidos após passarem a horários zero, em que são pagos para não produzir por um período de tempo. Estão sobrecarregados com trabalho administrativo outrora executado pelas secretarias. Acumulam cada vez mais funções, trabalham mais horas, tem mais alunos e mais turmas, mais acções de formação, enfim… mais doenças psiquiátricas, mais esgotamentos, mais famílias desfeitas, mais despesas de todo o género, mais pressão e sofrimento, etc… etc…

Agora imaginemos, porque não por exemplo, para uma disciplina haver 2 professores atribuídos? 

Porque não pode cada um deles dar 2 dias de aulas sozinho + 1 dia de aulas em conjunto com o segundo professor e ter os dois restantes dias da semana livre. Dois dias da semana para se dedicar legitimamente a outra coisa que quisesse, imaginemos, fotografia, outro trabalho, alguma coisa que para além da sua profissão de professor gostava ter experimentado e que uma só vida tão preenchida não permite. Ou apenas descansar.

Então o estado existiria para criar legislação que permitisse estes mecanismos de funcionar.

Nesses restantes dias estaria desvinculado da escola, para o que quisesse e receberia apenas uma parte do seu vencimento normal durante esse período, já que estaria livre para fazer o que quisesse. Até ter outro emprego noutra área caso quisesse.

As vantagens são muitas, quando se encontrasse no dia em que estaria a dar junto aulas, poderia com o seu colega professor rever procedimentos, agir consolidadamente para obter resultados a dobrar, aprender com uma outra visão e consolidar trabalho. Dois dias um, um dia comum e dois dias o outro, estava fechado o ciclo. Os alunos com mais um professor, redobrada atenção e disponibilidade, redobrado o rendimento escolar.

Em consequência haveria muito menos desemprego, mais tempo livre para todos, mais felicidade, mais pró-actividade, mais riqueza e poder de consumo.
Vejamos ao nível até das profissões de topo, os gestores de áreas sensíveis. Só haveria a ganhar, muito mais garantida estaria a acção de dois gestores especializados, em que as decisões são partilhadas e as visões são mais abrangentes, que apenas como actualmente acontece, um gestor; quando se descobre a sua incompetência já o dano está feito, os prejuízos feitos e sem ninguém para dar conta a tempo só porque ele, sendo de topo não tem ninguém a quem dar conta em tempo útil.

Não seria necessária nem metade da fiscalização restringidora que agora existe, penalizando a torto e a direito para apanhar nas suas malhas algum dos peixe miúdo e o graúdo depois de ser notícia, passar incólume.
Um estado que se diz democrático, não se pode responsabilizar somente por uma parte de seus cidadãos e contribuintes. Não pode ter de um lado, alguns ricos e do outro muitos pobres, terá que ter de um lado menos ricos e do outro lado, nenhuns pobres, no que concerne aos que querem legitimamente estar na sociedade de forma activa.

Se não existe trabalho para todos na forma que a sociedade está regulamentada, mude-se as regras e não se marginalize as pessoas. Isso é dar um tiro no pé.

Uma sociedade com enorme desemprego de uma força jovem e preparada, em que simultaneamente se exige que as pessoas trabalhem até aos 65 anos de idade para se reformarem, andando-se a destruir em sua saúde, não é uma sociedade idónea. Só se for para os lobbies das farmacêuticas.

Tem que deixar de haver esta noção de poleiro, de lugar ao sol, para passar a existir uma noção nova e inspiradora, de haver um lugar para partilhar responsabilidades e atribuições, havendo lugar para todos o que se queiram integrar, oportunidades em todas as áreas.

Não existem lugares suficientes? 
Dividem-se em democracia os lugares existentes pelas pessoas, cria-se legislação para isso, afinal já é altura chegada de se poder trabalhar e simultaneamente levar uma vida mais digna.

Pelo menos podia-se começar em algum lado um projecto piloto e a assembleia da república seria um óptimo lugar, pois muitas das ideias empedernidas que lá estão residentes, haveriam de ser colocadas em confrontação construtiva com novas formas de ver e agir, mais preparadas e inconformadas.

Seria a forma de unir a sabedoria da prática com o sangue jovem do ideal.
Afinal seria a forma de Portugal dar um exemplo ao Mundo.

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