na aproximação do dia 1 de Maio,
dia do mundial do trabalhador, ocorreu pensar nas ultimas noticias reveladas
pelos vários órgãos de comunicação social, que aponta cada vez para uma maior percentagem
de desempregados, tanto a nível nacional como ao nível europeu.
Em cada novo desempregado, é uma
sociedade que relembra o falhanço do que lhe esteve na origem. É a completa incoerência
com os seus valores apregoados nos dias de hoje quase à pressão, pelos políticos
e agentes sociais, cada vez mais desesperados com uma realidade que não
conseguem conter.
Em cada desempregado, aumenta o
temor da desconfiança social, da frustração de sonhos que demoraram anos a
construir e um segundo a destruir, da possibilidade de alguém desesperar e
iniciar-se no mundo do crime e das actividades anti-sociais, do consumo de substâncias
paralisantes que anulam o interesse pela participação e empobrecem a sociedade,
pela destruição da família, enfim… são incontáveis os estragos, os danos
causados pelo desemprego, pela marginalidade ou pela falta de esperança e
oportunidade que acarreta.
Acredito não existir solução para
este problema crescente e para os danos que causa à sociedade em geral,
enquanto não for encontrada uma mudança corajosa de paradigma, que possa
devolver a esperança e os factores de desenvolvimento social e humano necessários
ao crescimento de uma Europa novamente. As soluções ousadas outrora já não são credíveis
pelos enormes danos que causam, assim uma guerra não estimula mais os
dirigentes, agora mais esclarecidos e sabedores que o crescimento económico que
estas causam são efémeros, para além da contestação social de um povo cada vez
mais esclarecido, a esse tipo de governação.
A solução poderia muito bem
passar, pela corajosa alteração do paradigma, pela abordagem e estudo de alterações
a implementar ao nível legislativo, que evitassem mais austeridade e
despedimento, paralisantes da sociedade, do consumo, do desenvolvimento e da qualidade
de vida, etc.
Usando como exemplo uma
profissão, facilmente se poderia perceber os inúmeros benefícios alargados a
outras actividades profissionais. Então imaginemos no caso da profissão de um
professor:
Actualmente os professores estão
num enorme desconforto, cada vez mais despedidos após passarem a horários zero,
em que são pagos para não produzir por um período de tempo. Estão
sobrecarregados com trabalho administrativo outrora executado pelas secretarias.
Acumulam cada vez mais funções, trabalham mais horas, tem mais alunos e mais
turmas, mais acções de formação, enfim… mais doenças psiquiátricas, mais
esgotamentos, mais famílias desfeitas, mais despesas de todo o género, mais
pressão e sofrimento, etc… etc…
Agora imaginemos, porque não por
exemplo, para uma disciplina haver 2 professores atribuídos?
Porque não pode
cada um deles dar 2 dias de aulas sozinho + 1 dia de aulas em conjunto com o
segundo professor e ter os dois restantes dias da semana livre. Dois dias da
semana para se dedicar legitimamente a outra coisa que quisesse, imaginemos,
fotografia, outro trabalho, alguma coisa que para além da sua profissão de
professor gostava ter experimentado e que uma só vida tão preenchida não
permite. Ou apenas descansar.
Então o estado existiria para
criar legislação que permitisse estes mecanismos de funcionar.
Nesses restantes dias estaria
desvinculado da escola, para o que quisesse e receberia apenas uma parte do seu
vencimento normal durante esse período, já que estaria livre para fazer o que quisesse.
Até ter outro emprego noutra área caso quisesse.
As vantagens são muitas, quando
se encontrasse no dia em que estaria a dar junto aulas, poderia com o seu
colega professor rever procedimentos, agir consolidadamente para obter
resultados a dobrar, aprender com uma outra visão e consolidar trabalho. Dois
dias um, um dia comum e dois dias o outro, estava fechado o ciclo. Os alunos
com mais um professor, redobrada atenção e disponibilidade, redobrado o
rendimento escolar.
Em consequência haveria muito
menos desemprego, mais tempo livre para todos, mais felicidade, mais pró-actividade,
mais riqueza e poder de consumo.
Vejamos ao nível até das
profissões de topo, os gestores de áreas sensíveis. Só haveria a ganhar, muito
mais garantida estaria a acção de dois gestores especializados, em que as
decisões são partilhadas e as visões são mais abrangentes, que apenas como actualmente acontece, um gestor; quando se descobre a sua incompetência já o dano está
feito, os prejuízos feitos e sem ninguém para dar conta a tempo só porque ele,
sendo de topo não tem ninguém a quem dar conta em tempo útil.
Não seria necessária nem metade da
fiscalização restringidora que agora existe, penalizando a torto e a direito
para apanhar nas suas malhas algum dos peixe miúdo e o graúdo depois de ser notícia,
passar incólume.
Um estado que se diz democrático,
não se pode responsabilizar somente por uma parte de seus cidadãos e
contribuintes. Não pode ter de um lado, alguns ricos e do outro muitos pobres,
terá que ter de um lado menos ricos e do outro lado, nenhuns pobres, no que
concerne aos que querem legitimamente estar na sociedade de forma activa.
Se não existe trabalho para todos
na forma que a sociedade está regulamentada, mude-se as regras e não se
marginalize as pessoas. Isso é dar um tiro no pé.
Uma sociedade com enorme
desemprego de uma força jovem e preparada, em que simultaneamente se exige que
as pessoas trabalhem até aos 65 anos de idade para se reformarem, andando-se a
destruir em sua saúde, não é uma sociedade idónea. Só se for para os lobbies
das farmacêuticas.
Tem que deixar de haver esta noção
de poleiro, de lugar ao sol, para passar a existir uma noção nova e inspiradora,
de haver um lugar para partilhar responsabilidades e atribuições, havendo lugar
para todos o que se queiram integrar, oportunidades em todas as áreas.
Não existem lugares suficientes?
Dividem-se
em democracia os lugares existentes pelas pessoas, cria-se legislação para
isso, afinal já é altura chegada de se poder trabalhar e simultaneamente levar
uma vida mais digna.
Pelo menos podia-se começar em
algum lado um projecto piloto e a assembleia da república seria um óptimo lugar,
pois muitas das ideias empedernidas que lá estão residentes, haveriam de ser
colocadas em confrontação construtiva com novas formas de ver e agir, mais preparadas
e inconformadas.
Seria a forma de unir a sabedoria
da prática com o sangue jovem do ideal.
Afinal seria a forma de Portugal
dar um exemplo ao Mundo.
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