Uma das obras mais célebres do Século XX, rapidamente traduzida para quase todas as línguas, é a Vida de Jesus, de autoria de Ernest Renan.
Em 1862, o autor foi nomeado professor de hebraico no Collège de France. O governo de Napoleão III suspendeu o curso, após a primeira aula.
Isso porque Renan chamara Jesus de Homem Incomparável. Um Homem acima de todos os profetas, ímpar, sem igual. Mas, um homem.
Para ele, a popularidade de Jesus procedia daquele amor raro que Ele oferecia a todas as gentes, um amor incondicional.
As pessoas não estavam acostumadas a esse tratamento. Acabavam se maravilhando e entregando suas próprias crenças ao serviço da Boa Nova apaixonante.
Também o discurso do Nazareno, de fácil compreensão, cheio de parábolas sábias e ilustrativas, soava aos ouvidos como o mais belo e convincente.
Eram palavras que prometiam uma nova vida, cheia de esperança e livre das dores humanas. Uma filosofia nunca dantes apresentada.
A vida de Jesus é verdadeiramente arrebatadora. Muito a respeito dessa invulgar personalidade já se escreveu.
Seus primeiros biógrafos, os quatro Evangelistas, O retratam como um homem fora do Seu tempo.
Nem poderia ser de outra forma. Conforme os ensinos dos Espíritos, Jesus é o único Espírito Perfeito que habitou a Terra.
Por isso, Suas acções, Seus ensinos extrapolam os conceitos da Humanidade que ainda não alcançou a excelência das virtudes.
Como pedagogo de excepcionais qualidades, Ele viveu o que ensinou.
Disse que se deveria oferecer ao agressor a outra face, ou seja, não revidar o mal recebido.
E, sendo traído por um dos Seus, para ele somente teve gestos de afecto. Quando recebe o beijo da traição, indaga: Amigo, a que viestes? Ou seja, o que você deseja? Por que vem a mim, na calada da noite, com soldados armados?
Senhor do Mundo, Se submeteu ao julgamento do procurador da Judeia, que estava muito mais interessado em manter a sua posição e o seu poder do que, verdadeiramente, julgar com imparcialidade e nobreza.
Tão verdadeiro é esse posicionamento que, mesmo não tendo encontrado nada que devesse ser punido naquele homem, lhe confere a sentença de morte.
E O manda executar da forma terrível que Roma reservava para os revolucionários, os que se erguiam contra o Império.
Contudo, o Pastor das Almas somente teve palavras de perdão. Em meio à agonia da cruz, roga ao Pai que a todos perdoe, pois que não sabem o que fazem.
O supliciado Se preocupa pelo futuro dos Seus algozes.
Arauto da Imortalidade, entregou o Espírito ao Pai, em lacónica mas profunda prece.
E, adentrando a Espiritualidade, retornou glorioso, demonstrando que a morte não Lhe destruíra senão o corpo físico.
Ele estava ali, triunfador da morte, testificando que a vida prossegue, que quem parte não esquece os que permanecem na Terra.
E, aparecendo no cenáculo a portas fechadas, fazendo-Se anunciar por vento brando; ou aguardando na praia os companheiros que vinham da pesca, demonstra estar vivo, presente, actuante.
Sim, tinha razão Ernest Renan ao apresentá-lO como um Homem Incomparável, o maior entre todos os Profetas: Nosso Mestre e Senhor Jesus.
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