Era um dia como outro qualquer. As malas do casal já estavam prontas desde o dia anterior. Despediram-se do único filho e saíram em viagem para participar das festividades do casamento de uma sobrinha, que residia em Estado vizinho. Tão logo se distanciaram do lar, a esposa pediu ao marido que retornasse, pois gostaria de despedir-se do filho. O marido a fez lembrar que já o haviam feito, mas ela insistiu. Aquela mãe sentia que não voltaria a rever o filho amado, nem iria estreitá-lo num abraço apertado na presente existência. Sentia que aquela viagem era definitiva. De alguma forma ela pressentia isso. O marido, um tanto contrariado, atendeu ao pedido da esposa e voltou. O filho, ao vê-los, pensou que se haviam esquecido de algo. Mas a mãe logo o envolveu num suave abraço maternal, como a dizer-lhe adeus. Como quem se despede sem saber quando voltariam a reencontrar-se novamente.
Seguiram viagem, participaram das festividades, reviram os parentes, e por fim, o retorno.
Antes porém, a esposa pediu ao marido que fizesse uma prece, ao que ele respondeu que já havia orado, que o fato de não abraçarem a mesma religião não o fazia menos crente
Aquela mãe e esposa pressentia que já era hora de fechar a mala e retornar à pátria espiritual.
Alguns meses depois de sua partida, um médium espírita, amigo da família, que a conhecera ainda no corpo, trouxe a notícia de que a havia visto no mundo espiritual, que ela estava bem, feliz por ter deixado na Terra dois homens: o marido e o filho. Feliz não por tê-los deixado, mas por tê-los deixado bem. O filho já moço e o marido bem orientado. Cumprira a sua missão de esposa e mãe.
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Fatos como esse acontecem diariamente. Uns voltam à pátria espiritual pelas portas do túmulo e outros tantos chegam pelas portas do berço. Mas a questão é se estamos preparados, ou se preparamos os nossos entes caros para quando chegar a nossa hora. Que ela chegará, não nos resta dúvida, mas quando chegará não sabemos. É importante que vivamos sempre em harmonia com nossos afectos, para que o remorso não nos dilacere a alma, depois da partida. É preciso que deixemos as nossas coisas sempre em ordem, não esperando a morte, mas com previdência, para que em chegando a nossa hora, não deixemos os nossos em situações difíceis. Será que nós, que temos filhos, temos procurado edificar suas vidas de forma que quando não tiverem mais a nossa presença saibam tomar decisões acertadas?
Ou será que os mantemos em total dependência nossa?
Pensemos nessas e noutras questões, e sejamos de fatos previdentes. Deixemos a nossa mala sempre arrumada para quando chegar a nossa hora, a fim de que evitemos dissabores mais tarde.
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A preocupação com os afectos que ficaram é uma das causas de sofrimento para o Espírito desencarnado. A maioria dos que partem diariamente nunca se preocupou em deixar em dia seus negócios, papéis e as relações de afecto. Por isso sofrem quando se dão conta que é tarde demais. Muitos dariam tudo que lhes fosse possível, pela oportunidade de algumas palavras com os entes caros, com intuito de alertá-los para a realidade que a todos nos aguarda após a aduana do túmulo. Acontece como na Parábola de Lázaro e o Rico, narrada nos Evangelhos. O rico, deparando-se com a realidade após a morte, queria voltar para falar aos familiares para que mudassem o rumo de suas vidas. Mas o Espírito de Abraão disse-lhe que ele tivera tempo para isso, e que seus familiares tinham os Profetas, que os ouvissem portanto.
Pensemos nisso.
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