quarta-feira, julho 29, 2009

Peregrinação

Peregrinação – um abrandamento externo face a uma aceleração interna.
Aqui estou pelo trilho, bem-disposto, com muito optimismo. Tomara este optimismo floresça pelo mundo, pois certamente não são poucos os necessitados de algum descanso. De tanto assédio, tanto stress, tanta violência e desencontro. Tomara que doravante este optimismo invisível aos olhos, sejam testemunho dos correios espirituais responsáveis pelas notícias. Noticias que ao espalhar-se inspirarão mesmo aqueles, que aqueles jornais não lêem. À entrada desta cidade (Estarreja), sou surpreendido com uma placa colocada num cruzamento que menciona segundo o decreto 36.448 –“é proibida a mendicidade”. Acho este decreto uma ironia absoluta, criado para servir uma humanidade doentia, cheia de penúrias e necessidades…
Peregrinação – um abrandamento externo face a uma aceleração interna.
Se as pessoas que pedem graças à Mãe do Céu, não bloquearem à primeira contrariedade, se não ajuizarem a divina ajuda, não amuarem em birras de criança mimada, certo estejam: a Mãe do Céu só necessita de um pouco de colaboração, um pouco de confiança e tudo, mas tudo se resolverá. E como um inesperado e maravilhoso presente, como uma espécie de recompensa, para além dos problemas onde solicitaste ajuda encontrarem resolução, obterás algo inesperado. As respostas do teu agir, as tuas motivações profundas, a integração matrimonial com a ciência amorosa dos céus, incompreensível para os homens, senão através de um processo de iniciação como o descrito ou algum outro semelhante.
Peregrinação – um abrandamento externo face a uma aceleração interna.
Normalmente todos os humanos são como uns bebés espirituais, na escala do cosmos. Uns queridos e bonitos bebés mimados. Esse é o estado actual da humanidade. Devemos aprender. Aprender a deixar de ser conduzidos, a deixar cair o baralho de cartas sem medo. É um jogo que além de nunca ganharmos, não é tão pouco o nosso jogo mais. O nosso trabalhar deve agora recair sobre nós mesmos, ser um poderoso íman orientado por forças celestes, para semear pré-aventurança futura. Homens e mulheres acordem de vossas máscaras perversas. Queimem em vossa direcção todas as maleitas do vosso pensar, pensem finalmente na forma como vêem e decidem sobre vós mesmos. Deixem reflectir-se a luz sobre os demais. Nós vimos por vós.
Peregrinação – um abrandamento externo face a uma aceleração interna.
A fé é também acreditar que tudo terá o seu destino. Nem que este seja o infinito indefinível. A fé é a consciência da expansão energética das tuas moléculas. É saber, ou querer saber até onde percepcionas, interages. Para além dos sentidos grosseiros, apesar de ser um veículo do original. A fé é o amor-dos-homens, é ser-se leal. A fé não está na escrita, não tem formulário, pode ser até considerada herege aos olhos de vulgo homem contemporâneo. O discurso mantêm-se, as atitudes o retêm. O conteúdo é abrangente. É realização. Não tem que ver com dinheiro, ou algo que se tenha conseguido adiante. È coisa de berço. È algo que nasce contigo como trave mestra, a que suporta todas as outras. Ser diferente é assumir a sua originalidade. É reconhece-la, cultiva-la e vivenciar a sua luz. Repete-se o que outrora se disse; não é donde tu vens é muito mais o que tu és, a quantidade de ti que trazes à luz. Porque o restante é mentira, subterfúgios de onde te esqueces de ti, não trabalhando sobre ti cospes nas tuas escolhas. Assumir. É necessário assumir e ainda mais, coragem para mudar. A Mãe do Céu nos guie a todos mesmo, e em nossos leitos de morte rogue por nós. Tentar chegar a alguém por amor é tão essencial como usar o sábio critério de quem sente estas coisas. É que nem sequer o que se dá como certo serve, até uma primeira investida. É que tem tanta, mas tanta coisa fora do lugar-comum, que não dá para enxergar aos olhos do que se sabia assertivamente, sem se conhecer o assunto em questão. Tem gente que não te quer, não tentes obrigar. Tens que sentir o teu caminho sem perdular, manteres o rumo e estar atento nas novidades ou seja, quando te podes dar aos outros. Tem gente diversa de mais por aqui. Tem quantos planetas representados aqui? Sendo este um lugar escola, um exílio e um candidato a um mundo num futuro predominantemente de bem… mas são imensas as impossibilidades… aliás tantas as quantas o não tentar manter o animo, acreditar sempre, escolher um pouco, nunca partidarizar. Ver umas pessoas como uma namorada, outras apenas como conhecidas e outras ainda ilustres desconhecidos. Tudo isto é honroso. Jamais ver como inimigos, pois ai é que se joga o território trevoso. Aprendi que dentro de cada um de nós acontecem muitíssimas personagens, quase em simultâneo coabitam e manifestam-se, ao gosto das atenções que lhes é dispensada. Aprendi que mesmo dentre nós humanos, em nossa mais ou menos bem conseguida única máscara, não há uma rigorosamente igual. Que mundo este maravilhoso, que somente no género humano se vislumbram tais possibilidades. Há que largar portanto os estereótipos. Redescobrir as personagens, manifestar aquelas que se ache por bem compreender, ou tentar compreender aquelas outras. Certo é: como pode alguém afirmar que está só?
Peregrinação – um abrandamento externo face a uma aceleração interna.

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