Referidas até em relatos bíblicos, as pragas de gafanhotos sempre assustaram os agricultores. E segundo a tradição, em tempos idos, Castelo Novo esteve ameaçado por um praga de gafanhotos.
Vivia próximo desta aldeia uma rapariga de seu nome Belisandra e que por causa da sua fama de bruxa vivia na mais completa solidão, tendo por companhia, unicamente, um gato.
Sempre que necessitava de ir á aldeia, a pobre Belisandra tinha de enfrentar um coro de maledicência, risinhos de troça e o desprezo de todos.
Embora em horas de aflição, muitos a ela recorrerem-se em segredo, em publico troçavam dela como se uma maldição se tratasse. Do mesmo castigo sofrera sua mãe Lisandra e sua avó Cassandra.
Nunca ninguém tinha presenciado nada que confirmasse tais historias, mas dela se dizia que controlava o sol e a chuva, que curava doenças, que ensinava a melhor maneira de fazer filhos homens, e assim por diante…
Belisandra atendia quem a procurava mesmo sabendo que no dia seguinte todos continuariam a dizer horrores sobre ela.
Um belo dia estando os campos cobertos de belas searas e o povo preparando-se para colher os frutos do seu trabalho, viram surgir no céu uma espessa nuvem que quase cobriu o sol.
A princípio ninguém percebia do que se tratava, mas aos poucos compreenderam que se avizinhava uma praga de gafanhotos. E pela primeira vez, em grupo, recorreram a Belisandra que a todos surpreendeu quando lhes disse que deveriam fazer uma Procissão à Senhora da Misericórdia porque só ela lhes podia valer.
Assim fizeram e conta a lenda que ainda a procissão ia no adro já os gafanhotos caíam mortos às centenas.
O povo prometeu fazer a procissão todos os anos e cumpriu, porque ainda hoje em Setembro a tradição se mantém. Belisandra continuou a viver a sua vida solitária, pela fama de bruxa, mas desde esse dia o povo passou a respeitá-la.
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