quinta-feira, setembro 05, 2013

Senhora da Penha


Meus 50 anos decidi festejar de forma o mais possível diferente e memorável.Assim partilho esta notável experiência que muito me encantou...
 
Lenda da Penha da Senhora da Serra
 
Os vestígios arqueológicos conhecidos sugerem uma ocupação humana do território provavelmente desde o Neolítico e Calcolítico, projectando-se num crescimento de testemunhos que se referem às idades do Bronze e do Ferro, na Época Romana e no período dos Visigodos e dos Muçulmanos.
 
Numa cota de cerca 1147 metros, no alto da Serra da Gardunha, sobre a vertente norte da aldeia de Castelo Novo, situa-se uma intrusão granítica, trata-se do sítio de Nossa Senhora da Penha. As coordenadas geográficas:  40º 05' 50,86'' N. e 07 º 30' 40,44'' O .

É um sítio Magnífico, situada no cimo da serra da Gardunha, de onde se domina toda a cova da beira para norte e toda a campina a Sul. Certamente de uma enorme vantagem na Antiguidade, este ponto Granítico no cimo do monte Ocaya, assim se chamava a Serra da Gardunha na Antiguidade.

Os Montes na Antiguidade eram em alguns casos lugares Sagrados,  tendo mesmo o nome de Monte Sacro que derivou para Monsanto, na antiguidade acreditava-se que  os Montes, por  se encontrarem mais próximos do Mundo Celeste onde residiam os principais Deuses, por esta Razão encontramos os principais Templos em cotas elevadas.


O Penhasco da senhora da Penha não é exclusão, há regra terá existido ali um local Sagrado, onde os povos da idade do Bronze e do Ferro ( povos Indígenas  que ocuparam este local cultoavam as suas divindades e sendo assim divindades como Trebaruna, Reva e outras poderiam ter ali sido cultoadas pelos Lancienses Ocelenses. 
 
Em baixo surpreendeu a diferença de cor na vegetação, onde parece existir um "corredor mais seco entre vegetação. 

Lá em baixo na curva o ponto quase imperceptível, é a Honda TransAlp em que fiz a viagem de cerca de 680 kms em dois dias e portou-se sempre como quem dizia; QUERO MAIS!!!!
 
deste mesmo ponto elevado na direcção oposta
 
Lá no alto da Gardunha, no meio de um sem fim de fragas que se entranham pelo Céu a dentro, em terras do Souto a dar para Castelo Novo, por baixo de um dos múltiplos penhascos, aparece a gruta da Capela da Senhora da Serra.

Local aprazível, onde o horizonte termina bem longe, e o domínio visual sobre a Gardunha é soberbo. O imaginário, o misterioso, a fantasia, o oculto, a surpresa, a dúvida o conto e a lenda têm todos lugar aqui, – no Sítio da Penha.

Vamos apenas falar do que sabemos. E mesmo isso, referimo–lo porque no–lo contaram!

A Penha, toda ela se encontra situada nos limites da Freguesia do Souto da Casa. Logicamente e por consequência daquela afirmação, a gruta que durante muitos anos albergou a Capela da Senhora da Serra, encontra–se completamente dentro daqueles mesmos limites.

Importa ainda referir para uma melhor compreensão daquilo que pretendemos transmitir,que a delimitação da nossa Freguesia com a de Castelo Novo é "por águas vertentes".

Consta que: A disputa da posse da Capela e da Imagem da Senhora da Serra, foi uma constante durante muitos anos, criando uma rivalidade temerária entre os dois povos vizinhos. De tal ordem se criaram situações extremas, que a população de Castelo Novo cuja povoação se encontra bem mais perto da Penha que a do Souto da Casa, chegou a "roubar" a imagem da Capela e instala–la na sua Igreja Matriz.

«Porque a Senhora não queria nada com o Povo de Castelo Novo», regressou pouco tempo de pois à sua "moradia" original: – à Capelinha, na Penha.

Não satisfeitos com tal situação e desconfiados que tivessem sido os seus vizinhos a levar a Imagem de volta à Penha, os de Castelo Novo voltaram a traze–la para a sua Aldeia.

Dias depois (poucos, naturalmente!), meia dúzia de homens destemidos e corajosos do Souto da Casa, pela calada da noite, resolveram fazer a vontade à Senhora e carregando–a ao colo, levaram–na de regresso à Sua verdadeira Casa.

Novamente o orgulho, a força do desafio e o sentimento da rivalidade soou mais alto e os homens de castelo Novo tornaram à Penha para levar consigo a Imagem da Santa que tanto desejavam como sua. Só que desta vez, «a Senhora chorou». 

E «fê–lo porque não queria mais ser roubada por ninguém. – também, porque não era Seu desejo ir novamente para Castelo Novo»

Os de Castelo Novo, temeram aquelas lágrimas mas jamais iriam prescindir de uma preciosidade a que se julgavam com direito.

Os dos Souto da Casa, cumprindo com o desejo da Santa, não mais voltaram a resgatá–La. Preferiram antes, sair prejudicados no seu orgulho e nos seus sentimentos, que voltar a sentir lágrimas no rosto da Santa.


Por tudo isto, ainda hoje, a Imagem da Senhora da Serra continua em Castelo Novo e a Sua Antiga Capela no alto da Serra, – no sítio da Penha, continua vazia e sem qualquer utilidade.
 
outra versão-«...uma mulher de Alcongosta ter ido à lenha para a serra,fazendo-se acompanhar pela sua filha de tenra idade, esta ali se perdeu, sem que fosse possível descobri-la, apesar das diligencias feitas. Voltou a mãe ao seu povo muito melancólica por este acontecimento e foi com os seus vizinhos novamente procurar a menina perdida, aonde só a puderam achar ao fim de 3 ou 4 dias dentro da Gruta de nossa senhora da Serra! 

Tendo ficado estupefactos, quando encontraram a menina viva, pois já todos a supunham morta.

Achando-a dentro da Caverna formada entre dois rochedos; mas qual seria a sua admiração quando fitaram os olhos numa perfeitíssima imagem da Senhora da Serra (...), e mais admirados ficaram quando a menina lhes disse: - que a senhora lhe havia dado de comer, alimentando-a por todo o espaço de tempo, através de uma campainha!

Este milagre foi divulgado pela região e fizeram-se romarias á senhora da Serra. (...), sendo parte da despesa abonada por El-Rei  o senhor D. João V, datada de Maio de 1731:

"poderão os vereadores gastar um jantar, na festividade que costuma fazer-se a nossa senhora da serra, por voto muito antigo do povo".» (CARDOSO,J. I.; 2005)

 
estas rochas em cimo da Serra mais pareciam cortadas como muralhas, da forma em alguns locais que entretanto explorei enquanto houve luz, estavam talhadas em linhas espantosamente rectas.
 
 
parece uma imagem gravada nesta espécie de recipiente natural...
 

 
O facto de aparecer uma imagem em Pedra muito 
antiga, que aparece como explicação de
uma imagem de nossa senhora em Pedra, trazida 
pelos Godos quando em 711 fugiram
aos Muçulmanos e tendo-se refugiado na Gardunha os habitantes da Idanha. 

Certo que Guarda de unha, significa refugio e o nome actual de Gardunha poderá derivar destas duas palavras.

podemos pensar ainda que a senhora da serra, que já não existe, uma vez que se partiu numa das procissões e terá mandado fazer uma réplica em Coimbra, réplica esta que se encontra em Castelo Novo.

Não é de excluir a hipótese de esta imagem ser uma Deusa Pagã em Pedra e ao ter sido compreendido tal facto pelo Bispo da Guarda e aproveitando-se dos factos dos desentendimentos entre povoações, terá resolvido mandar destruir o sitio de culto, não seria caso único esta situação, a população pensou ter caído no local um raio que destruiu a Capela.

Se pegarmos nos textos de Estrabão Geo III  sobre os 

Lusitanos «..que viviam em Castros, sacrificavam os 

prisioneiros atirando-os das montanhas e abriam-lhes as 

entranhas para adivinharem o futuro...» 

( ESTRABÃO: geo III) É evidente que só uma intervenção 

arqueológica profunda um dia poderá  esclarecer 

estas duvidas.
 
 
A LENDA DA GARDUNHA
No tempo em que vieram os Mouros, com muitas guerras, havia na povoação de Idanha-a-Velha um homem viúvo e rico que se casou com uma mulher muito mais nova que ele.

Esse homem tinha uma filha da primeira mulher, ainda pequena e muito linda, que a madrasta não tratava lá muito bem, ralhando-lhe por tudo e por nada.

A menina tinha um cão, que era seu grande amigo e a acompanhava para todos os lados.

A madrasta maltratava o cão, para fazer zangar a menina que era sua enteada. A menina chorava agarrada ao cão.

Um dia, a madrasta bateu com um pau no cão e a menina refilou com ela. Em resposta, levou duas lambadas da madrasta, que ainda lhe disse que, se dissesse alguma coisa ao pai, que a matava. A ela e ao cão.

A menina mais se pôs a chorar. Agarrou-se ao seu amigo cão e disse-lhe que iam os dois fugir de casa. Às escondidas, arranjou uma merenda com pão, queijo e chouriça, pôs um xaile pelos ombros e correram para fora da povoação. Avistando uma serra ao longe, a menina disse para o cão:
Farrusco, vamos para aquela serra, que nós lá nos arranjamos!

O cão sacudiu as orelhas, deu dois pinotes e arrumou-se às pernas da amiga.

Lançaram-se, então, pelos caminhos na direcção da serra, que se alevantava ao longe. Caminharam, caminharam, por veredas e caminhos. Quando chegaram aos altos da serra, já estava o dia quase a acabar. Andando mais um pouco, pelo cimo, a menina viu uns grandes penedos, onde encontrou uma grande lapa. O cão entrou na lapa e voltou a abanar o rabo. Com medo, a menina entrou logo na lapa, com o amigo cão. Sentaram-se e comeram a merenda. 

Já pelo escuro, a menina e o cão aconchegaram-se no xaile para passarem a noite. A menina estava afoita, porque tinha o cão que a guardava. Lá adormeceram.

Já com a claridade da manhã a entrar na lapa, a menina sentiu que alguém lhe batia no ombro. Levantou-se, olhou em volta, mas apenas vislumbrava alguma claridade. Ao lado, o cão pulava.

Os ares tornaram-se mais claros e no fundo da lapa apareceu um grande brilho. De lá, saiu uma Senhora muito linda, vestida de branco e a sorrir.

A menina e o cão ficaram parados a olhar para a Senhora.

Então, a Senhora, com uma voz que parecia vir dos altos, disse:
- Menina! Tens de ir à tua terra, para levares um recado.

A menina arrepiou-se e perguntou à Senhora:
- Quem é vossemecê?

A Senhora, rindo-se, disse-lhe:
- Eu sou a Nossa Senhora! Vim do Céu para te ajudar, a tia e ao povo da tua terra!

A menina ficou muito atrapalhada, a olhar a Senhora.
A Senhora caminhou para junto da menina, pôs-lhe a mão no ombro e disse-lhe:
- Vai a correr à tua terra e diz ao teu pai e a todo o povo que fujam para aqui, porque os Mouros já vêm perto, para matarem tudo. Aqui, podem muito bem defender-se, para se salvarem.

A menina e o amigo cão correram logo pela serra abaixo. O cão à frente, porque conhecia melhor o caminho.

Logo que chegou à Idanha, a menina contou ao pai o que tinha acontecido. Que a Nossa Senhora lhe apareceu e que lha disse para fugirem da Idanha.

O pai não acreditou e disse à filha que ela devia estar doente ou a sonhar.

A menina continuou a dizer ao pai que tudo era verdade. Que a Senhora lhe disse que veio do Céu para os avisar e lhes acudir. Que fugissem todos para a serra, porque os Mouros já estavam perto da Idanha.

A notícia correu logo pelas ruas e pelos campos. O povo, cumprindo o que a Senhora dissera à menina, logo fugiu e foi acoitar-se pelos penedos e pelas lapas da serra, esperando o que viesse, bom ou mau.

Quando os Mouros chegaram, já ninguém estava na Idanha. Só encontraram as casas vazias. Correram para a serra, procurando os da Idanha, mas foram derrotados pelo povo que fugiu. Nas alturas da serra, estavam em posições vantajosas e ainda, por cima, protegidos pela Nossa Senhora.

O povo da Idanha, que fugira para a serra, por ter sido avisado pela Nossa Senhora, começou a chamar Gardunha à serra, o que queria dizer: Guardou os da Idanha.

O povo da Idanha-a-Velha, refugiado na serra, logo transformou a lapa, onde aconteceu a aparição, numa capela e nela colocou uma imagem da Senhora, à qual passou a chamar Nossa Senhora da Serra e a adorá-la pelo milagre que fez.


Narrada por Laura Saraiva, natural de Castelo Novo, 97 anos, 1987, Alcaide.
 
 



 a pedra da meditação lá longe


o testemunho - a direcção





a passagem





































o falo
a noite...



... e muitas mais fotos haveria para partilhar, 
não há mesmo como deixar de lá ir...

Eu... certamente irei voltar!

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