terça-feira, dezembro 04, 2012

Luz...

Os que vivem no Ocidente,  surpreendem-se com o comportamento do povo japonês, ante os desastres do tsunami, do terramoto , das chuvas...
Nas imagens televisivas, nenhuma mostrou pessoas a lamentar-se, gritar e reclamar que haviam perdido tudo. A tristeza por si só já bastava.
E nas filas para água e comida, nenhuma palavra dura e nenhum gesto de desagravo.Somente disciplina.

Nenhuma corrida desenfreada aos mercados. As pessoas compravam somente o que realmente necessitavam no momento. Assim todos poderiam comprar alguma coisa.
Não se teve notícias de saques a lojas. Nas estradas, nada de buzinanço. Apenas compreensão.

Os restaurantes cortaram pela metade os preços. Caixas electrónicas foram deixadas sem qualquer tipo de vigilância. Os fortes cuidavam dos fracos.
Velhos e jovens, todos sabiam o que fazer e fizeram exactamente o que lhes fora ensinado.
Quando a energia acabava numa loja, as pessoas recolocavam as mercadorias nas prateleiras e saíam calmamente.


    Mas, com certeza, um dos relatos mais impressionantes é o de um imigrante vietnamita. Como policia, foi enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados.
    Era uma fila muito longa. Ele viu, no final da fila,  um garoto de uns nove anos usando apenas t-shirt e shorts.
    Estava a ficar  muito frio e o policia ficou preocupado que, ao chegar a vez do menino, poderia não haver mais comida.
    Foi falar com ele. O menino lhe disse que estava na escola quando a tragédia ocorrera.
    Seu pai trabalhava perto e dirigia-se para a escola. O garoto estava no terraço do terceiro andar quando viu o tsunami levar o carro do seu pai.  
    Quanto à sua mãe e sua irmã, por residirem próximos a praia, acreditava que não haviam sobrevivido.
    O garoto tremia. O policia tirou o casaco e o envolveu, abrigando-o.
    Também lhe ofereceu a própria bolsa de comida, e disse: Quando chegar a tua vez, a comida pode ter acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi.  Podes comer.
    Ele pegou na bolsa e  fez uma reverência. Depois, foi com ela até o início da fila e colocou-a onde toda a comida estava esperando para ser distribuída.
    O policia ficou chocado.  Perguntou-lhe porque ele não havia comido, em vez de colocar a comida para distribuição.                
    Sereno, ele respondeu: Porque vejo pessoas com mais fome do que eu. Se eu colocar a comida lá, eles vão distribuir a comida mais igualmente.
    Quando ouviu aquilo, o policia  virou-se para que as pessoas não o vissem chorar.
   E concluiu que uma sociedade que pode produzir uma pessoa de nove anos, que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior, deve ser uma grande sociedade, um grande povo.

    * * *
 
    Sociedade justa é aquela em que cada um queira para os outros o que para si mesmo deseja.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Somos todos 1???...

Ouço muitas vezes esta expressão... caramba... 
até dou por mim a escutá-la de minha própria iniciativa.

Parei...

Parei um pouco para aprofundar esta quase Universal afirmação contemporânea,
entre muitos grupos de estudos do género humano.

É uma frase profunda, mas se fosse uma corda...
quase não teria como a agarrar...

Quanto mais aprofundava e lembrava todos os eventos a ela associados...
todas as vezes a escutei pronunciar, por que meios, por que pessoas...
quando eu próprio a mencionei, com a respeito de quais assuntos...

Sou repetidamente colocado numa espécie de ponto de partida,
na marcha do seu entendimento profundo.

... Somos todos 1 ... 

pais, filhos, irmãos, irmãs, cunhados, vizinhos, genros, noras, tios, padrinhos, clientes, fornecedores, pintores, poetas escritores, observadores, velhos, recém-nascidos, colegas de trabalho, empregados, médicos, doutores, engenheiros, pobres, policias, inteligentes, dormentes, primos, amantes, malfeitores, ignorantes, professores... nas alegrias, dores, entregas, invejas, hipocrisias, companheirismos, confidencias, altruismos, autenticidades, fragilidades, exemplos, ... 

Somos todos 1 ...

gatos, pedras, passeios, arvores, ventos, nuvens, elevadores, telefones, postes, rádio amadores, livros, palavras, festas, formigas, fachadas, prédios, habitação, profissão, representação, momentos, diários, canções, palestras, mesas, camas, gavetas e pasta de dentes, colheres e o caldo que aquece, alimento, mar, sabão, espuma e lamina de barbear, palavrão, paz de espírito e bandido escondido, em baixo do edredão, cabeleireiro e candelabro, escultura e formão...

Somos todos 1 ...

 

 

quinta-feira, novembro 22, 2012

"O intelecto foi designado para ser o servo do coração (da Alma), para executar aquilo que for a alegria do coração."

Mensagem de P’taah – Plêiades
Fonte: http://www.ptaah.com/Welcome09Aug.html
Light Source P’taah©2000-2011

sexta-feira, outubro 19, 2012

aprendizagem / responsabilidade

a responsabilidade da aprendizagem, muito fomentada pelos gestos,
está alocada à observação do observador... muito mais que à do observado.

a dinâmica criadora onde acontecem as muitas vezes, quase imperceptíveis mudanças
que juntas alteram até paradigmas, não se revêem no observado enquanto destinatário.

elas germinam no seio do observador que inicia seu próprio processo e observação.

é a casa da consciência, da vontade e da obra genuína e autentica.
é onde afinal tudo acontece.

é a casa do amante e do enorme indefinível...
que de nós faz seu copo e seu prato.

é a praça cheia de vida, onde aconteces.

é o encontro calmo e harmonioso, 
com a  responsabilidade tua herança.

é a forma maravilhosa e sem forma,
de levares contigo aos melhores lugares...
o mundo.




quinta-feira, outubro 18, 2012

sexta-feira, outubro 12, 2012

Lines and Spirals / Linhas e Espirais


ENCARNAÇÃO…

Proponho a seguinte reflexão, a fim de possibilitar um exercício de visualização que pode ser interessante para a compreensão deste tema, segundo uma das muitas ópticas que o abordam.


Imagina que és um prédio…  


 que todas as pessoas são prédios de diferentes alturas…, diferente número de andares.

Deixemos o mundo exterior deste mapa de diversas torres que compõe este cenário proposto, de prédios mais ou menos cinzentos, mais ou menos altos, exteriormente pela densificação constituindo cidades…

Imagina então, neste cenário proposto, que tu própria és um prédio, uma torre com determinados andares, localizada num espaço qualquer dado desse imaginário.

Agora dessa visão exteriorizada, proponho a seguinte visualização…

Partindo do princípio que és esse prédio, pode ser como um paralelepípedo colocado ao alto, orienta a tua percepção para o seu espaço interior. Nesse lugar, já não vês nada mais nada para fora das paredes que o delimitam.


Agora imagina o miolo do prédio que tu és, dividido por um determinado número de pisos, unidos por uma escadaria que ascende em espiral desde a sua base, até ao topo. Não existe elevador.

Estas escadas, muito comuns a qualquer prédio, situam-se bem no centro de cada piso em espiral, de piso em piso, onde em cada um, existe um pátio interno, que devolve uma porta de acesso ao piso em questão, e o início de novo lance de escadas para acesso ao próximo piso, onde o processo se repete até ao último piso.

- A viagem pela tua encarnação.

Para a viagem acontecer, situa-te sensivelmente no meio do prédio que és tu ou seja, no pátio interior em que te deparas com uma porta fechada que dá acesso ao conteúdo desse piso, e com uma escadaria que em espiral se perde de vista em ambos os sentidos, para os pisos inferiores e para os pisos superiores. 


- A porta que encontras fechada neste andar, corresponde à tua encarnação actual. Se a abrires, conscientemente te deslocas dessa espiral medula do prédio que és tu, para uma consciência alargada daquela que tu és, onde estás, o que te rodeia, o que te constitui actualmente. É aqui que frequentemente o caminhante, monta arraial. É como se não resistisse a viver em seu umbigo. Afinal é a origem de sua consciência actual a partir de sua actual localização.

- Todos os outros andares ou pisos, para onde se aventure deslocar dentro de si próprio, dentro do prédio que ela é, são registos de outras moradas suas registadas em outras localizações. 

A espinal medula ou seja a escadaria é junto com seus pátios intercalares, como vértebras desse prédio, ou desse ser na sua totalidade. Este espaço é neutro, pode ser acedido apenas pela vontade dos passos, sendo que se pode aceder a qualquer um dos pisos em qualquer um dos sentidos, assim os pés e a vontade queira. Ao seu redor o conhecimento desta estrutura é apenas residual ou subliminar, sendo que sem adentrar pela porta de cada um dos pisos, apesar de lhe conhecer a existência, a consciência da existência de seus conteúdos, a sua historia precisa, ainda que lhe seja própria é lhe desconhecida.

Assim pode-se internamente admitir a capacidade de prever a existência destas estruturas mas nos entanto é se incapaz de as vivenciar apenas por praticamente se admitir as suas existências.



É necessário a um determinado andar ou piso, abrir ou dissolver a porta ou o véu, ou o muro, que está a vedar o acesso a toda a área física desse andar. É como se fosse-mos entrar no andar do vizinho do 4 andar, quando vivemos no 3 ou no 5 andar, e no mesmo prédio. Sabemos e conhecemos de forma grosseira as divisões ou a estrutura deste prédio comum a todos os andares, mas não conhecemos factualmente o andar em questão. Nunca o havemos visitado, apesar de o nosso provavelmente ser algo semelhante. 

E isto tudo acontece dentro de ti dado que tu és esse prédio com vários andares de altura. Tantas quantas as tuas vidas passadas, onde ficou registado a vivência agora devoluta, de uma vida passada, móveis, e retratos, experiencias físicas, alegrias e tristezas, etc.

Aceder a qualquer um destes andares em ti própria é uma atitude dissolvente.

Vivenciar esta espécie de “de já viú”, é como depois de explorares esse dado andar ou piso, vivenciado pela experiência e pela curiosidade de conheceres outros que ainda não visitaste, ao retornares À escadaria comum a todos eles, o teu momento actual, ao deixares esse andar assim que assumisses o caminho a outro piso este que deixaste após deslumbrado se extinguisse.

terça-feira, outubro 09, 2012

Mestres e Professores...

Aos meus Mestres...


Professor é o mais parecido contigo de que tens consciência. 

É a capacidade de te servires das experiências que vivências com os demais, para servires de aprendiz de ti próprio.

É a dinâmica da conscientização da importância do discurso de cada um como sendo igual a ti.

Professor afinal, é o direito de cada encarnado em sua existência actual,... em acção seja consciente ou não.

Cada um de nós que se move é professor, independentemente de o saber ou não. 

Àqueles que não o sabem, constituem-se como professores para os demais somente.

Àqueles que o sabem, somam o oficio além dos demais a si mesmos.


Mestre é algo que não sei mas reconheço, ainda que dificilmente à primeira vez.

Mestre não fala para mim, nem para ti, mas como para e de uma dimensão cósmica.

Fala como um dialecto que não reconhece capacidades orais mas fala... mais ao nível celular.

Mestre praticamente não fala, apesar de em determinados momentos dizer muitas coisas.

Mestre acciona sem te olhar nos olhos, tua percepção interna, teus fluidos, teus órgãos...

Altera tuas rotinas, teus gestos, tua percepção das coisas.

Mestre ama-te com uma intensidade incapaz de imaginares.

Mestre se por um acaso te tocar nem que seja de leve, é uma leveza que irás transportar em ti por longo período, como se fosse um jardim inacessível, onde tu te encontras mais belo do que algum dia te conheceste.

Que cada irmão procure como um vaso de vida ou de morte, o seu Mestre...
Que cada Mestre encontre como filho, cada um de seu discípulo...

segunda-feira, outubro 01, 2012

Como saber se és especial?

Desejas saber se és alguém seguramente especial?

Primeiro isola-te num local sossegado e acalma a tua mente.

Depois respira 3 vezes profundamente... e faz a seguinte reflexão:

- Quantas das pessoas que eu conheço... sinto que são especiais? Estou a falar de todas mesmo... desde a que vejo diáriamente à que somente vejo de anos em anos...

Graduação:
  • Se encontras alguma dificuldade em identificar das pessoas que conheces, alguma que não consideres especial, pois bem podes em toda a verdade considerar-te uma pessoa especial. Até diria...especialíssima.
  • Se encontras uma situação algo mista ou seja, podes afirmar que tens tantas pessoas especiais como pessoas que não consideras, em numero aproximadamente igual, então provavelmente, também tu és um pouco assim. Tens qualidades em ti que te fazem considerar uma pessoa especial, no entanto sabes nem que só na tua intimidade, ainda tens coisas que te não orgulhas de ostentar, seja reveladas ou dissimuladas. Afinal, parece ter sempre algo que poderia fazer melhor, assim como aquela pessoa assim e assado. Tens simultaneamente a ferramenta de tua evolução e de tua escravidão actuando, sendo que tu és uma espécie de negociador ainda algo indeciso para onde vai investir o seu tempo.
  • Se não encontras ninguém que consideres especial, ou mesmo somente uma ou outra pessoa, então assim também tu te consideras sem admitir, um injustiçado num mundo imperfeito que parece não ter sido feito para ti, para te satisfazer e aos teus valores inatingíveis... até por ti.
Claro está que para este exercício resultar. é necessária uma inteira disponibilidade da autenticidade pessoal, sustentada na vivência de cada dia. É verdade também, que provavelmente, pedir ao ultimo dos três apontados que entenda o que lhe é proposto, se calhar é pedir demais. 

quinta-feira, setembro 27, 2012

Lahiri Mahasaya

Sábio é quem se dedica a realizar, e não apenas a
ler, as antigas revelações. Resolva todos os seus
problemas através da meditação.


Lahiri Mahasaya, citado na Autobiografia
de um Iogue (Paramahansa Yogananda)

QUANDO A BOCA CALA... O CORPO GRITA!!!

A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma.
      O resfriado escorre quando o corpo não chora.
      A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
      O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
      O diabetes invade quando a solidão dói.
      O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
      A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
      O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
      A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
      As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
      O peito aperta quando o orgulho escraviza.
      A pressão sobe quando o medo aprisiona.
      As neuroses paralisam quando a “criança interna” tiraniza.
      A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade

segunda-feira, setembro 24, 2012

Virtudes do Jejum

O jejum é, inicialmente, um excelente factor depurativo e regenerativo do corpo físico. É muito ilustrativo o caso da pessoa desenganada que pensava em suicidar-se através do jejum, ocorrendo no entanto de curar-se de sua enfermidade com tal expediente.

O jejum favorece a força mental, e sobretudo a espiritual. E nisto, pode apresentar também múltiplos poderes curativos, inclusive de ordem sutil.

O jejum desencadeia recursos pouco conhecidos e valorizados que contribuem fortemente para a autonomia humana.

Pois a verdade é que o corpo possui recursos pouco conhecidos do homem moderno, cujos valores interferem na sua capacidade de percepção dos factos. Devemos aqui ater-nos às secreções e excreções humanas.
As secreções, emanadas por glândulas, tem funções como o de estimular órgãos e o metabolismo. Muita delas são desconhecidas ou estão adormecidas. As secreções externas também são depurativas. O suor também serve para expelir toxinas (especialmente através do processo febril), assim como o cabelo.

Já as excreções (urina e fezes), à parte expelirem toxinas, são em boa parte reservas de nutrientes que estão sendo expelidas por não fazerem falta, pelo simples fato de estarem sendo continuamente substituídas através de uma alimentação mais ou menos enriquecida ou substancial.
Mas mesmo as secreções possuem função análoga. O suor e a urina expelem água e sais. Os intestinos expelem fibras. A pele expele gordura e água. Os cabelos são uma reserva especial de proteínas. A actividade sexual expele calor e sémen. A menstruação expele sangue. Os mucos expelem matérias graxas e líquidos.

Todos estes representam recursos excedentes que poderiam ser empregadas e reconvertidas como matérias-primas em caso de necessidade. Mas o corpo apenas os emprega, através do processo chamado de autofagia, no momento em que o ser humano deixa de absorver nutrientes externos.

Ao lado destes processos de depuração física, o jejum representa um importante elemento de saneamento psíquico. E ele pode ensinar sobre novas possibilidades, como a de manter-nos de forma mais ou menos prolongada sem alimentos físicos e sobretudo sólidos.

Certas correntes espirituais prescrevem como as principais atitudes espirituais o jejum e a oração. Ambos devem estar unidos porque se complementam de uma forma excelente. A oração canaliza a energia e preenche o vazio provocado pelo jejum. E o jejum dá forças à oração. No contexto do trabalho com a energia, devemos avaliar a palavra oração como or-ação, ou "luz-em-movimento".

Existem vínculos fisiológicos com recursos de aquecimento corporal em relação ao jejum. O tema, juntamente às questões do jejum e do alimento sintético, é desenvolvido em nossa obra Os Frutos do Paraíso.
"Celibato Alimentar"

É óbvio que o processo de alimentação tem o seu custo para o organismo humano, neste caso, ou até para questões mais sutis. Quando nos alimentamos fisicamente estamos na realidade realizando um investimento. A energia empregada para assimilar um alimento não é pouca. Assim, um dos fatos a ter em mente é que o jejum economiza energias, que poderão ser direccionadas para outras áreas, incluindo processos novos. E isto se aplica a outras formas de actividades naturais incluídas naquilo que se pode denominar como necessidades instintivas.

Dentro do quadro dos instintos, devemos destacar alimentação e sexo (deixemos de lado por ora o factor mental e seu instinto de auto-afirmação). Nisto, podemos considerar que, se a comida é o alimento físico, o sexo seja o alimento emocional. Tanto o alimento alimento como o sexo são processos com ónus e bónus: de um lado alimentam, e de outro lado desgastam. O alimento produz base calorífica, vitamínica, etc, mas requer grande energia para ser processado. É claro que nem todo o alimento é pesado da carne ao mel, ou da gordura saturada à água, existe toda uma hierarquia de custos para o organismo assimilar-; vamos tratar aqui portanto de alimentos mais difíceis e artificiais, ou mesmo assimilados sob más condições. Sabidamente o sexo, nosso grande estímulo emocional, também é por sua vez fisicamente desgastante, e fazê-lo todos os dias pode ser stressante para a média das pessoas. No caminho espiritual, o jejum sexual também tem em vista a economia energética. Para ter uma clara ideia da relação alimento-energia, basta observar justamente como a prática corrente do sexo dá fome e frio; a actividade sexual gera uma profunda necessidade de alimentação física, pois despende muitas calorias.

Por sua vez, é também muito mais difícil manter o celibato se mantemos uma alimentação mais ou menos densa ou pesada. Observa-se que a digestão, ao concentrar energias no estômago e nos intestinos, estimula também todos os centros inferiores. Ingerir alimento além do necessário e ainda de má qualidade e de forma irregular, pode tornar incontrolável o desejo sexual. O jejum, por sua vez, naturalmente inibe toda a excitação.
De fato, o grande emissão de energia da actividade sexual deve ser necessariamente compensada pela alimentação física. Esta, por sua vez, a depender do volume, do ritmo e da qualidade, pode apresentar um excesso de actividade energética nos centros inferiores, que também procura por sua vez a sua evasão através da actividade sexual. Neste ciclo interminável podemos encontrar uma das mais fortes imagens do samsara, a roda dos ciclos de existência material.

O problema é que muitos místicos buscam compensar suas ansiedades sexuais enchendo demais o estômago. Neste caso, deveriam pelo menos alimentar-se de forma regrada e com um mínimo de ansiedade, além de fazer disciplinas físicas, psíquicas e mentais regularmente, como forma de refinar e elevar a energia.

Outra solução seria ingerir alimentos de boa qualidade e não muito pesados, como sopas e frutas. Volume e densidade se compensam como uma gangorra na natureza, de modo que a alimentação volumosa dos herbívoros é pouco densa, ao passo que a alimentação densa (ou concentrada) dos carnívoros é pouco volumosa. É preciso fazer uma opção; o ser humano é "omnívoro" e todas as possibilidades se abrem diante dele. Mas reunir ambos os factores como tantas vezes se faz hoje em dia, é a própria fórmula do suicídio. Quando desejamos seriamente concentrar energias para a evolução espiritual, é muito difícil encontrar soluções fora da vida comunitária (como nos mosteiros), ou mesmo sem uma existência errante e totalmente despojada.

É o jejum, precisamente, ou a dieta racional e rala, representa um poderoso equilibrante. Deve-se ter em mente que a alimentação leve representa um factor de equilíbrio e portanto o índice de "normalidade" desejável.

Assim, ambos os processos, digestivo e sexual, estão interligados, pois pertencem ao complexo biológico-instintivo dos centros inferiores, os quais formam uma unidade funcional. No entanto, existem formas mais sutis de fazer estas coisas sem tanto desperdício de energia, mas para alcançar isto é preciso harmonizar nossos corpos e elevar nossa consciência.

A actividade sexual pode ser realizada, em termos, sem o enorme desperdício de energia produzida pela emissão de sémen. Este procedimento é particularmente importante para o homem. Cálculos modernos afirmam que nele a energia emitida no orgasmo é nove vezes mais forte que na mulher. Por esta razão os manuais taoístas de sexo prescrevem para o homem a contenção do sémen. Isto não significa privar-se de todo do orgasmo, mas para separar o joio do trigo é preciso muita prática e controle. Idealmente, é importante um(a) parceiro(a) especial, que auxilie o discernimento e a fusão energética, e mais ainda, a orientação exacta de um instrutor.

Mais simples e básico seria começar com o alimento físico. Neste caso, também em relação a ele deveríamos buscar economizar maioritariamente as energias, evitando consumo desnecessário e irregular. Devemos começar a disciplinar a alimentação, comendo de forma regular, seleccionada e natural. Evitemos temperos e temperaturas não-naturais. Busquemos alimentos leves, que podem ser naturalmente saborosos, como as frutas. E evitemos cozimentos.

Com isto estaremos fortalecendo a vontade sem debilitar o corpo -–e este é um ponto muito importante, porque a vontade é um dos factores que possibilita a recanalização das energias.

Queremos pois vender a ideia de que o pranivorismo é uma espécie de celibato alimentar. O pranivorismo significa que o homem está abrindo mão de certos ciclos, sendo na verdade um passo além do celibato, ao avançar sobre um instinto ainda mais básico, mas seguindo a mesma lógica de economia e ética. Representa de certo modo a etapa final de um caminho de retorno, o retorno sofrido mas vigoroso ao planeta que realizam os altos iniciados a fim de servir de forma perfeita, o que exigirá também a elevação de pensamentos e sentimentos, permitindo um realinhamento geral de energias em torno desta base última que é o plano físico.

E ao lado da economia de energias com a digestão, o pranivorismo possibilita a preservação de todo o aparelho digestivo, a iniciar pelos dentes, cujos cuidados passarão a ser mínimos, apresentando em contrapartida maior capacidade de recuperação.

O Génesis é taxativo quanto ao fato de o ser humano apenas ter passado a morrer após o Pecado. Enquanto a sua consciência estava firmemente ancorada na Lei espiritual, ele gozava de uma plenitude completa, desconhecendo inclusive a suprema angústia que é a da degeneração e mortalidade do corpo e da alma. O Paraíso existiu enquanto o homem não destruía a Terra e a si próprio, seja por alimentar-se de frutos, seja por empregar directamente o prana.

Cada Idade tem o seu nutriente, e esta seria uma explicação para a longevidade dos Patriarcas, que mesmo após o Pecado viviam ainda quase um milénio, naquela que foi a Idade de Prata. Somente depois do Dilúvio é que o homem passou a viver no máximo120 anos, na Idade de Bronze. Já no ocaso da Idade de ferro, ele mal alcançava a média de 50 anos. Este quadro começa hoje a se reverter em certas partes do mundo, pois estamos entrando em um ciclo de retorno à Unidade.

O Dharma Lunar dos Budas Manushi (humanos) como Gautama, permitem que o homem contemple a imortalidade da alma. Mas os Dharma solares dos Budas Dhyani (Contemplativos) como Maitreya, alcançam um grau de totalidade que integra a todas as coisas, liberando também a matéria para comungar com a luz e a eternidade.

Não existe necessidade de sentir "vazio" pelo fato de não se alimentar fisicamente. Temos muitos sentidos e podemos perfeitamente empregar novas fontes de estímulos. O que poderá ser necessário, isto, sim, é providenciar os meios, seja plantando fartos pomares, seja semeando amplos jardins, posto que, como afirmou um Mestre Ascenso, 90% do prana da Terra está acumulado nas flores. Assim, à parte o elevado teor de gratificação à nossa sensibilidade que oferecem as flores, elas ainda nos proporcionam alimento sutil!

Quem disse que o prana também não tem os seus sabores e aromas, ou a variedade e a beleza que, enfim, tanto atrai o ser humano e dá sentido à sua existência? Tudo pode ser refinado nesta Terra. Da mesma forma como as frutas oferecem todo um arco-íris de cores, aromas e sabores, o prana, especialmente na forma dos perfumes das flores, também apresenta suas variantes, riquezas e densidades. "As flores são botões celestiais", são portas de ingresso para mundos paradisíacos, tal como pode ser a música para outro de nossos sentidos.

De resto, podemos também alimentar-nos de beleza –particularmente relacionada às flores, uma vez mais–, contemplando o espectáculo da vida sem participar activamente de seu drama a não ser para auxiliar. O universo é repleto de mistérios e de belezas. Um dia seremos seres cósmicos livres para transitar através dos mundos no espaço sem fim. Porque não iniciar esta aprendizagem aqui e agora, elevando a nossa consciência e refinando os nossos sentidos?

O sistema digestivo não será necessariamente inutilizado ou desprezado, pois não deixaremos de nos alimentar de todo fisicamente. Enquanto estivermos encarnados, apenas vamos reduzir paulatinamente a ingestão de alimentos e refinar a sua qualidade, visando economizar energia e contactar com fontes superiores. Mesmo os pranivoristas ingerem água regularmente.

Quem sabe o homem não poderá um dia degustar de um fruto por um prazer quase... estético? Isto é, sem real necessidade de alimentar-se dele, mais pelo deleite que possa representar a sua unidade. Afinal, estes produtos da Natureza merecem o mais alto respeito, pois na sua excelência são belos, bons e perfumados, representando um prazer para todos os sentidos, mesmo quando altamente refinados.

Eis portanto a nossa segunda grande premissa:
  
Toda a forma de alimentação é cíclica. Ou seja, toda a nutrição, além de ser feita com regularidade, envolve necessariamente os processos de absorção e eliminação. Isto é bem conhecido com os alimentos sólidos, líquidos e gasosos. Mas o mesmo também acontece com as energias prânicas, através das emanações nervosas, que podem ser de diferentes qualidades e ainda afetam os corpos de forma bem definida. Neste plano deveríamos falar da "qualidade da aura" e das emanações mais ou menos sutis que todo o ser humano produz.

Apenas quando encaramos seriamente a nutrição prânica, com qualidade e quantidade apreciáveis, num circuito prânico equilibrado e saudável, com os nadis (nervos sutis) abertos e integrados, é que podemos pensar em abandonar os ciclos mais densos e desagradáveis da existência, buscando com isto eliminar os desgastes naturais em todo o mecanismo.

Talvez os piores odores da Terra sejam os dos excrementos e o da carne apodrecida. Quando o homem começa a sua evolução espiritual ele também deve refinar a alimentação. Isto prontamente o afasta de odores menos agradáveis, até porque recupera a sua sensibilidade natural e até desperta sentidos superiores. Com o tempo poderá desejar reduzir ou eliminar todo o ciclo material de nutrientes. É bem possível que um Ser superior tenha mesmo ojeriza de qualquer possibilidade de excreção. Mas para que isto seja possível é necessário também deixar de se alimentar de forma densa, e a menos que se deseje pensar em usar o corpo físico (juntamente com os corpos emocional, mental e a aura) como uma espécie de "processador atómico", a lógica seria extrair directamente a energia do éter e das fontes luminosas.

Dizem os cronistas que o Conde de Saint Germain jamais se alimentava; ainda assim ele frequentava as cortes europeias e as rodas da alta sociedade da época. Jesus jejuou 40 dias, e o valor 40 (ou 42) estaria associado ao processo de Ascensão (através de 6 x 7). A santa estigmatizada Teresa Newman e a indiana Giri Bala deram exemplos disto neste século.

Existem informações na literatura mística sobre iniciados que não morreram, mas foram directamente para uma outra dimensão, abrindo um portal transdimensional à sua vontade para retornar ou não a este mundo (ver a obra de Carlos Castañeda). A chave disto é a reprogramação mental, ou o descondicionamento de nossa leitura de mundo. E este é um dos mais importantes recursos da Ascensão.

Consta que hoje muitas pessoas do mundo ocidental estão realizando experimentos nesta área. A obra Viver de Luz, da australiana Jasmuheen, traz certas informações a este respeito, com o testemunho de indivíduos que tem passados por processos desta natureza e tem permanecido praticamente sem se alimentar por anos a fio, assim como procedimentos que podem ser adoptados para alcançar esta experiência que seria, sem dúvidas, uma das bases da Ascensão da consciência, posto ser o instinto alimentar o mais básico e arraigado de todos.
Da obra Nutrição Etérica, LAWS

quarta-feira, setembro 19, 2012

transitoriedade.... já é muito...

reflexão à existência humana, alocada ao tempo como comummente definido: Muitas das estrelas que iluminam a atmosfera terrestre, já se desintegraram. A luz que nos ilumina à noite num belo céu estrelado, é composto por inúmeras estrelas extintas, e os focos de sua luz solitária já sem a sua origem, demoram por vezes milhares de anos a chegarem à terra

Uma vida que se origina hoje, uma vida humana, relacionada a sua duração natural biológica é menos que efémera se relacionada com o plano onde se manifesta. Qualquer insignificante pedrinha ou pequeno mineral, detém uma existência incomparavelmente mais longa que qualquer ser vivo neste planeta. Mineral que também tem vida.

Se quisesse fazer o imponderável exercício de comparar uma existência humana com qualquer outro material presente na terra, partindo do principio de um criador ou acidente comum, tendo em conta que por exemplo provavelmente a maioria dos humanos nascidos neste preciso momento, daqui a 100 anos não existem mais, se alargar a bitola comparativa bem poderia sarcasticamente afirmar, que nem transeunte o ser humano se pode considerar.

Poderia reflectir neste assunto e chegar à conclusão que comparativamente o ser humano, ou já nasceu morto ou é mesmo, uma espécie de fantasma. Uma espécie de algo que mediante a ampola cósmica ainda não é, ou já foi noutro lugar.

O que ele valoriza, as suas experiências e memórias, todas elas também comparativamente à idade do cosmos imponderavelmente insignificantes, criaram uma espécie de animal de pseudónimo consciente.

E quanto mais ele se fecha em sua abertura de conhecimentos pequenos, mais ele se identifica por empatia com o que o valorize ou eternize a tudo custo.

Será essa a sua missiva cósmica?

Por ora, apenas pensar na possibilidade de eu ser um fantasma de minhas memórias, já é um reencontro iniciático, sobre aquelas experiências que, já extintas ainda me nutrem para além do meu próprio entendimento. 

Como é mínima e meramente possível, conjecturar acerca do que se não experiencía com legitimidade?