segunda-feira, abril 28, 2014

A espiritualidade desenvolve-se como o andar...

A espiritualidade cresce num ser humano de forma muito natural, exactamente como aprender a andar.



Refiro o assunto na intenção de ajudar a reflexão naqueles que procuram associar o desenvolvimento da espiritualidade e seus dons a processos complicados, anti-naturais e de resultados imediatos, o que não deixa de ser uma forte candidatura ao sentimento de frustração.

Um bebé passa de deitado para sentado, primeiro com alguma ajuda depois autonomamente. Seguidamente, inicia a tentar gatinhar e cai algumas vezes de barriguinha no chão.

Volta a sentar-se, com o repetir do processo vai ganhando confiança e perante cada repetição vai ficando mais fácil.

Um dia finalmente consegue colocar-se verticalmente, de pé. Ainda titubeante quando tenta dar os seus primeiros passos desequilibra-se e invariavelmente, acaba ou sentado ou novamente caído no cão.

O processo repete-se. Através das muitas quedas vai começando a enraizar confiança e a desenvolver os mecanismos naturais internos que o vão ajudar a ensaiar os primeiros passos sem cair.

Assim, sem desistir, dia-após-dia, inicia a caminhar e logo à frente as primeiras corridas... os primeiros pulos, etc.

Mais tarde, já em jovem e até à idade adulta só voltará a cair provavelmente porque tropeçou ou escorregou em alguma coisa...

Ao nível espiritual é exactamente o mesmo processo. 



Um processo natural, que necessita de tempo para que se consolide, dedicação para que se desenvolva, disciplina para que se organize, persistência para que se formalize, enfim prática e exercício para que se estabeleça de forma mais continuada.

De facto muitos de nós são confrontados com a existência da espiritualidade mais pela casualidade que pelo resultado de uma prática intencional e continuada.

Como a sua presença acontece de forma naturalmente mais intensa quando confrontados com situações de grande comoção, seja um acidente, uma doença grave, uma tragédia de qualquer espécie, nesses momentos o ser humano dá-lhe valor porque submetido a algum tipo de condicionamento a sente de forma inquestionável, é nessa altura que acredita como se costuma vulgarmente dizer, em algo mais.

E tem razão.

Somente não é lógico concluir daí, que a percepção espiritual nas pessoas tenha que ser resultado unicamente de algum tipo de condicionamento significativo.

De igual modo, através de uma dedicação suave e continua, de uma observação minuciosa e exaustiva através da contemplação, através do estudo de alguns dos muitos textos acerca do assunto disponíveis, essa mesma certeza interior pode com certeza ganhar um espaço permanente no interior de uma pessoa. 
Para concluir esta abordagem, é muito mais pela atenção a estes processos continuadamente e sob o quotidiano, em todos os seus ambientes, que a espiritualidade pessoal se desenvolve em sentido ao Cristo interno de cada um de nós.
Procurar estas coisas pelo lado de fora, é procurar a raiz das coisas, pelos seus reflexos...

sexta-feira, abril 18, 2014

10:14 - Fátima

Bom dia de pequeno almoço de Sexta feira Santa.

Estou cansado, de um cansaço cheio. 
Nada me falta, tudo me abunda.

Peço repetidamente humildade, para poder ser alguém de utilidade a N.S.F.

Fiquei alojado no Hotel Peregrinos de Fátima, baratinho e muito limpo. Muito agradável ainda tive umas conversas com a sua proprietária, a D. Teresa, que me contou algumas histórias antigas, da sua sogra que foi amiga e visita regular da falecida Irmã Lúcia, uma dos 3 pastorinhos de Fátima.

A irmã Lúcia em clausura, ocasionalmente pedia para ser visitada pelas duas amigas, Dona Rosa e Dona Dóra.

Dona Rosa a sogra de D. Teresa, um dia questionou a quem deveria dedicar as suas orações do Rosário diárias, sendo que o costuma fazer pelas "alminhas do pirgatório".

A Irmã Lúcia respondeu: Rosa, não pelas alminhas do purgatório que N.S. iria querer que rezasses o Rosário, pois essas almas já foram entregues em Salvação, é pelas almas dos pecadores que deves rezar, Rosa.

D. Rosa respondeu: Mas Irmã Lúcia, eu que gosto tanto de rezar os meus 32 Rosários diários pelas minhas alminhas do "pirgatório", que farei agora então?, disse aflita.

A irmã Lúcia respondeu: Rosa, reza os teus 32 Rosários como desejas, mas dedica então outros 32 Rosários pela salvação dos pecadores do mundo.

D. Rosa veio aflita e preocupada do encontro, como iria ela agora encontrar tempo disponível para rezar 64 Rosários por dia?

Outra vez perguntou-lhe D. Rosa: Irmã Lúcia, que pensa desta nova Igreja construída no Santuário, não lhe parece algo desmesurada e de aspecto estranho?

A Irmã Lúcia respondeu-lhe: Rosa, não te preocupes com essas coisas, essas são coisas que não nos interessam, são coisas dos homens, importantes somente para eles...
A nós o que nos é dado a importar é como nos deslocamos ao Santuário, a intenção que nos conduz a N.S.F. é que importa e se mantém desde sempre nesse lugar. É a forma como vamos rezar que importa, não as coisas que falas, que nos devem ocupar.

Outra e por fim, uma vez suspirou à amiga: Ai Rosa, Nossa Senhora disse-me que havia de ficar ainda por cá mais um pouco, que os meus primos iriam antes de mim para junto dela, mas Rosa, o que eu não pensei é que fosse tanto tempo... (Irmã Lúcia partiu para junto de Nossa Senhora com a idade de 98 anos)

Santuário de Fátima


 a revelação de Nossa Senhora aos Pastorinhos - Museu da 3ª Revelação











Hoje no santuário senti muita Paz, mas também confesso sentimentos mistos, até uma pomba que sobrevoou o santuário parecia estar a fugir de alguma coisa.  Este lugar é um lugar de sentimentos mistos, vê-se literalmente de tudo no género humano e nem sempre é muito fácil.

De tudo o que vi o que mais me consternou, foi a visita de um grupo de VIPs estrangeiros, que para se deslocarem ao santuário levaram, resumidamente 1 carrinha de vidros escuros, 2 jeeps enormes pretos de vidros escuros, um à frente e outro atrás, vários homens de fato negro, óculos escuros e auriculares, com cara de maus e prontos a bater, agentes secretos o algo assim, policia local vários, motas da GNR várias com a luzinhas acesas, agentes secretos do próprio santuário iguais aos outros só que a cheirar a tabaco que tresanda, barbas por fazer e o símbolo de Nossa Senhora no fato, corpo de intervenção,... eu dei por mim a pensar... bem está na hora de ir almoçar...

13:47 - Almoço. Comi mais, muito mais do que necessito para viver.

Hoje foi o dia em que um Homem puro e inocente foi martirizado. Toda a sua família, amigos, discípulos...
Este Homem bom, puro e inocente também era um Mestre encarnado entre nós, sim, também era a Salvação do Mundo a seus pés.

O que fizemos nós então?, os meus antepassados que fizeram então?

Hoje corre-me nas veias o sangue de um inocente, para a minha própria Salvação. Quem mo recorda é a voz de Sua Mãe. Foi Ela que ficou com o fardo de salvar uma humanidade, qual humanidade?
A humanidade dos pecadores, aqueles que chacinam dia-a-dia o Seu Filho, e ainda gostam do que fazem.

O olhar do Pai está atento, nada acontece sob seu domínio que ele não atenda em sua infinita sabedoria.
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quinta-feira, abril 17, 2014

Dormi que nem um rei.

Na casa onde fiquei, incrível dormi um sono fantástico. Deitei-me com os pés em muito mau estado, uma inflamação no pé esquerdo, acordei umas horas depois super bem, pés desinchados e frescos.

quase sem dores, ou com elas bem dentro do limite do suportável, lá iniciei a caminhada até a Caranguejeira.



 a casa do barro...



 aqui neste sitio, "adormeceu" um peregrino num atropelamento mortal

a casa do autocarro...

fabuloso Fátima nos seus arredores, já se sente.




o caminho faz-se caminhando... 


10:00 Caranguejeira - à chegada, cortei o cabelinho que bem e fresquinho me soube...

Depois do reforço do pequeno almoço tomado à saída do Barracão onde passei a noite, toca a andar para os cerca de 13 km até Fátima.

Estou a chegar e a minha alegria a aumentar...

11:00


13:00 - Serra de Santa Catarina. 
Paro para almoçar.

Neste momento o que mais retenho desta caminhada é gratidão.

Uma gratidão enorme, por ter tanto, sendo o meu maior mistério ou obstáculo a descortinar, como e porque mereço tanto?



Igreja de Santa Catarina da Serra



Feliz e afortunado o que agradece, o que sabe esperar o seu tempo de receber, pois é através da fé que construímos a nossa vida.

14:30 Chegada a Fátima


quarta-feira, abril 16, 2014

5:00 arranquei da Regaleira...




12:05 - paragem para almoço na Guia


No humilde cafézinho onde almocei, disse-me a sua proprietária, uma sábia senhora chamada D. Isabel; - Já a minha mãe e minhas tias antigas me diziam, que quando partir as primeiras contas que se dão são as dos filhos e só depois, as das próprias faltas cometidas para consigo mesmo.



depois à saída da Guia, desde a Capela da Senhora da Guia a estrada estava decorada com flores, por tudo que era sitio, em homenagem à Senhora Peregrina, ou seja cerca de 5 km pela estrada fora a unir as duas freguesias de onde o andor com a imagem da Senhora iria passar... 




A Sagrada Família, Pai José, Mãe Maria e o filho Jesus, são uma representação perfeita de diferentes momentos de uma vida.

Somos o filho que cresce, o Pai e a Mãe que educa, enfim cada um dos papeis próprios de determinadas idades e momentos da vida em cada um de nós. 

A Sagrada Família é uma proposta de conduta responsável, amorosa, livre e natural, da mais bela forma de um ser humano levar a sua vida adiante.





as pessoas generosas nem se dão conta que são generosas

as pessoas frágeis, são as que não se dão conta que são fortes.



no meio dos pequenos é mais fácil encontrar grandeza


Todos os resultados válidos, não dependem da argumentação, dissimulação, seja o que for, são o que são. Todo o trabalho, mérito e falta deste incluso.



Hoje o meu mal era fome, amanhã será fartura

18:29 - Barracão para passar a noite, em casa particular, da D. Maria que abençoada me recebeu como se já me conhecesse à muitos anos.