Desde cedo, o homem é educado para a competição. Os pais fazem questão de enumerar as qualidades dos seus filhos, que são ou devem ser os mais inteligentes, os mais espertos, os mais ágeis.
Nas idas ao parque, eles esperam que seus filhos sejam os que demonstrem melhores habilidades na bicicleta, no escorrega, sejam os primeiros na corrida, um craque da bola.
Nas festas de aniversário, melhor é aquele que consegue apanhar mais brinquedos na hora do estouro dos balões recheados de mil coisas que fazem o encanto da criançada.
Os destaques são, na escola, para os que conseguem as notas mais altas, aprendem mais rápido ou, de alguma forma, se sobressaem nos estudos ou nos jogos.
Para os não tão hábeis, nem tão inteligentes, resta verem os irmãos em evidência, os colegas sendo laureados e, se não tiverem uma boa estrutura emocional, admitirem o adjectivo de incapazes ou de tolos.
Bela é a experiência daquela professora recém-formada, chamada Mary, que foi leccionar em uma reserva de índios navajos.
Todos os dias ela pedia a cinco dos jovens alunos navajos que fossem até o quadro e resolvessem um problema simples de matemática de seu dever de casa.
Eles ficavam ali em silêncio, sem querer cumprir a tarefa. Mary não conseguia entender.
Nada do que Mary havia estudado em seu currículo pedagógico ajudava e ela não sabia como lidar com a situação.
O que estou fazendo de errado? Será possível que eu tenha escolhido cinco alunos que não sabem resolver o problema?
Finalmente, ela perguntou a eles o que havia de errado. E, na resposta de seus jovens alunos índios, aprendeu uma surpreendente lição sobre auto-imagem e noção de valor próprio.
Eles explicaram que queriam se respeitar uns aos outros. E, como sabiam que uns eram mais capazes e outros encontrariam dificuldade em resolver os problemas, não queriam exibir isso publicamente.
Apesar de muito jovens, entendiam como era inútil e desrespeitoso a competição do tipo perde-ganha na sala de aula. Pensavam que ninguém sairia ganhando se algum deles se exibisse ou ficasse encabulado diante de toda a turma.
Então se recusavam a competir uns com os outros em público.
navajos em 1902
Quando entendeu aquilo, Mary mudou o sistema, de modo a poder corrigir, individualmente, os problemas de matemática de cada criança, dedicando-se mais aos que tinham dificuldades.
E mudou muitas coisas em sua vida ao compreender que todos nós queremos aprender – não para nos sobressairmos diante dos outros, mas para sermos mais felizes.
* * *
Não estimule a competição no seu filho. Cultive nele a consciência dos valores reais.
Ensine-o a respeitar os que apresentam dificuldades, reconhecendo que o importante não é chegar em primeiro lugar a qualquer preço, mas completar com honra o percurso, e nunca a sós.
Por fim, estimule-o a conquistar a mais bela e brilhante medalha que deverá ostentar no peito: a do amor fraterno, que significa se importar com o outro, em todas as circunstâncias.
com base no cap. O que há de errado, de O manual do orador, do livro Histórias para aquecer o coração dos adolescentes, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Kimberly Kirberger, ed. Sextante