domingo, novembro 08, 2020

Como se vestem os Espíritos

Em seu julgamento, Joana D’Arc respondeu perguntas capciosas. Tudo para que se pudesse afirmar que ela tinha pacto com as sombras. Que não fora enviada por Deus para a grave missão que cumpriu: devolver a França aos franceses. 

Poder-se-ia imaginar que a adolescente fosse subjugada pela astúcia de um tribunal que objetivava condená-la. Também ridicularizar o seu papel como heroína de um povo. Quando o bispo Pierre Cauchon lhe perguntou se os Espíritos lhe apareciam nus, de imediato, respondeu: Acreditai que Deus, nosso Pai, não tenha com que vesti-los?

Ao longo das eras, a arte sacra representou os anjos com vestes longas, brancas, leves, esvoaçantes. Tudo que nos desse a ideia de sua pureza. Os elevados a condição de santos, por sua vez, mesmo aqueles como Pedro, o Apóstolo, que era um pescador, são apresentados com ricas vestes, em que se misturam cores vibrantes, veludo, púrpura, sedas. Jesus, o Mestre de Nazaré, que afirmou que as cobras tinham seus covis, os pássaros tinham seus ninhos, enquanto Ele, o Filho do Homem, não tinha uma pedra para repousar a cabeça, não ficou livre dessa conceção.

As pinturas, as estátuas que objetivam apresentá-lO aos homens, O mostram com vestes luxuosas, ricos mantos. Para assinalar a grandeza desses Espíritos, em alguns foram acrescentadas joias e coroas. Por detrás de todas essas conceções, existe uma verdade. O mundo espiritual é muito rico de recursos e os Espíritos, quando se apresentam aos olhos humanos, o fazem com trajes específicos.


Yvonne do Amaral Pereira, cuja vidência mediúnica lhe permitia ver os Espíritos, afirma que eles podem vestir-se, servindo-se dos ricos elementos esparsos pelo Universo, aos quais acionam voluntária ou insensivelmente, valendo-se das forças do pensamento e da própria vontade! 

Assim, o músico polonês Frédéric Chopin, ao lhe aparecer, se apresentava muito bem trajado, à moda da sua época, reinado francês de Luís Filipe.

Lázaro Zamenhof, o criador do Esperanto, lhe aparecia com seu terno do século XX, circundado de um halo como que formado de ondas concêntricas, que assinalam o seu elevado trabalho intelectual.

A entidade que se denomina Charles, martirizado por amor ao Evangelho, no século XVI, na França, durante a célebre matança de São Bartolomeu, se deixa ver em trajes de iniciado hindu. Ou em trajes de príncipe indiano, visto que no século XVII foi soberano na Índia. Os integrantes da falange de iniciados hindus ela os percebia em seu uniforme característico, as gemas do anel e do turbante inclusive, envoltos em neblinas lucilantes, com reflexos azuis. Quanto temos a descobrir da Espiritualidade, um mundo pleno de bênçãos, de recursos acionados pela vontade dos Espíritos. Os homens, mesmo ignorantes, como que deduzimos tudo isso. Por isso representamos os santos, os anjos, as entidades mais sublimes tão bem vestidas.

Razão tinha a donzela de Orléans em cientificar àqueles homens do século XV que infinitos são os recursos de Deus. Quanto ainda nos cabe aprender a respeito desse imenso universo de formas, de ondas, de fluidos.

segunda-feira, outubro 26, 2020

As preces dos nossos irmãos

Nos dias de tristeza, quando a alma se veste de luto e tudo parece desencanto, buscamos o Senhor da Vida. Nossa rogativa se transforma em lamúrias porque há muita dor em nossa intimidade. E, ainda assim, guardamos reservas para com o irmão que ora ao nosso lado.

Mesmo em meio ao cenário triste da pandemia que arrebata vidas, ao lado de outras tantas enfermidades que, há anos, vem retirando do mundo os seres humanos, alguns de nós olhamos de forma diferenciada os irmãos de outras crenças. Esquecemos que Jesus nos afirmou que o Pai vê o que se passa em secreto, ou seja, no profundo da criatura, e recebe toda súplica, providenciando o socorro.

Os ensinos do Mestre de Nazaré prosseguem a nos esclarecer como O fez para a samaritana, no poço de Jacó. Naquela época, a discussão era em torno do local em que deveriam ser proferidas as preces a Yaweh. Seriam melhores as que fossem ditas no suntuoso templo de Jerusalém? Seriam essas as ouvidas pelo Pai Celeste? Ou, aquelas pronunciadas no Monte Garizim, mesmo após a destruição do templo ali erguido, seriam ouvidas igualmente?

Qual delas revelaria, enfim, a verdadeira adoração?

Jesus, o Mestre Incondicional, com Seu pensamento universal e atraindo todas as Suas ovelhas para o mesmo redil, pronunciou-se, elucidando: Está chegando a hora em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Os verdadeiros adoradores, adorarão o Pai em espírito e verdade. De fato, esses são os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito e aqueles que O adoram devem adorá-lO em espírito e verdade.

O ensino era para aqueles dias. Também para os do futuro. Para todos os homens. Deus é um só. Criador. Pai Celeste. Infinitamente amoroso, acolhe as súplicas que lhe dirigem os Seus filhos, residam nas grandes metrópoles ou nas terras áridas. Realizem as suas rogativas em suntuosos templos ou em plena natureza. Ou em um casebre, à beira da estrada. O verdadeiro altar é o do coração. Por isso, o ensino crístico recomenda, quando orarmos, nos retirarmos para nosso quarto, fecharmos a porta e nos dirigirmos ao Pai em secreto.

Isso quer dizer, mergulharmos em nossa intimidade, cerrar os olhos e ouvidos a tudo que nos possa distrair do propósito de dialogarmos com Aquele que alimenta as aves, levanta as ondas do mar e veste a erva do campo. Seja a prece esse encontro mais íntimo com Deus. Como fazia o Mestre, que buscava o silêncio para se ligar mais intimamente ao Pai. Servia a todos, horas e horas. Depois, refazia-se, unindo-se em prece Àquele cujo pensamento Ele interpretava na Terra.

Para isso, o silêncio. De fora. A tranquilidade de dentro.

Ante o sacrifício que logo mais lhe seria exigido, entregue às mãos dos homens que O temiam, ou não O desejavam entender, Ele ora. E, outra lição de valor, pede aos amigos que estão com Ele, que O acompanhem na prece. Isso nos diz da importância de, ante as provações que nos alcançam, pedirmos aos nossos amigos que se irmanem connosco na oração em nosso favor.

Oração. Hoje, amanhã, sempre. Verdadeira escada de Jacó que une a criatura aos céus.

quinta-feira, outubro 15, 2020

TRABALHE EM SOLIDÃO

Um dia, uma pessoa subiu a montanha onde se refugiava uma mulher eremita que estava meditando e perguntou-lhe:


- O que você está fazendo nessa solidão?, Ao que ela respondeu:


- Eu tenho um monte de trabalho.

- E como você pode ter tanto trabalho? Não vejo nada por aqui ...


- Tenho que treinar dois falcões e duas águias, tranquilizar dois coelhos, disciplinar uma cobra, motivar um burro e domar um leão.

- E onde estão eles que não os vejo?


- Eu os tenho dentro.


Os falcões se lançam sobre tudo que vem pela frente, bom ou ruim, tenho que treiná-los para pular em coisas boas. Eles são meus olhos.

As duas águias com suas garras machucam e destroem, eu tenho que ensiná-las a não causar danos. Eles são minhas mãos.

Os coelhos querem ir para onde querem, não para enfrentar situações difíceis, tenho que ensiná-los a ter calma mesmo que haja sofrimento, ou tropeço. Eles são meus pés.

O burro está sempre cansado, é teimoso, não quer carregar sua carga muitas vezes. É meu corpo.

O mais difícil de domar é a cobra. Embora ela esteja trancada em uma gaiola forte, ela está sempre pronta para morder e envenenar qualquer pessoa ao seu redor. Eu tenho que discipliná-la. É minha língua.

Eu também tenho um leão. Oh ... quão orgulhoso, vaidoso, ele pensa que é o rei. Eu tenho que domá-lo. É meu ego.

- Eu tenho um monte de trabalho.

E você trabalha no que?

quarta-feira, abril 22, 2020

Rabi da Galileia

A cidade de Jerusalém se estendia magnífica nas montanhas, entre o Mar Mediterrâneo e o norte do Mar Morto. Era primavera e os muros que a protegiam estavam tomados por flores multicoloridas.

Nas ruas, o povo ocupava-se de seus afazeres. O burburinho incessante da população contrastava com o silêncio bucólico do deserto que a rodeava.

Contudo, naquele dia, algo estava dissonante da rotina da cidade. Um aglomerado de pessoas reunia-se em torno de uma figura peculiar, que pregava nas escadarias do templo.

Sua fala era grave. Logo se via que Ele tratava de assuntos de suma importância. Porém, Seus olhos eram ternos e transmitiam uma serenidade capaz de apaziguar os mais revoltos corações.

Aqueles que O escutavam, facilmente nEle reconheciam uma admirável fortaleza: Vinde a mim vós que estais cansados e eu vos aliviarei.

NEle encontravam respostas para as questões profundas: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. E também esperanças de dias melhores: Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.

Alguns o chamavam Rabi, palavra judaica cujo significado é professor, mestre. Outros o consideravam um agitador público, cujas ideias revolucionárias deveriam ser combatidas.

A verdade era que esse galileu, filho de um carpinteiro e de uma dona de casa, era ciente, desde a mais tenra idade, de Sua missão para com o nosso planeta.

Em torno dos trinta anos, conforme os relatos evangélicos, convocou doze companheiros para que, junto dEle, pudessem levar a mensagem consoladora de Seu Pai.

Falou com simplicidade, levou esperança aos aflitos, curou os doentes. Estendeu a mão para os marginalizados, secou lágrimas, saciou a fome do corpo e, principalmente, da alma.

Ensinou a orar de maneira a conjugarmos menos o verbo pedir e mais o agradecer: Pai nosso que estais no céu...

Aconchegou as crianças em Seu colo e orientou a que tornássemos nossos corações semelhantes aos delas, pois que, se agíssemos com a pureza e a simplicidade das criancinhas, conheceríamos o Reino dos Céus.

Ensinou a importância de não julgar. Antes, a de agir de acordo com a lei de caridade: O que fizerdes ao menor dos meus irmãos, a mim o fazeis.

Recomendou, ainda, a vigilância, para que não acabemos por sucumbir através das tentações oriundas dos vícios morais que ainda trazemos em nosso íntimo.

Doou-se inteiramente à Humanidade. Entretanto, vítima inocente do orgulho e da mesquinhez humana, foi-Lhe destinado o madeiro da cruz, que aceitou resignadamente.

Antes, todavia, deixou-nos a maior lição acerca do perdão, quando, num gesto de total doação, perdoou seus algozes: Pai, perdoai-os. Eles não sabem o que fazem.

Seu nome é Jesus Cristo. Filho de Maria e de José, filho de Deus Pai. Irmão de toda a Humanidade e de cada um em particular.

É Ele o Mestre Divino, o melhor amigo, Aquele que permanece ao nosso lado, auxiliando-nos na caminhada que nos conduz a Deus, à luz, à eterna felicidade.

Mais de dois mil anos depois, o convite se repete: Eis que estou à porta e bato.

Teremos coragem para abrir as portas de nossos corações e permitir que nele o Bondoso Amigo faça morada?

Pensemos nisso!

segunda-feira, abril 20, 2020

PASTOREIO DO TOURO

A RECUPERAÇÃO DA PUREZA ORIGINAL

Nos dez quadros do pastoreio do touro, o mestre zen Kaku-as Shi-em na dinastia Sung, ilustrou as etapas da doutrina zen. Ali está o homem, dividido em personalidade e espírito, esquecido da pureza original, lutando contra tudo, incapaz de distinguir entre a falsidade e a verdade. Mas, ao prestar atenção àquilo que o rodeia, percebe, através dos sentidos, a verdadeira natureza das coisas, eliminando toda noção de ganho e perda, de claro e escuro. Enfim, a dualidade desaparece quando se recupera a natureza original.

    PROCURANDO O TOURO  
  Descrição: Descrição: Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEWuuKhxDSeysQFVaRr-F48wnasRyLlqavMdDIuJzzpCS9ZlA20Bo-V83xdEK8nmHF1ssscFn-5x8NyD5DzfatTK7grJs183JrdmPik6_JaOQBUFXaI4jD8SMoX-VpHYjK_WDJAg/s400/AA.jpg

O touro, na realidade, nunca foi perdido. Então, por que procurá-lo? Tendo dado as costas à sua verdadeira natureza, o homem não pode vê-lo. Por causa de suas ilusões, ele perdeu o touro de vista. Repentinamente, se acha confrontado por um labirinto de encruzilhadas. Desejos de ganhos e medos de perdas sobem como chamas; ideias de certo e errado aparecem como punhais.

“Desolado através da floresta, com medo, nas selvas, ele procura o touro e não encontra. Para lá e para cá, grandes rios sem nome; nas profundezas dos ermos das montanhas ele segue muitas veredas. Cansado de coração e corpo, continua sua busca por aquilo que não pode ainda encontrar. De tardinha, ouve as cigarras cantando nas árvores.”


ENCONTRANDO A PISTA
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Através dos sutras e ensinamentos, ele vislumbra as pegadas do touro. Foi informado que, assim como diferentes vasos (de ouro) são todos basicamente do mesmo ouro, assim também cada coisa é uma manifestação do próprio ser. Mas ainda é incapaz de distinguir o bem do mal, a verdade da falsidade. Não entrou ainda pelo portão, mas vê, numa tentativa, a pista do touro.

“Inumeráveis pegadas ele viu na floresta e nas margens das águas. Não é aquilo que ele vê adiante, mato amassado? Mesmo nas mais profundas grutas ou nos mais altos picos, não pode ser escondido o nariz do touro que alcança para os céus nas alturas.”

 PRIMEIRO VISLUMBRE DO TOURO
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Se ele somente escutar os sons de cada pegada, virá à realização e, naquele instante, verá a própria origem. Os seis sentidos não são diferentes desta verdadeira origem. Em todas as actividades a origem está manifestamente presente. E análoga ao sal na água, à liga na tinta. Quando a visão interna está correctamente focada, realiza-se, que o que é visto é idêntico à origem.

“Canta o rouxinol num galho o sol brilha nos salgueiros que ondulam; ali está o touro, onde poderia esconder-se? A esplêndida cabeça, os majestosos chifres, que artista pode retratá-lo?”

SEGURANDO O TOURO
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Hoje ele encontrou o touro que estava vadiando pelos campos selvagens. E verdadeiramente o pegou. Por tanto tempo se comprazeu nestes arredores que quebrar seus velhos hábitos não é fácil. Continua querendo o capim cheiroso, está ainda indócil e teimoso. Para domesticá-lo, completamente, o homem deve usar o chicote.

“Ele deve segurar firmemente a corda e não soltar agora ele corre para as terras altas agora demora-se nas ravinas enevoadas.”

DOMESTICANDO O TOURO    

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Com o nascimento de um pensamento, outro e outro mais nascem também. A iluminação traz à realização, pois estes pensamentos são irreais, já que não surgem de nossa verdadeira natureza. Somente porque a ilusão permanece, são os pensamentos tidos como reais. Este estado de ilusão não se origina no mundo objectivo, mas em nossas próprias mentes.

“Ele deve segurar o touro com força pela corda do nariz e não permitir que vague sem cuidado. Ele se torna limpo e claro. Sem cabrestos, segue o dono por sua própria vontade.”

INDO PARA CASA MONTADO NO TOURODescrição: Descrição: Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8NAKXQeJEFLqs6mFRKSk-fnKk0JV142E1WscGbp0JotTtPmhYOBKNseWvWqT44pSYB3zetTy_gQCybJt7MpE2MJvYuhGgqc_08EQTVgsubMENCRR167OmHErrZlIx7v1fBMbngA/s320/FF.jpg

A luta acabou, “ganho e perda” não mais afectam. Ele murmura canções rústicas dos montanheses e toca as cantigas simples da meninada da aldeia. Montado no lombo do touro, olha serenamente as nuvens que passam. Sua cabeça não se vira (na direcção das tentações). Tente-se, como quiser, aborrecê-lo, e ele permanece imperturbável.

“Usando um grande chapéu de palha e capa, montado e tão livre quanto o ar, ele alegremente vem para a casa através das neblinas do entardecer. Aonde quer que vá, cria a brisa fresca, enquanto que no coração prevalece a profunda tranquilidade. O touro não requer nem um talo de capim.”

O TOURO ESQUECIDO, O EU SOZINHODescrição: Descrição: Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPFIcM8rSF_i8uxH0lc_b3F2rMwe2JtzYumQSvAbZrioS7kML4MtGX0xeZR5Av-OZ-FrRDLGteC843zYOXWl0aPgVgYHD0vi8ONspLgU4UOp94IMkB_BBGFVr0ZYcxwM1OS6adNA/s320/GG.jpg

No dharma não há duas coisas. O touro e sua natureza original. Isso ele reconhece agora. A armadilha não é mais necessária quando o coelho foi capturado, a rede se torna inútil quando o peixe foi apanhado. Como o ouro separado da escória, como a Lua que apareceu entre as nuvens, um raio de luz brilha eternamente.

“Somente com o touro ele pode chegar a casa mas agora o touro desapareceu e só e sereno senta o homem. O sol vermelho passa alto no céu enquanto ele sonha placidamente. Lá em baixo do telhado de sapé jazem, sem uso, chicote e corda.”

O TOURO E O EU SÃO ESQUECIDOSDescrição: Descrição: Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPirtztB7LyV4NQ1-muZOpFc9AuQiXnfKSUpZ9HCedSn2noqz1jOn2Ud5KebwigSN878q3-kXmR2HN2Qe0YjKgi8rsoIHnrcIxeJhkwn4jVgulX6eF_BjF1h2zW6ShP2nHJMnsHQ/s320/HH.jpg

Sumiram todos os sentimentos ilusórios e desaparecidas estão também as ideias de santidade. Ele não se demora (no estado de “eu sou um Buda”) e passa rápido (pelo estado de “e agora me livrei do orgulhoso sentimento de ser”) para não Buda. Mesmo os mil olhos (dos quinhentos Budas e patriarcas) não podem discernir nele qualquer qualidade específica. Se centenas de pássaros jogassem flores por sua casa, ele só se sentiria envergonhado.

“Chicote, corda, touro e homem pertencem igualmente ao vazio. Tão vasto e infinito é o céu azul que não há conceitos que o alcancem. Sobre o fogo flamejante o floco de neve se funde. Quando este estado é realizado chega finalmente a compreensão do espírito dos antigos patriarcas.”

   VOLTANDO A ORIGEM
   Descrição: Descrição: Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX4KUbJjLi6bJVrvllQB_AAq1dQy7b0ylbUQ_urpiuoetSklSnH5qEwltzrsMwcmUEyMLYUEn2P_6L4n5nV1XHY_hUnayPMlg9EO6myTmFF02BnVR1Z-NiRY-rABCOXoZ0tMjl9Q/s320/II.jpg

Desde o começo, nunca houve nem um grão de poeira (para bloquear a pureza intrínseca). Ele observa o crescer e decrescer das coisas do mundo, enquanto permanece sem esforço, num estado de tranquilidade inalterável. Isto (o crescer e decrescer) não é ilusório nem fantasmagórico (mas a manifestação da origem). Por que, então, é preciso lutar por algum objectivo? As águas são azuis e as montanhas verdes. A sós, consigo mesmo, ele observa o mudar sem fim das coisas.

“Ele voltou à origem, retornou à fonte primeira. mas seus passos foram em vão. E como se agora estivesse surdo e cego. Sentado em sua palhoça, não procura coisas de fora; fluem de si mesmas as águas correntes, flores vermelhas desabrocham naturalmente vermelhas.

ENTRANDO NA PRAÇA DO MERCADODescrição: Descrição: Descrição: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO0aQb9_bJG6DaYqCVOqYBDb8MLNeBXs7reWgxxtIyDQBlCjg2coT5A9K5Vsqn_q94a_MiykEUlziEwef-lwPq5pnFy7HZscLn2C95vYw6zs75HCWjrdz0IiJ1mz3qRyc1MlIKag/s320/JJ.jpg


O portão de sua palhoça está fechado. Nem o mais sábio pode encontrá-lo. O seu panorama mental finalmente desapareceu. Ele vai no seu próprio caminho, não fazendo tentativa alguma de seguir os passos dos antigos mestres. Carregando uma garrafa, passeia pelo mercado; apoiado num bordão, volta para casa. Conduz os donos de botequins e peixarias ao caminho de Buda.

“De peito nu e descalço, dá entrada no mercado enlameado e coberto de poeira; como sorri amplamente sem recorrer a poderes especiais faz com que as árvores ressequidas floresçam novamente.”


FONTE: ZEN-BUDISMO. Planeta especial. N. 188-A.
Os dez quadros do pastoreio do touro dizem respeito ao nosso desenvolvimento interior e possui também um significado mais amplo, pois neles se manifesta a busca da própria humanidade. Podemos também associar os quadros ao mito do filho pródigo do cristianismo. O filho pródigo “tendo dado as costas a sua verdadeira natureza”, se perde tal como o pastoreio do touro e perambula pelo mundo buscando a felicidade para, enfim, voltar e encontrá-la na casa do pai.
Os quadros representam nossa própria busca interior, pois todos temos que enfrentar nossos inimigos, que são as recordações, os hábitos e as repetições. É preciso que estejamos atentos a esses círculos viciosos e cansativos cujo peso impede que encontremos a paz e o repouso.

Dharma

NÃO HÁ NADA QUE TU POSSAS FAZER, PELAS COISAS QUE NÃO PODEM SER FEITAS

domingo, abril 19, 2020

todos iremos passar

Sim, todos sem excepção iremos passar, afinal resta quando muito a questão da forma que o iremos vivenciar... talvez por aí o possamos minimamente precaver ou até... e provavelmente até não...