Marilyn Wills deixou sua mesa e foi para a sala de conferências, naquela manhã. Enquanto pensava em como seria demorada a reunião, houve uma grande explosão, que atingiu a parede atrás dela. Ela olhou para cima e viu uma bola de fogo.
A força da explosão a jogou do outro lado da sala. Havia fumaça. Pessoas gritavam. De joelhos, gatinhou, procurando chegar na porta mais próxima. Estava muito quente. Isso significava fogo do outro lado. Então, com os joelhos ensanguentados, foi rastejando através do fumo, para o outro lado, com a manga do suéter na boca, para respirar. Alguém agarrou a parte de trás de sua calça. Era uma mulher que trabalhava em seu escritório.
A tenente-coronel Wills ofereceu a outra manga do suéter para ela. Depois para um soldado e outro oficial.
Ela começou a rezar: Senhor, me tire daqui.
Lembrou das duas filhas. Não quero morrer, Senhor.
Viu um pequeno raio de luz e rastejou para lá.
Um soldado atirou uma impressora ou algo parecido contra aquela janela. Sem resultado. As janelas do Pentágono são feitas para não serem quebradas. Alguém arrancou freneticamente a moldura da janela. E a corajosa mulher foi ajudando os companheiros a sair. Quando finalmente ela saiu, perdeu a consciência e acordou dois dias depois no hospital. Inalara muito fumo e apresentava queimaduras.
Foi presenteada com a Medalha do Soldado, por seu heroísmo, durante esse ataque de 11 de setembro de 2001. Pelos ferimentos sofridos, ela recebeu, mais tarde, o Coração Púrpura, condecoração oferecida a soldados feridos ou mortos, durante o serviço militar. Numa entrevista disse a corajosa mulher: Ninguém deveria receber um Coração Púrpura.
Imaginamos porque ela teria assim se expressado. E nos demos conta: ninguém deveria ser ferido ou morto em combate. Isso significaria abolir a guerra, os conflitos armados, as ações terroristas. Isso significaria colocar em prática o Amai-vos uns aos outros. Perdoai os vossos inimigos.
Lições que atravessaram milênios mas ainda não alcançaram os nossos corações, porque não aderimos a essas convocações. Em plena transição planetária, enquanto as ciências e as artes encantam sempre mais o mundo, continuamos a nos agredir. Agressões no estreito círculo familiar, agressões na escola, no trabalho.
Parece que não aprendemos que a violência não é má somente quando nos atinge ou a quem amamos. Então, erguemos a bandeira branca, gritando por paz.
Mas a paz começa em nós, em nossa intimidade, sufocando o orgulho, a sede de poder, de mando e comando. Aprendei de mim, disse o Sábio Galileu, que sou manso e humilde de coração e encontrareis repouso para as vossas almas.
A tenente-coronel retornou ao trabalho, apenas onze dias depois dos ferimentos sofridos. Manteiga de cacau nas cicatrizes, confiança em Deus e vontade de auxiliar companheiros e famílias dos mortos a fizeram superar a grave crise. Tudo servindo-se da sua compaixão e do mestrado em aconselhamento psicológico.
Ela acredita que a superação ao ataque é difícil para todos.
Porém, agradece por ter sobrevivido e poder auxiliar.
Uma bela lição.