Sábado participei em mais uma aventura organizada pelos Amigos da Pagaia.
Desta feita e para não fugir à recente tradição, apesar de algumas alterações nos participantes o espírito dos sete magníficos imperou.
O trajecto prometia, estavam previstos cerca de 17 quilómetros. Na realidade acabaram por se tornar em quase 30. Saímos por volta das 10:00 da Pousada na Torreira.
Apresentaram-se o Plaza, o R.R., Mota, M.M., o Quim e o Carlos.
O tempo esteve magnifico, quente, águas claras, pouco vento…, mesmo adequado para a pratica do kayak.
Os primeiros 5 quilómetros foram cumpridos em espaço aberto já que a primeira parte deste percurso era basicamente a travessia da ria de Aveiro, desde o ponto de partida até ao Bico da Murtosa.
Com tanto espaço para navegar foi notável ver os 7 kayaks alinhados a toda a largura e em bom andamento. A boa velocidade curioso foi num espaço de água tão largo como é a ria naquele ponto, ao virar-me para a direita ou para a esquerda, ver todos os meus companheiros e suas embarcações a cruzar as águas…. Fantástico.
De notar também, aqui e ali bem no meio da ria, um ou outro baixio, a arrepiar por ameaçar algum encalhanço. Deu também na trilha de umas lanchas que lá passaram, para surfar um pouco nas ondas provocadas à sua passagem, isto os mais audazes, claro….
Sempre juntos entramos já no lado da Murtosa, num emaranhado de canais, onde o silêncio e a natureza esmagavam qualquer outro sentimento.
Então numa formação alterada para uma linha ao comprido e aos pares fomos afundando canais adentro, nosso espanto por tanta beleza.
Gradualmente fomos passando de uns canais tipicamente de ria, para um outro com características muito diferentes. Este com uma vegetação mais a lembrar um afluente do rio amazonas, estreitava serpenteando, com muitas armadilhas submersas detectáveis pelos remoinhos que causavam à superfície. Soubemos mais tarde que este é um pequeno curso de água, chamado de rio Velho, penso que ainda andamos cerca de uns 5 ou 6 quilómetros neste estreito rio Velho.
Tivemos aqui alturas tipo gincana, para não embater nalguma arvore meio submersa.
Passamos por locais onde a vegetação fazia por cima de nossas cabeças autênticas pontes de arvoredo. Fomos seguidos bem de perto cerca de 2 quilómetros por uma atenta águia talvez por termos invadido o seu território, até porque passamos a determinada altura bem pertinho do seu ninho. Mas ainda avistamos e bem próximo, cegonhas em pleno voo, garças, falcões e muitas águias.
Por esta altura já todos confirmávamos que num kayak tipo “arrastadeira”, já o Quim revelava um andamento imbatível. Sempre à frente nesta zona do percurso, ele imprimia no grupo um ritmo certo, rápido e sem pausas.
Por fim quando até já alguns de nós começávamos a temer irmos parar à china e meio perdidos, eis que “desaguamos” no rio Vouga.
Aqui a sensação é a de navegar uma imensa e larga avenida, já que tivemos pela frente uma perfeita recta com talvez 4 ou 5 quilómetros. A serenidade tanto nas águas como na vegetação envolvente é impressionante neste percurso.
Mais para o fim, começou-se a sentir um certo ar de maresia. Finalmente estávamos a aproximarmo-nos do mar.
Antes dos últimos talvez 10 quilómetros, paramos no fim do rio Vouga.
Depois das pernas e as costas esticadas lá partimos.
Foi a partir daqui que pela primeira vez o grupo de facto se fragmentou, havendo o cuidado de todos para que mesmo assim nenhum AP ficasse sozinho, caso houvesse necessidade de efectuar um resgate nalgum indesejado viranço ou indisposição.
Lá para o meio do percurso, talvez por que havia um almoço à espera na Peixaria, o pessoal afastou-se ainda mais ficando eu junto com o Mota, na cauda do pelotão a prestar apoio ao Carlos que pela primeira vez participou numa aventura tão longa e com um andamento assim pró puxado.
Depois de termos experimentado o juntar pelo menos duas vezes de dois cursos de água na bacia da ria, de termos ficado deslumbrados com a limpeza e transparência da água, com o apoio do Mota e com o meu próprio apoio, lá chegamos os três a São Jacinto, talvez cerca de 20 a 30 minutos depois de todos os outros.
Claro que todos muito bem dispostos, felicitaram o Carlos, reconhecendo que o seu baptismo mais pareceu um baptismo de fogo, que um de água, hehehe…
Depois foi o encontro com a gastronomia do Restaurante Peixaria, em São Jacinto.
Mas isso não vou alongar senão tenho que largar as teclas de imediato, que fico cá com uma sede e uma fome que nem vos conto.
Ai, Ai, peixinho tão fresquinho…. Pinguinha tão fresquinha, … pára!.... ok.
Foi para mim até agora o passeio mais extenso, mais puxadinho, o que mais gostei também. Senti a falta de alguns amigos de outros passeios, que não puderam estar presentes. Mas fico grato a todos por ao praticarem esta modalidade do Kayak, aproveitarem todos sem excepção, para se revelarem uns excelentes amigos, com espírito de aventura, maluqueira qb, e sempre positivos e saudáveis.
Bem hajam e venha o próximo mas rapidamente, sim!