quinta-feira, junho 04, 2009

... normose ...

"Todos querem se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exactamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está a passar por algum problema. Quem não se "normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba por adoecer. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós? Quem são esses ditadores de comportamento que "exercem" tanto poder sobre as nossas vidas? Nenhum João, Zé ou Lúcia bate à tua porta exigindo que sejas assim ou assado. Quem nos exige é uma colectividade abstracta que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer ser o que não se precisa ser. Precisas de quantos pares de sapatos? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Então, como aliviar os sintomas desta doença? Um pouco de auto-estima basta. Pensa nas pessoas que mais admiras: não são as que seguem todas as regras obviamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida à sua maneira. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não fraquejaram, não passaram avante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta quereres tomar para ti as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta e faz sofrer bastante. Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais e tentam viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão a sofrer. E se estão a sorrir, é porque a alma lhes é iluminada. Por isso divulgue o alerta: a normose está a doutrinar erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes. Talvez por isso por vezes digam que sou meio “maluco”, quando apenas o que faço é tentar não ser contagiado por esta “doença” e viver com regras mas não todas… "

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