quarta-feira, dezembro 29, 2010

As Diferenças entre Religião e Espiritualidade

A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.

A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém
lhes diga o que fazer, querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção
à sua Voz Interior.

A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo,
a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.

A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprende com o erro".

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!

A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e portanto é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.

A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.

A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.

A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.

A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.

A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.

A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.

A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.

A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.

A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

terça-feira, dezembro 28, 2010

Abraço


Não somos irmãos por um acaso.

Escolhemo-nos assim para nos conhecer mutuamente.

Foi como um tipo de código que encontramos para recordar em tempos difíceis, o teor da nossa missão.

Irmanados nesse voto secreto de nos desvendar conscientemente a nós próprios, como algo invisível, indetectável, indefinível… uma iniciação.

Construímos esse voto em nosso âmago, procuramos com o primeiro sopro de vida, colorir o nome do alimento que sustem a própria vida sem cor.

Partilhamos as dificuldades enormemente de forma análoga, secreta, quase individual. Sofremos a distância causada pela imposição de nossa mente aos conteúdos da nossa encarnação, duvidamos e conjecturamos, para depois mais logo, muitas vezes em solidão, escondidos e rendidos, entregar tudo em avalanche às datas sem lugar.

Sofremos juntos, calados, em gemidos contidos, as afirmações de desacerto pelas direcções que imprimimos às vidas que alugamos como nossas…. e ainda surpreendidos pela resistência dos dias e do organismo, acreditamos de repente compensa esquecer as dores do parto… da espiritualidade… do apêndice mais importante do corpo físico.

Queremos salvar o mundo enquanto afogamos o nosso sem clemência, olhamos tudo que diz respeito às nossas relações humanas e aos próprios humanos através de um auto-imposto vitral fosco e depois deslumbramo-nos com as nuvens do céu. 

Chegamos a blasfemar ao ponto de desejar que tudo que fosse humano fosse como o céu a quem nos entregamos sem peso e medida, enquanto viciados no jogo vicioso que nos alimenta o desejo, continuamos a adulterar profanando. 

Preferimos para o enaltecer do nosso ego, o menosprezo da pura lógica natural. 

Sofremos com prazer repetidas vezes a escravatura do Ego. Esse amado tirano que nos impede de ver a verdade inconveniente, mas dona da nossa própria verdade. 

Os instrumentos do corpo, ao nosso serviço, disponibilizamos para cauterizar a torto e a direito, como for e calhar, sem qualquer noção real de sua própria extensão, relegando as consequências para depois e para quem vier.

Agimos em perfeita loucura, auto induzida e imposta, deitando as culpas a todos e a tudo, deixando nossa própria sobrevivência de sobreaviso, com tal dispêndio de recursos, generosamente cedidos pela Mãe da Terra e pelo Pai do Cosmos.

Agimos nós os filhos eleitos, como tiranos invasores, vírus destrutivos, inconsoláveis e órfãos de qualquer resquício de sacralidade… de qualquer beleza.

E apesar de tudo isto ainda acreditamos na cor do sangue que corre nas nossas veias, na energia que permeia nossos sentimentos, na razão que ilumina dissipando as nossas trevas.

É por isso que te amo, que acredito em ti, por que me acredito, por sei que o mais seguro é que para além, ou muito mais além do que eu sei tu sabes ou desejas saber… e que isso faz de mim teu irmão e de ti minha irmã, e dessa irmandade faremos o berço da civilização.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Canção de Natal

Era a véspera de Natal do ano de 1818. Em Hallein, nos Alpes austríacos, o padre Joseph Mohr lia a Bíblia.
Quando se detinha nos versículos que se referiam às palavras do visitante celeste aos pastores de Belém: Eis que vos trago uma boa nova, que será de grande alegria para todo o povo: hoje nasceu o Messias, o Esperado..., bateram à porta.
Uma camponesa pedia que fosse abençoar o filho de uns pobres carvoeiros, que acabara de nascer. O padre colocou as botas de neve, vestiu seu abrigo. Atravessou o bosque, subiu a montanha.
Em pobre cabana de dois cómodos, cheia de fumaça do fogão, encontrou uma mulher com seu filho nos braços. A criança dormia.
O padre Mohr deu sua bênção ao pequeno e à mãe. Uma estranha emoção começou a tomar conta dele. A cabana não era o estábulo de Belém, mas lhe fazia lembrar o nascimento de Jesus.
Ao descer a montanha, de retorno à paróquia, as palavras do Evangelho pareciam ecoar em sua alma.
Aproximando-se da aldeia, pôde observar os archotes que brilhavam na noite, disputando seu brilho com o das estrelas.
Era o povo que seguia para a igreja, a fim de celebrar, ali, em oração, o aniversário do Divino Menino. A milenária promessa de paz vibrava no silêncio do bosque e no brilho das estrelas.
Padre Mohr não conseguiu dormir naquela noite. Febricitante, ergueu-se do leito, tomou da pena e escreveu um poema, externando o que lhe ía na alma.
Pela manhã procurou o maestro Franz Gruber, seu amigo. Mostrou-lhe os versos.
O maestro leu o poema e disse, entusiasmado: Padre, esta é a canção de Natal de que necessitamos!
Compôs a música para duas vozes e guitarra, porque o órgão da igreja, o único na localidade, estava estragado.
No dia de Natal de 1818, as crianças se reuniram, debaixo da janela da casa paroquial, para ouvir o padre Mohr e o maestro Gruber cantar.
Era diferente de tudo quanto haviam escutado. Noite de paz, noite de amor...
Dias depois, chegou ao povoado o consertador de órgão. Consertado o instrumento da igreja, o maestro Gruber tocou a nova melodia, acompanhado pela voz do padre.
O técnico em consertos de órgão era também um excelente musicologista e bem depressa aprendeu letra e música da nova canção.
Consertando órgãos por todos os povoados do Tirol, como gostasse de cantar, foi divulgando a nova Canção de Natal. Não sabia quem a tinha composto pois nem o padre Mohr, nem o maestro Gruber lhe tinham dito que eram os autores.
Entre muitos que aprenderam a Canção, quatro crianças, os irmãos Strasser passaram a cantá-la.
O director de música do Reino da Saxónia, em ouvindo-lhes as vozes claras e afinadas, se interessou por eles e os levou a se apresentarem, num concerto.
A fama dos pequenos cantores se espalhou por toda a Europa e a Canção apaixonava os corações.
Mas ninguém sabia dizer quem era o autor.
Foi um maestro de nome Ambrose quem conseguiu chegar até Franz Gruber.
Haviam se passado mais de trinta anos. E a história do surgimento da Canção de Natal foi escrita em 30 de Dezembro de 1854.
Não são conhecidas outras músicas de Franz Gruber. A Noite de paz parece ter sido sua única produção.
Não será possível crer que as vozes do céu, que se fizeram ouvir na abençoada noite do nascimento de Jesus, tivessem inspirado os versos e a primorosa melodia para que nós, os homens, pudéssemos cantar com os mensageiros celestes, dizendo da nossa alegria com a comemoração, a cada ano, do aniversário do nosso Mestre e Senhor?