terça-feira, dezembro 28, 2010

Abraço


Não somos irmãos por um acaso.

Escolhemo-nos assim para nos conhecer mutuamente.

Foi como um tipo de código que encontramos para recordar em tempos difíceis, o teor da nossa missão.

Irmanados nesse voto secreto de nos desvendar conscientemente a nós próprios, como algo invisível, indetectável, indefinível… uma iniciação.

Construímos esse voto em nosso âmago, procuramos com o primeiro sopro de vida, colorir o nome do alimento que sustem a própria vida sem cor.

Partilhamos as dificuldades enormemente de forma análoga, secreta, quase individual. Sofremos a distância causada pela imposição de nossa mente aos conteúdos da nossa encarnação, duvidamos e conjecturamos, para depois mais logo, muitas vezes em solidão, escondidos e rendidos, entregar tudo em avalanche às datas sem lugar.

Sofremos juntos, calados, em gemidos contidos, as afirmações de desacerto pelas direcções que imprimimos às vidas que alugamos como nossas…. e ainda surpreendidos pela resistência dos dias e do organismo, acreditamos de repente compensa esquecer as dores do parto… da espiritualidade… do apêndice mais importante do corpo físico.

Queremos salvar o mundo enquanto afogamos o nosso sem clemência, olhamos tudo que diz respeito às nossas relações humanas e aos próprios humanos através de um auto-imposto vitral fosco e depois deslumbramo-nos com as nuvens do céu. 

Chegamos a blasfemar ao ponto de desejar que tudo que fosse humano fosse como o céu a quem nos entregamos sem peso e medida, enquanto viciados no jogo vicioso que nos alimenta o desejo, continuamos a adulterar profanando. 

Preferimos para o enaltecer do nosso ego, o menosprezo da pura lógica natural. 

Sofremos com prazer repetidas vezes a escravatura do Ego. Esse amado tirano que nos impede de ver a verdade inconveniente, mas dona da nossa própria verdade. 

Os instrumentos do corpo, ao nosso serviço, disponibilizamos para cauterizar a torto e a direito, como for e calhar, sem qualquer noção real de sua própria extensão, relegando as consequências para depois e para quem vier.

Agimos em perfeita loucura, auto induzida e imposta, deitando as culpas a todos e a tudo, deixando nossa própria sobrevivência de sobreaviso, com tal dispêndio de recursos, generosamente cedidos pela Mãe da Terra e pelo Pai do Cosmos.

Agimos nós os filhos eleitos, como tiranos invasores, vírus destrutivos, inconsoláveis e órfãos de qualquer resquício de sacralidade… de qualquer beleza.

E apesar de tudo isto ainda acreditamos na cor do sangue que corre nas nossas veias, na energia que permeia nossos sentimentos, na razão que ilumina dissipando as nossas trevas.

É por isso que te amo, que acredito em ti, por que me acredito, por sei que o mais seguro é que para além, ou muito mais além do que eu sei tu sabes ou desejas saber… e que isso faz de mim teu irmão e de ti minha irmã, e dessa irmandade faremos o berço da civilização.

1 comentário:

  1. Na tua Luz me alumio
    não por ser tua....
    mas a d`ELE que te permeia

    Namastê

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