É uma noite como tantas outras no hospital. Pacientes terminam de jantar, médicos e enfermeiros trocam o plantão.
Pelos corredores, ouvem-se passos suaves.
Parada na porta da enfermaria, a sorridente moça pergunta: Nós viemos fazer uma visita. Podemos entrar? Os pacientes estranham, pois só vêem uma pessoa.
Quando ela entra no quarto, sorrisos e exclamações se fazem ouvir. Ela vem acompanhada por um cachorro!
Um cachorro no hospital? Como pode? Pergunta um rapaz espantado.
A cena se repete em todos os andares.
Voluntários de uma ONG levam seus cães e gatos para visitar e interagir com quem está internado.
As reacções diante da entrada dos animais são positivas.
Alguns pacientes, a princípio, ficam receosos, mas deixam os animais se aproximarem; afinal, são animais de terapia, avaliados e educados para desempenharem essa função. Os que estão hospitalizados acabam se rendendo ao amor incondicional que os bichos demonstram.
Há quem se emocione, abraçando e afagando os animais entre lágrimas, pensando nos amigos de estimação que ficaram em casa e dos quais sentem falta.
A pediatria vira uma festa. Crianças, pais, médicos e enfermeiros esquecem por um momento a dor e o cansaço e aproveitam para acariciar os anjos de quatro patas, que compreendem a delicadeza do momento, recebem de boa vontade os afagos e os devolvem com amor e carinho, lambendo mãos e rostos.
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Aos domingos, esses voluntários vão a asilos levar seus cães e gatos para visitar avôs e avós. Para muitos deles, que não possuem parentes ou cujos familiares nunca aparecem, são a única visita que recebem há anos.
Durante a semana, os animais são levados a escolas especiais para interagir com crianças, jovens e adultos com diferentes tipos de deficiências.
Os profissionais que trabalham nessas escolas contam que o efeito dessas visitas beira o inacreditável, estimulando alunos antes refractários a vencerem dificuldades motoras, cognitivas e emocionais para se aproximarem dos cães.
Os donos desses animais são voluntários que, além de se doarem para levar um pouco de amor ao próximo, compreenderam que seus companheiros de quatro patas também poderiam contribuir para amenizar sofrimentos e dar alegria às pessoas.
Quando saem dos locais visitados, levam consigo a impressão de que receberam mais amor do que doaram e deixam nos corações e mentes dos que ali ficaram motivação para prosseguir.
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Os animais, segundo Francisco de Assis, são nossos irmãos menores. O ser humano é responsável por sua educação e deve colaborar em seu processo evolutivo.
Educar um animal com base no amor, sem punições e sem dor, para que ele ajude a aliviar o sofrimento do próximo, é uma linda maneira de praticar a caridade.
Todos ficam envolvidos em vibrações positivas: quem recebe a visita, quem a faz e também quem presencia. Em momentos como esses, o amor se espraia, deixando, ao longo dos dias, um luminoso raio da mais pura alegria.
com base no trabalho desenvolvido pelos voluntários do Instituto Cão Amigo & Cia (Curitiba) e na reportagem Mascotes terapeutas, da coluna Viver bem, do Jornal Gazeta do Povo