quinta-feira, setembro 17, 2009

O amor é uma ciência?

Algumas definições de ciência:

- A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade funciona.

- Saber, conhecimento de certas coisas que servem à condução da vida ou à dos negócios.

- Conjunto dos conhecimentos adquiridos pelo estudo ou pela prática.

- Hierarquização, organização e síntese dos conhecimentos através de princípios gerais (teorias, leis, etc.)

O amor é uma ciência?

A grande maioria das pessoas adultas confrontadas com esta questão, revelam não saberem muito bem o que pensar sobre o assunto. Muitas delas nem se terão debruçado ainda sobre o tema. As que de escrutínio reportam na sua maioria reacções mais emocionais que intelectuais, são dignas de registo dado que apesar de ser um tema algo inesperado é no mínimo consensualmente sentido.
As reacções mais verificadas e desafio desde já a fazerem uma experiência com pessoas de vossa confiança, sempre é um estudo mais conclusivo (obtenção de dados mais fiáveis), foram as seguintes, segmentadas em grupos:

1. As pessoas ficam atónicas e em silencio, como se subitamente desarmadas.

2. As pessoas olham fixamente nos teus olhos, imóveis e algo hostis.

3. As pessoas ficam como se não entendessem a questão, agitadas e distraídas tipo - diz lá?

4. Umas minorias das pessoas, ainda sem terem pensado objectivamente na questão, mostram-se receptivas e curiosas.

Esta desequilibrada proporção foi a motivação que conduziu ao desenvolver do tema e assim chegar às seguintes conclusões.

Os três primeiros grupos, confrontados com a questão estão em número de pessoas questionadas com relação ao quarto grupo, mais que na proporção de 3 para 1

Em termos muito genéricos verifiquei quanto ao primeiro grupo, que é constituído por pessoas acostumadas a condicionar o seu pensamento e raciocínio sem questionar muito, às fontes de informação de maior proximidade, acesso ou de maior peso cultural e social, de forma que estão estruturadas elas próprias para um tipo de raciocínio que não se coaduna com informações e conteúdos muito fora desta “rede condicionada” de pensamento.
Ao serem confrontadas com questões intelectuais para as quais não estão preparadas para “desmontar”, apresentam-se surpreendidas e é fisicamente verificável.
Um grupo com tendência à extinção.

No segundo grupo, as pessoas ainda que apresentem maioritariamente características do primeiro grupo, distinguem-se pelas suas reacções à questão. Identifico aqui personalidades que para além de se auto-limitar em termos de conhecimentos, em consequência de necessidades várias, ainda apadrinham de forma muito especial alguma linha específica de pensamento. São os filiados, os sócios, os membros, os adeptos, os profissionais, etc., pessoas que ao serem confrontadas com a questão portam uma postura limitadora de auto-defesa, algo excitada e logo tendem a assumir uma postura de quem está a ser encurralado ou posto em causa e em consequência que pondera prontificar o ataque. Está entre estes, aquele que faz a guerra para conseguir a sua paz. Para além de ter uma diminuta abertura, auto impõe-se a um fundamentalismo em algum ponto do seu sistema, ao nível do essencial. Tudo que fuja muito a este dogma é uma ameaça. Pessoas com o ego algo descontrolado. Um grupo com tendência a decrescer.

O terceiro grupo também com características do primeiro diferencia-se sobretudo do segundo, devido a uma dualidade que sem uma expressão intelectual verdadeiramente desenvolvida, objecto de estudo ou raciocínio, acaba agindo de forma espontânea e constatável. São pessoas que navegando ainda em velhas águas, já uma parte ou mais de si próprias emerge timidamente, em resposta a estímulos exteriores, com uma abertura crescente direccionada algo que sentem mais do que raciocinam e que sentem estar a mudar suas vidas. Um propósito maior, algo que ainda que não estejam a compreender em absoluto, encontra em si próprias uma receptividade, uma atracção magnética muito forte. São pessoas em que a sua unicidade já se confere por suas dualidades hiper-estimuladas. Estas pessoas sem se filiarem facilmente em coisa alguma, até porque já desconfiam de todos os propósitos que se revelem condicionantes, sentem crescente necessidade de contribuir de alguma forma para a promoção do ambiente, de interagir fora dos modelos ultrapassados de coordenação social, familiar, profissional, etc.
Procedem divididas entre as expressões: “Vai contar essa história a outro” e “Ora diz lá outra vez, para ter a certeza que estou a ouvir bem”.
Um grupo com tendência mista, onde as pessoas tanto tendem a migrar para o primeiro grupo como para o terceiro. Em última estancia, um grupo também destinado à extinção por esvaziamento.

O quarto grupo, em minoria relativamente aos restantes é o que parece conter mais solidamente o gérmen do crescimento sustentado. Neste grupo as pessoas evolucionam em suas reacções de uma forma que origina a expansão de seus centros de conhecimento. Muito receptivas, adoptam posturas muito focalizadas em seu aprendizado e é com ele que esperam desenvolver suas capacidades. Apresentando elevados níveis de auto-confiança, transmitem também elevada capacidade de colaboração, de assertividade, de transparência e abertura. Neste grupo de pessoas que cresce porque se desenvolve, a dualidade está enfraquecida.
Neste grupo, as pessoas já adquiriram competências suficientes para adentrarem a si mesmas sem dolo, sem grande perturbação, de maneira crescente, natural e espontânea. Dentre estas pessoas é fácil reconhecer o adestramento em seus relacionamentos, a grande necessidade como se em resposta a si mesmas, de respeitar o ambiente, adoptar posturas sãs, tolerantes e disciplinadas, reconhecer enfim no que as rodeia os mesmos processos que em si mesmas afloram.
Pessoas assim, dinâmicas expansivas e multifacetadas, exemplificam bem o prisma de cristal em sua imagem sólida. Este cristal sendo um só, encontrou em cada uma das suas faces forma, de cada uma das faces sem se ocultarem entre si, reflectirem captando para um mesmo centro as diferentes cores do espectro luminoso, harmoniosamente. Este parece ser o candidato de alguma forma com maiores aptidões naturais para entender em níveis cada vez mais elevados, a natureza expansiva de toda a manifestação sobre o plano.

O amor é uma ciência?

O amor deve ser contextualizado na génese de tudo de verdadeiramente grandioso na história do ser humano. O amor surge como a primeira grande revelação cósmica nas necessidades do próprio ser humano. Os primeiros hominídeos agrupam-se por necessidade de se protegerem e de se alimentarem, num mundo ainda inóspito. Em suas primeiras colónias e em virtude da própria procriação, através dos afectos cada vez mais evoluídos e de interesses partilhados em comunidade, evoluíram através dos tempos até aos dias de hoje em nós.

A semente grandiosa desta evolução germinou no que conhecemos como Amor.
Mais do que por um mero acaso, todas as relações humanas evoluíram sem excepção, levando em conta o favorecimento do próprio ser humano. Em termos correctos e naturais, é na sublimação dos afectos que as manifestações amorosas se formulam mais depuradas e equilibradas, aceites e reconhecidas por todos, mais que as paixões abrasadoras, desequilibradas e passageiras.
Desta forma as sociedades evoluíram para lá das necessidades básicas e cultuando mesmo a satisfação da “alma”. Assim, se por exemplo o humano desenvolveu o conceito da aprendizagem como a conhecemos nas escolas, onde é posto ao serviço de um indivíduo os conhecimentos necessários para o próprio benefício da comunidade, também se encontrou espaço para o desenvolvimento das Artes como as conhecemos, para o próprio prazer mais ou menos subjectivo e desenvolvimento criativo do indivíduo e da comunidade.
Afinal o homem em observância às suas necessidades e em harmonia com a sua natureza e criatividade chegou àquilo que é hoje.

Pela sua caminhada evolutiva, tomou posse dos processos que estimulam à própria evolução, sendo que o Amor pela causa desde logo ele acarinhou, tanto para o bem como para o menos bem do busílis.

Por amor os processos naturais encontram a sua melhor expressão. É assim que tudo cumpre o que para si foi manifesto.

(o ser humano) É a ferramenta que o trabalhador (a vida) utiliza (através da sua expressão perceptível, a energia, o plasma, o chi, etc.,) para arar o solo (como veiculo de compreensão e sustentação do universo).
(o ser humano é a obra prima pelo qual a energia cósmica manifesta a sua expansão)
Que diríamos da ferramenta que se recusa e trabalhar, estéril em sua razão?

Todas as grandes tragédias causadas pelos humanos estão na razão directa de sua falta de amor, de seu egocentrismo transviado e apartado das correntes vivificantes da natureza. Muitas das grandes patologias que assolam a humanidade, grande parte dos conflitos sociais, dos indesejáveis desequilíbrios, acontecem por esta mesma razão. É algo latente e constatável tanto em nossa consciência, como em nossos próprios meios de comunicação. Toda a publicidade enganosa, enfim toda a criação porta em si a energia própria que lhe está associada, suas características estão vinculadas, daí os resultados desastrosos quando “a cara não dá com a careta” Não vale mesmo a pena enganar pois é caminhar investindo, em direcção a um beco sem saída.

Quando a desarmonia causada pela falta de amor afecta (infecta) os comportamentos de pessoas especialmente vocacionadas para cargos de elevada responsabilidade nas comunidades, juízes, governantes, progenitores, autoridades de toda a espécie, será fácil antever os resultados infecciosos que daí advém. Os custos estéreis a suportar pelas estruturas, a subversão à sua própria origem fomenta um anátema, um grave prejuízo para o individuo e toda a natureza em todos os níveis da existência.

Creio entender, que humanos inconscientes, com tendências especialmente perversas souberam habilmente desde cedo e ao longo dos tempos, camuflar em proveito próprio estes mecanismos de conhecimento para serventia de todos, e como ladrões confundirem os incautos com derivações destes mecanismos naturais e maravilhosos, para com estatutos de poder, maledicência, perversidades sexuais de toda a forma e maneira, em resultado mais ou menos esperado, chegarmos ao que encontramos hoje na maioria dos estados modernos; corrupção, injustiça, insaciedade e descontentamento.

O corpo humano transcendente.
Para que o todo da própria humanidade se mantenha coeso, tem que as partes se manterem limpas, puras e arejadas. E isto só é possível aliando o conhecimento da experiência humana, com a sua natureza primordial sublimada a um expoente maior, o AMOR incondicional.

Sem este AMOR incondicional, não tem empresa, organismo, departamento, família, o que quer que seja a funcionar sadiamente. Não adianta formação técnica de excelência por si só em seus colaboradores, se não estiver salvaguardada e algo estimulada até, a sua frágil mas essencial formação moral e ética.
Num planeta cada vez mais globalizado e com tendências uniformizantes, só uma ciência que demonstre resultados concretos ao nível do funcionamento das sociedades, que respeite e agilize a cada uma das identidades participantes dentro de princípios integrantes aceites por todos, onde os consensos sejam encontrados no âmbito da natureza, seu estudo e sua conservação, ao estar integrado naturalmente nesta dinâmica o homem tem uma oportunidade única e sublime de sintonizar uma linguagem comum e universal. Parece pouco?

Só o feito de encontrar esta linguagem comum, faria de todos os homens de imediato irmãos e co-responsáveis pela totalidade de suas acções, algo que não acontece actualmente. Seus empreendimentos obedeceriam a esta estratégia, e sobre ela desenvolveriam suas actividades e encontrariam suas oportunidades e parceiros de negócios.
Porque haveria o homem de insistir nas fortunas individuais ou corporativas, quando podem todos sem excepção ter uma vida digna, benéfica e produtiva para o planeta. Porquê investir a todo custo a curto prazo se este coloca em causa a sustentabilidade a longo prazo?
O que difere no homem são as suas escolhas, suas políticas ou pelo menos a maneira de as fazer. Uma espécie de ostracismo regional, de estrabismo no objectivo global, na conservação e protecção a todo custo se necessário com a própria vida, pelo planeta GAYA, nosso lar, nossa mãe.

O amor é uma ciência. É a linguagem da natureza, do cosmos. Ela é a arca de todos os tesouros desde sempre almejados, de todo o equilíbrio, toda a harmonia, toda a razão em cada um de nós, em cada um de nossos filhos e filhas, de cada uma das nossas acções.

Proceder fora deste princípio, que não é meu nem de nenhum iluminado mas da natureza deste lugar, faz de qualquer existência no presente e no futuro de Gaia uma breve e frustrante passagem, uma vã existência destinada ao exílio, por incumprimento das leis naturais de atracção gravitacional que estão na própria origem de nossa manifestação física.

Seguindo os princípios da física quântica, deveríamos iniciar a projecção em nossas mentes, de organizações humanas que pautassem cada vez mais suas actuações sobre estes desígnios, por exemplo: visualizar as empresas de vanguarda, aquelas que toda a gente observa a fim de copiar o modelo, a investir criando departamentos com claros objectivos na obtenção de rendimentos extraordinários nesta área, do amor por si próprio e pelo ambiente. A desenvolver projectos extensíveis ao lar de cada um, onde a empresa poderia acompanhar cada um de seus colaboradores em dinâmicas integrantes, tanto ao nível pessoal como ao nível social e comunitário. A criar em cada empresa convénios com seus clientes, fornecedores e colaboradores, onde se obtivessem claros benefícios por objectivos claramente regulamentados, do foro ambiental e cultural. Colaboradores dinamizados, em actividades que lhes permitissem dissipar algum do stress profissional, com valências promovidas pela empresa. Daria certamente um resultado fabuloso, tanto para os objectivos da empresa como para a qualidade do colaborador e em consequência para o meio ambiente. Colaborador respeitado o mais possível em cada aptidão e qualificação, sempre orientado num programa tolerante mas exigente ao nível da honestidade e transparência de processos, áreas de alto investimento. Visualizemos por exemplo as empresas públicas com semelhantes características …

A competição desenfreada e inconsequente deverá ser quanto antes desmascarada e revelada ao olhar de todos. Para que seja aconselhado o seu abandono, sua esterilidade e alto custo.

Parece complicado mas inicia-se por exemplo, com apenas um bom dia de olhos nos olhos, de coração a coração.
O custo inicial desta operação deveria ser de bom ânimo e em primeiro lugar, assumido pelos principais responsáveis do actual estado de coisas, que além de alguma justiça ser resposta, outros lhe pudessem seguir o exemplo. Empresas mais contidas em sua sede de expansão, mais ecológicas e interventivas na região de sua implementação, sobretudo mais generosas e correctas com relação às pedras preciosas do meio ambiente à sua responsabilidade: os colaboradores e sua comunidade por consequência.

A política, o capitalismo e os demais modelos de governação chegaram ao fim útil de sua existência. Pelo caminho, em nome de uma urbanização selvagem e desmedida, criaram demasiados excluídos, demasiados desequilíbrios, demasiados estragos ambientais e sobretudo uma cultura déspota, egoísta e suicida.

Tem que ser cada um de nós dentro de si próprio a fazer um esforço, a não segurar mais esta rede de poder podre. E apesar de o processo não evitar alguma contestação, a inquietação e as dores serão as do parto e não as da morte.

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