O grande
rei dos persas, Ciro, durante uma de suas campanhas guerreiras, dominou o
exército da Líbia e aprisionou um príncipe.
Levado à
presença do conquistador ajoelhou-se perante ele o príncipe, e assim
também os seus filhos e sua esposa. Os soldados vencedores, os generais
da batalha, ministros e toda uma corte se juntou para tomar conhecimento
da sentença real.
O rei persa
coçou o queixo, olhou longamente para aquela família à sua frente, à
espera de sua decisão e perguntou ao nobre pai de família:
Se eu te disser que te concederei a liberdade, o que poderias me
oferecer em troca?
Rapidamente
respondeu o prisioneiro:
Metade do meu reino.
Ciro
continuou, paciente, a interrogar:
E se eu te oferecer a liberdade dos teus filhos, que me darás?
Ainda
rápido, tornou a responder: A outra metade do meu reino.
Calmo, o
conquistador lhe lançou a terceira pergunta:
E o que me darás, então, em troca da vida de tua esposa?
O príncipe
sentiu o coração pulsar rapidamente no peito, parecendo arrebentar a
musculatura. O sangue lhe subiu ao rosto, as pernas fraquejaram.
Reconhecia
que, no anseio da liberdade dos seus, tinha oferecido tudo, sem se
recordar da companheira de tantos anos, sua esposa e mãe dos seus
filhos.
Foi só um
momento mas, para todos, pareceu uma eternidade. Um sussurro crescente
tomou conta do ambiente, pois cada qual ficou a imaginar o que faria
agora o vencido.
Após aquele
momento fugaz, ele tornou a erguer a cabeça e com voz firme, clara, que
ressoou em todo o salão, disse:
Alteza, entrego a mim mesmo pela liberdade de minha esposa.
O grande
rei ficou surpreso com a resposta e decidiu conceder a liberdade para
toda a família.
De retorno
para casa, o príncipe tomou da mão da esposa, beijou-a com carinho e lhe
perguntou se ela havia observado como era serena e altiva a fisionomia
do monarca persa.
Não, disse ela. Não observei. Durante todo o
tempo os meus olhos ficaram fixos naquele que estava disposto a dar a
sua própria vida pela minha liberdade.
* * *
Para quem
ama, não há limites na doação. Quando dois seres se amam verdadeiramente
dão origem a outras vidas e as alimentam, enquanto eles mesmos um ao
outro sustentam, na jornada dos dissabores e das lutas.
O amor
conjugal é, dentre as formas de amor, um dos exercícios do amor que
requer respeito, paciência e dedicação. Solidifica-se através dos anos. E
tanto mais se aprofunda quanto mais intensas se fazem as lutas e as
conquistas de vitórias.
Para os que
se amam profundamente não há lutas impossíveis, não existem batalhas
que não possam ser vencidas.
* * *
Em todos os
departamentos do Universo existe a mensagem do amor, que é o estágio
mais elevado do sentimento.
O homem
somente atinge a plenitude quando ama. Enquanto procura ser amado, sofre
infância emocional.
Por isso, o
importante é amar, mesmo que não se receba a recíproca do ser amado. O
que é essencial é amar, sem solicitação.
com base no conto Olhando só
para ele, do livro Lendas do Céu e da Terra,
de Malba
Tahan, ed. Record e pensamentos finais do
cap. 2 do livro Convites da
vida, pelo Espírito
Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Sem comentários:
Enviar um comentário