Você só é livre quando faz o que não quer.
O pensamento é do filósofo alemão Immanuel Kant, um dos principais pensadores do Iluminismo.
Ao reler a frase: Você só é livre quando faz o que não quer, podemos argumentar se não seria exatamente o oposto. Liberdade não seria fazer o que se quer, quando se quer, do jeito que se deseja?
Está aí uma grande diferença de entendimento e uma prova de nossa imaturidade moral. Para entender o ponto de vista do filósofo, lembremos a citação do Apóstolo Paulo:
Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém. Tudo me é permitido, mas não deixarei que nada me domine. Chegamos ao ponto fundamental trazido por Kant e por Paulo de Tarso: a liberdade está em ser dono de si mesmo e não escravo dos seus desejos, vícios ou qualquer outra influencia externa. Fazer o que se quer é ser escravo do desejo. Por isso, não se poderia falar em liberdade nesse contexto. A liberdade verdadeira só pode ser trazida pela autonomia, pela inteligência, pelo uso correto da vontade, como essa força que nos permite avaliar a conveniência dos desejos. É justamente o que Paulo de Tarso alerta: Nem tudo me convém.
Assim, se a vontade, se o livre-arbítrio se sobrepuserem aos desejos para os avaliar, julgar, escolher melhor, então, seremos realmente livres. É o ser assumindo o controle de seus desejos e não mais sendo controlado por eles. Eis a liberdade conforme Kant. A visão do pensador faz muito sentido.
Quando o homem passa a dominar seus instintos e os faz trabalhar em seu favor, pelo bom uso da inteligência, ele passa a ter maior domínio sobre si mesmo. Quando o homem consegue controlar suas paixões, domando esses corcéis poderosos e fazendo-os bons condutores de sua vontade, conquista o seu mundo íntimo. Assim, muitas vezes, fazer o que não se quer é fazer o que se deve. É estar apto a assumir o controle das situações com maturidade, sem se deixar levar ao sabor das emoções do momento.
Educar-se. Educar seus instintos. Essa é uma das funções da encarnação em um planeta ainda inferior. Nele, a vinculação com a matéria nos coloca em experiências educativas, que promovem justamente esse desafio. A alma imatura ainda sonha com a liberdade de fazer o que quer, sem responsabilidade, sem pensar em consequências, simplesmente atendendo aos impulsos passageiros. Parece belo. Parece liberdade. Parece viver. Mas, não é.
Deixar-se guiar por instintos é voltar à condição primitiva. Já vivenciamos isso, já estamos mais adiante. Reflita com cuidado sobre essa ideia: Você só será livre quando fizer o que não quer.
O que ela representa? De que ciladas do caminho esse pensamento pode preservar você?
Ao invés de pensar no imediato, no que dá mais prazer agora, que tal pensar mais no que é melhor para você?
Nem sempre o que é melhor para você poderá lhe trazer prazer, num primeiro momento. Pense grande. Pense maior. Pense como alma imortal que você é, estagiando, outra vez, neste abençoado planeta chamado Terra. Nosso lar. Nossa escola.
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