quarta-feira, dezembro 30, 2009

Paz sobre todas as Fronteiras


No final de um ciclo de vivências, num homem numa mulher, o que resta? Qual é a importância das conquistas?

Juntei-me um grupo de jovens à volta de uma mesa. Festejavam o casamento de um casal de entre eles. Desfasado na idade, em silêncio fiquei como um caçador furtivo de emoções. Quis aproveitar a descontracção e oportunidade para entender o mais possível como se comunicavam, seus mecanismos, suas características, identificar os códigos de comunicação, os gestos, os tiques e os toques….

Cheguei a uma conclusão surpreendente revendo em analogia, a minha própria experiência em semelhante idade. Também eu à vinte anos atrás apresentava exactamente a mesma essencialidade nos gestos, nos tiques e nos toques para socializar.

É incrível, vinte anos e para além da indumentária, que mudou, dos acessórios e de tudo o resto, algo de essencial no ser permaneceu igual, estagnado e intocável.

Afinal o que é essa essencialidade?

Reconheço que no ser humano, neste caso no/a jovem adulto, ser uma espécie de habilidade comunicativa do seu essencial. É a autenticidade. E o jovem de hoje apresenta os mesmos hiatos comunicativos que o de à vinte anos atrás, daí o desenvolvimento de seu formato essencial ter parado no tempo. Precisamente na área da comunicação.
Mudou alguns dos símbolos e dos acessórios, por vezes até empobrecivamente ou algo desorientadamente, sem dúvida mantém as mesmas dificuldades comunicativas, fracos níveis de autenticidade.

Parece carregar enfim, em seu jovem ombro o peso das mesmas máscaras que no meu tempo de jovem carreguei, não evoluiu nessa matéria. Consternado verifico a actualidade do paradigma. Não mudou, e dentro de tanta ansiedade gerada, em que o ego leva a melhor por se encontrar em seu terreno de eleição, a essencialidade de cada um timidamente procura a si mesma nos exemplos alheios, quando é em si mesma, sobre si mesma, que se deveria encontrar, que se deveria identificar e onde se encontra o único exemplo verdadeiramente importante para si mesma, que vale a pena seguir.


Se cada um de nós em consequência, se observar com coragem e honestidade, não se vai maltratar, não se vai envenenar, antes pelo contrário, vai estar atento na promoção de si mesmo, de uma forma saudável  e sustentável.
 



Meus votos são de autenticidade para todos, para que enfim se promovam os encontros genuínos entre os seres, e a hipocrisia e o mal entendido definitivamente sejam expurgados do plano, e após a tempestade venha a bonança.

Paz sobre todas as Fronteiras.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Um encontro singular

Na manhã apenas desperta, o homem se levantou. Na tristeza de que se sentia envolvido, olhou para o filho doente, que gemia no leito pobre.
A esposa dormia e ele se preparou para sair antes que ela despertasse, com o mau humor habitual.
Seu rumo era o mercado, onde ele recolhia os frutos desprezados por aqueles que têm em demasia e desconhecem a dor do estômago vazio.
Um movimento inusitado, no entanto, lhe chamou a atenção. Eram gritos, correria. O povo se acotovelava formando um cortejo barulhento.
Soldados da Roma dominadora e audaciosa conduziam um condenado à morte.
O homem parou a observar aquela cena e pensou que Aquele prisioneiro era muito mais infeliz do que ele próprio. As suas eram as dores morais: doíam por dentro. Mas aquela criatura Se apresentava machucada, sem forças, a carregar aos ombros um madeiro bruto e pesado.
Seus passos eram vagarosos, como num compasso de sinfonia fúnebre.
Arcado, a túnica que vestia arrastava-Se pelo chão, embaraçando-Lhe os pés, dificultando-Lhe ainda mais o caminhar.
Cireneu estava estático. O homem estava sendo conduzido para o terrível suplício da cruz. Era, sim, muito mais infeliz que ele próprio.
Nisso, a voz de Roma, na aspereza de um dos soldados, lhe ordenou auxiliar o condenado que caíra.
Não que o soldado se condoesse da Sua dificuldade. É que tinha pressa de se desenvencilhar daquela tarefa.
Cireneu foi praticamente jogado para debaixo daquela madeira bruta, cheia de farpas. Colocou o ombro ao lado do condenado e suspendeu o peso.
Sentiu uma dor profunda no ombro e o olhar do auxiliado o penetrou. Eram dois olhos de luz estampados numa face de sofrimento.
Jamais Cireneu haveria de esquecer aquele olhar. A dor no ombro aumentava. Logo adiante, o prisioneiro voltou a tropeçar e cair.
As chicotadas da brutalidade O atingiram. Um pouco mais e o Cireneu teria o peso da madeira tosca aliviado. O homem a estava utilizando. Crucificado.
Cireneu aguardou-lhe a morte. Algo Nele o atraía, magnetizava-o .
Quando tudo se consumou, foi para casa e, porque chegasse de mãos vazias, a esposa o repreendeu.
Cireneu não revidou. Uma paz diferente tomava conta dele.
O filho veio correndo e o abraçou:
Estou bem, papai!
Cireneu recordou os olhos azuis da gratidão do homem que ele auxiliara. Um perfume sem igual penetrou o lar pobre.
A mulher sentiu e se enterneceu. Uma delicada e subtil presença sentiram os três.
A vida de Cireneu se transformou. Apesar das lutas e dissabores, nunca mais o fantasma do desespero fez morada em sua casa.
Curioso, no dia seguinte, foi indagar a respeito da identidade do condenado. Descobriu-lhe o nome. Chamava-se Jesus de Nazaré.

*   *   *

Quando Jesus penetra o coração da criatura, tudo se transforma. O deserto da solidão descobre o oásis do amor e abandona a tristeza.
As dores se amenizam. A paz se faz presente.

Jesus é sempre o meigo Pastor a convidar: Vinde a mim, vós todos que sofreis, estais aflitos e sobrecarregados... 

com base no cap. 4 do livro As testemunhas da paixão, de Giovanni Papini, ed. Saraiva

acto continuo...

quando reflectes e vês tudo... 

é quando te apercebes que vês coisas
que não havias reparado.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Perfume de Jesus

Ao percorrer a história da Humanidade sempre se encontra um rastro perfumado. No princípio, era o incenso, a mirra e outras madeiras aromáticas.
O Velho Testamento regista Moisés construindo um altar de perfumes para Jeová. Entre eles craveiro e rosas.
Depois vieram os unguentos e óleos de substâncias como o timo e o orégano, com que faraós do antigo Egipto eram enterrados.
Nas culturas antigas, o perfume era reservado aos deuses e aos rituais. Mas não demorou muito para que simples mortais se apropriassem das receitas perfumadas dos sacerdotes.
Nos grandes centros do Oriente, bem como entre os gregos e romanos, o prazer de perfumar-se tornou-se um hábito quotidiano.
Paris, no século dezasseis, era já considerada a capital dos perfumes. Atribui-se à Catarina de Médicis, que lá chegou em 1533, o impulso decisivo à produção e comércio de produtos aromáticos.
Além de perfumes, pomadas e óleos aromáticos, a moda dos couros perfumados, utilizados na confecção de luvas e outros acessórios difundiu-se pela Europa.
Os aromas, libertos da função dissimuladora de odores desagradáveis, tornaram-se mais doces e suaves, predominantemente florais.
Perfumistas buscavam essências raras e exóticas em flores, ervas, madeiras, resinas e secreções animais para suas fórmulas secretas.
Na perfumada corte de Luís XV, era de bom tom apresentar-se com um perfume diferente a cada dia. E nas datas de festa até os chafarizes eram alimentados com água-de-lavanda ou água-de-rosas.
Todos os perfumes, por mais preciosos ou penetrantes, têm, no entanto, a durabilidade comprometida. Nenhum que seja de carácter permanente. Eis porque proliferam as indústrias de perfume. Esmeram-se no aroma e na durabilidade.
Há todavia um perfume indelével. Personificado em um corpo de homem, andou pela Terra há mais de dois mil anos.
Nascido na quietude de uma noite quase fria, teve Seu nascimento anunciado por um coro de vozes celestes.
Cresceu no ambiente do lar, da oficina e da escola. Adulto, buscou os homens para espalhar a Sua doce fragrância.
Seu próprio nome semelhava aroma raro. Extracto de estrelas saía de Sua boca. Onde quer que passasse, a delicadeza da Sua presença a tudo e todos impregnava.
A Ele se submeteram ricos e poderosos, embora pensassem serem vencedores. Imprimiu tal aroma na alma dos Seus apóstolos que O decidiram imortalizar para a posteridade. Desta forma, os evangelistas se esmeraram para colocar em frascos delicados a essência dos Seus ditos.
Nasceram então os Evangelhos de Mateus, de Marcos, Lucas e João. É por este motivo que toda vez que se abrem as páginas da Boa Nova, o aroma do Cristo se espalha.
Quando a criatura se deixa impregnar por ele, onde quer que esteja e atue, aromatiza lugar, pessoas e circunstâncias.
*   *   *
Quando você estiver triste e desiludido, observando o mundo cinza e negro, busque o Evangelho. Descerre-lhe as páginas. Concentre-se na leitura de um pequeno trecho.
Permita-se envolver pelo perfume da tranquilidade e da serenidade do doce Jesus da Galiléia.
Não eram diferentes aqueles tempos. Também havia rixas, guerras, corrupção e desonestidade. Mas Ele espalhou a penetrante fragrância da Boa Nova, o extracto do bem.
Use o perfume Dele para colocar um sorriso na face, e distribuir alegria.
Torne-se, onde esteja, um distribuidor do perfume da verdade e da paz.
*   *   *
Atribui-se a Mateus o primeiro Evangelho. Escrito em língua hebraica, acredita-se que ele próprio o traduziu para o grego.
O evangelista Lucas não conheceu pessoalmente Jesus. Seu Evangelho, possivelmente escrito entre os anos 55 e 60, é uma verdadeira obra de História.
Para Lucas, Cristo é o Divino Médico da Humanidade.

com base no artigo A pátria dos perfumes, da revista Ícaro, revista de bordo Varig nº 134.

segunda-feira, novembro 30, 2009

quarta-feira, novembro 18, 2009

Tudo é para o bem

         Havia um homem judeu de nome Mahum, que significa Também. Chamavam-no assim porque para tudo o que lhe acontecesse, por pior que fosse, ele afirmava, com toda convicção: Isto também é para o bem!
Se a chuva lhe destroçasse o jardim ou a enxurrada lhe destruísse o labor da horta, repetia sempre: Isto também é para o bem.
E, sem titubear, colocava-se no trabalho de reconstrução do jardim e da horta.
Se a enfermidade o alcançasse, falava: Isto também é para o bem. Medicava-se e aguardava a recomposição das forças físicas, retornando ao labor incessante.
Certa noite, Mahum precisou se deslocar até à cidade vizinha.
Preparou seu burrico, que lhe seria o meio de transporte, o galo que funcionava como seu relógio e despertador, e uma lamparina para que lhe iluminasse o caminho.
Ela deveria servir, inclusive, para que, antes de repousar no seio da floresta que deveria atravessar, pudesse se deter na leitura das escrituras.
Noite alta e ele no coração da floresta. De repente, o óleo da lamparina derramou e ela se apagou. Ele ficou às escuras. Inesperadamente, o galo começou a passar mal e morreu. Não demorou muito e foi o burrico.
O pobre homem ficou sozinho, na escuridão da floresta, em meio a ruídos estranhos e assustadores.
Mesmo assim, afirmou sem medo: Tudo o que Deus faz é para o bem.
Acomodou-se como pôde e dormiu.
No dia seguinte, o sol o veio despertar, vencendo a fechada copa das árvores. Ele prosseguiu viagem a pé. Quando, muitas horas depois, chegou à cidade, seus conhecidos o olharam com espanto.
Todos pareciam estar vendo um fantasma. Por fim, lhe perguntaram:
Como pode você estar vivo? Soubemos que, ontem à noite, foram despachados soldados romanos à floresta, com o intuito de matá-lo!
Foi então que Mahum explicou tudo que havia acontecido, concluindo: Se minha lamparina não tivesse apagado, o galo e o burrico morrido, com certeza estaria morto. Pois o clarão da lamparina, o zurrar do burrico e o cacarejar do galo denunciariam o local onde me encontrava.
Bem posso continuar a dizer: "Tudo o que Deus faz é para o bem."
 
*   *   *
Quando a tormenta se faz mais violenta e as dores se tornam mais acerbas, é o momento de se ponderar porque elas nos atingem.
O bom senso nos dirá sempre que razões poderosas existem, assentadas no ontem remoto ou no passado recente, porque a Divina Providência tudo estabelece no momento próprio e na medida exata.
Deus é sempre a sabedoria suprema e a justiça perfeita, atendendo as mínimas necessidades dos Seus filhos, no objetivo maior do progresso e da redenção.

 com base em texto do Correio Fraterno do ABC, de maio/1998.

domingo, novembro 15, 2009



O depoimento da ex-Ministra da Saúde da Finlândia, Dra. Rauni Kilde, é muito claro e corajoso.



quinta-feira, novembro 12, 2009

AUTENTICIDADE




Autenticidade é muito o reconhecer de uma forma auto-dinâmica, que tudo que me acontece me é devido, necessário e vivificante.
Que é possível um equilíbrio entre tantos ingredientes, sem que um predomine sobre o outro, uma vez que todos sem excepção se alternam.

É que no final desta colaboração a equanimidade resulta simples mas sábia receita.

Equanimidade significa serenidade de espírito. É um estado natural e relaxado, a capacidade de experimentar de maneira estável as diferentes situações do mundo físico, das sensações, da mente e dos fenómenos. É caracterizada pela profunda tranquilidade, completamente livre de oscilações. Nada paga o preço de estarmos felizes por nós mesmos. Alcançando esse estágio, até mesmo os relacionamentos ficam mais fáceis de se lidar, de pensar usando a razão ao invés do coração. Isso traz uma paz incomensurável.

(fonte: dicionário informal.com)

quarta-feira, outubro 28, 2009

a boleia ...


A BOLEIA


Imagina que vives numa casa que faz parte de um condomínio.
Uma moradia, um apartamento, … imagina.


Depois, imagina, que através de um simples correio electrónico, informas de algumas das rotinas de que dispões, aquelas que achas podem ser úteis a alguém mais.
Por exemplo, que todas as manhãs te deslocas a determinada hora, para determinado local.
Que fazes determinado trajecto.


Imagina que nesse condomínio tem alguém que faz muitas vezes esse trajecto, até que tem ainda mais alguém que costuma ir para um lugar que fica de passagem.
Seriam 3 pessoas a partilhar um mesmo transporte, a economizar e aplicar as dinâmicas sustentáveis sobre as suas vidas.


Quem nos convenceu que na partilha de determinadas coisas básicas e importantes, como este caso a que chamarei do “caso da boleia” teríamos que conhecer ou dar a conhecer as vidas das pessoas em pormenor?
Das pessoas que transportamos por exemplo!
Quem ganhou com o estabelecimento dessa desconfiança?
Qual o preço a que nos sai e a quem o pagamos?
Alguém a quem conhecemos tão bem como aqueles a quem daríamos a boleia?


Certamente que não.


Não chegará a ser uma espécie de falso conforto, de um egoísmo disfarçado de conforto? (esta é para o que pensaste J)


Imagina que no acerto das tuas rotinas crias redes de comunicação, que não precisam de ser redes de assuntos pessoais, mas apenas de serviço…, de boleias.
Imagina que ganhas qualidade de vida com isso, economizas e andas mais feliz.
Que encontras enfim o modo simples que tanto necessitavas encontrar, para expressar a tua contribuição comunitária sem ter que ir a nenhuma espécie de urna de voto.


Imagina que depois de ler este texto envias um correio electrónico às pessoas “do teu condomínio”, a informar de algumas das tuas rotinas, aquelas “em que não te acontece nada” e depois imagina que te vais divertir imenso com a situação, que vais aprender imenso, que vais ganhar imenso enquanto ajudas o ambiente…
Que de súbito somos milhares a reorganizar os dias e os recursos de todos de forma divertida, em comum e sem juízo de valores, sem entraves sociais, apelando apenas à nossa imaginação criativa e positiva em beneficio próprio e não só.


Imagina um ambiente mais são, mais saúde e felicidade.
Mais integração e mais necessidade de contacto de uns pelos outros.
Mais liberdade e ecologia.


Pois eu irei enviar um correio electrónico ao meu pequeno condomínio de 6 vizinhos, a informar que todos os dias me desloco para determinado lugar a determinada hora, e se algum necessitar de uma boleia amanhã ou quiçá um dia destes, a rede aumenta, e assim estarei um passo mais próximo da boleia que me trouxe até aqui.


Namastê



terça-feira, outubro 20, 2009

A missão de cada um


  
Invadiu-me certa vez uma inexorável perplexidade acerca do sentido da vida.
Decidi, então, peregrinar por este mundo em fora, para decifrar tão profundo enigma.
A todos os seres que encontrava propunha a questão.
À frondosa árvore, enraizada no centro de grande praça, supliquei que me revelasse sua verdadeira missão.
Explanou-me ela:
Em primeiro lugar, devo manter-me viva, forte, saudável, para melhor poder cumprir meu papel.
Em segundo, descobrir exactamente qual seja este papel.
E, por fim, desempenhá-lo diligentemente.
A mim cabe proteger os peregrinos que por aqui passam, nos tórridos dias de verão, ofertando-lhes minha generosa sombra.
Segui adiante e deparei-me com um belo gato siamês.
Segredou-me ele que sua missão consistia em fazer companhia a uma velha senhora, ofertando a ela todo seu encanto e ternura.
Por muitos e muitos dias, por escabrosas veredas, feri meus pés à procura de respostas à pungente dúvida.
O esforço foi sobejamente recompensado. Mas eu sentia que era preciso ainda ouvir uma sábia opinião de um representante do género humano.
Finalmente, após fatigante busca, no alto de um outeiro, encontrei um sábio anacoreta, longas barbas brancas, olhar perdido no horizonte, a meditar...
Acolheu-me amavelmente. Após ouvir, todo paciência e atenção, meu relato e minhas súplicas, sentenciou gravemente:
Meu prezado buscador. Os sábios seres da natureza propiciaram a ti as respostas.
Já és possuidor do inefável segredo. Não obstante, mais posso aduzir:
Caso descobrires que és uma árvore, sejas realmente uma árvore; se fores um gatinho, não te constranjas em ofertar toda tua meiguice; e se um leão, coloca sempre toda tua energia em tudo que fizeres.
Enfim, é preciso descobrir teus verdadeiros talentos, aprimorá-los, produzir os melhores frutos, e então, ofertá-los generosamente.
* * *
Ninguém habita este planeta sem objectivo, sem finalidade maior.
Aquele que cultiva a terra realiza uma missão. Como aquele que governa ou que instruí..
tudo se encadeia na natureza. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a realização dos desígnios da Providência.
Cada um tem sua missão na Terra. Cada um pode ser útil para alguma coisa.
Desta forma, buscadores que somos, o que devemos encontrar é a nós mesmos, descobrindo depois no que podemos ser úteis.
Que habilidade temos? Quais são nossos talentos? O que podemos fazer pela comunidade ao nosso redor?
É tempo de descoberta e de acção. Cada dia na Terra é oportunidade única que não pode mais ser desperdiçada com as distracções e ilusões que criamos ao longo das eras.
  
com base em texto do livro A magia das
 palavras, de Ramiro Sápiras, ed. Recanto das letras e no item 573 de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Com fúria e raiva acuso o demagogo
e o seu capitalismo das palavras.


Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
que de longe muito longe um povo a trouxe
e nela pôs sua alma confiada.

De longe muito longe desde o início
o homem soube de si pela palavra
e nomeou a pedra, a flor, a água
e tudo emergiu porque ele disse.

Com fúria e raiva acuso o demagogo
que se promove à sombra da palavra
e da palavra faz poder e jogo
e transforma as palavras em moeda
como se fez com o trigo e com a terra.



citação do poema Com fúria e raiva, de Sophia de Mello Breyner Andresen, da obra O nome das coisas  

quinta-feira, outubro 08, 2009

DESMONTAGEM PESSOAL


O que é?      


É possível?


Se passível de ser reconhecida pelo que não sendo tu… está atento e observa, serás tu?





Que referir, quantificar, do milagre da vida quando és somente tu, desmontado das inércias dos gestos difusos. Quando as culpas e as penas perdem o sentido, deixem mesmo de existir.





Se tem outros capazes de te ler, descodificar cada um dos teus gestos, como não serás tu, capaz de os desmontar? Logo tu que lhes destes a razão e a existência. Quem mais haveria de os desmontar, senão quem os criou?


E se não os vês, apesar de outros que não tu?


Vais negar a sua existência?


Vais negar as suas obras, os seus ónus?


Como poderás tu, desmontar as dores do teu parto, se não reconheceres a tua gravidez?





Em todo Ser da criação, na razão natural de seu manifestar está a necessidade de amar, de ser amado.


Quem pode contestar o amor que o nutre e apartado querer ter razão, obter reconhecimento?


Se sendo amor cooperação, criação, vida enfim, como viver na penumbra?





Não tem quase… patologia que resista. Tem que deixar o seu amor livre, como acto de respirar, inconsciente, natural e espontâneo.


A liberdade não sai na lotaria, mas no bom amadurecer do fruto.





O tempo ainda é preciso.


O amor ainda é mais.





Namastê

quinta-feira, setembro 17, 2009

O amor é uma ciência?

Algumas definições de ciência:

- A ciência é o esforço para descobrir e aumentar o conhecimento humano de como a realidade funciona.

- Saber, conhecimento de certas coisas que servem à condução da vida ou à dos negócios.

- Conjunto dos conhecimentos adquiridos pelo estudo ou pela prática.

- Hierarquização, organização e síntese dos conhecimentos através de princípios gerais (teorias, leis, etc.)

O amor é uma ciência?

A grande maioria das pessoas adultas confrontadas com esta questão, revelam não saberem muito bem o que pensar sobre o assunto. Muitas delas nem se terão debruçado ainda sobre o tema. As que de escrutínio reportam na sua maioria reacções mais emocionais que intelectuais, são dignas de registo dado que apesar de ser um tema algo inesperado é no mínimo consensualmente sentido.
As reacções mais verificadas e desafio desde já a fazerem uma experiência com pessoas de vossa confiança, sempre é um estudo mais conclusivo (obtenção de dados mais fiáveis), foram as seguintes, segmentadas em grupos:

1. As pessoas ficam atónicas e em silencio, como se subitamente desarmadas.

2. As pessoas olham fixamente nos teus olhos, imóveis e algo hostis.

3. As pessoas ficam como se não entendessem a questão, agitadas e distraídas tipo - diz lá?

4. Umas minorias das pessoas, ainda sem terem pensado objectivamente na questão, mostram-se receptivas e curiosas.

Esta desequilibrada proporção foi a motivação que conduziu ao desenvolver do tema e assim chegar às seguintes conclusões.

Os três primeiros grupos, confrontados com a questão estão em número de pessoas questionadas com relação ao quarto grupo, mais que na proporção de 3 para 1

Em termos muito genéricos verifiquei quanto ao primeiro grupo, que é constituído por pessoas acostumadas a condicionar o seu pensamento e raciocínio sem questionar muito, às fontes de informação de maior proximidade, acesso ou de maior peso cultural e social, de forma que estão estruturadas elas próprias para um tipo de raciocínio que não se coaduna com informações e conteúdos muito fora desta “rede condicionada” de pensamento.
Ao serem confrontadas com questões intelectuais para as quais não estão preparadas para “desmontar”, apresentam-se surpreendidas e é fisicamente verificável.
Um grupo com tendência à extinção.

No segundo grupo, as pessoas ainda que apresentem maioritariamente características do primeiro grupo, distinguem-se pelas suas reacções à questão. Identifico aqui personalidades que para além de se auto-limitar em termos de conhecimentos, em consequência de necessidades várias, ainda apadrinham de forma muito especial alguma linha específica de pensamento. São os filiados, os sócios, os membros, os adeptos, os profissionais, etc., pessoas que ao serem confrontadas com a questão portam uma postura limitadora de auto-defesa, algo excitada e logo tendem a assumir uma postura de quem está a ser encurralado ou posto em causa e em consequência que pondera prontificar o ataque. Está entre estes, aquele que faz a guerra para conseguir a sua paz. Para além de ter uma diminuta abertura, auto impõe-se a um fundamentalismo em algum ponto do seu sistema, ao nível do essencial. Tudo que fuja muito a este dogma é uma ameaça. Pessoas com o ego algo descontrolado. Um grupo com tendência a decrescer.

O terceiro grupo também com características do primeiro diferencia-se sobretudo do segundo, devido a uma dualidade que sem uma expressão intelectual verdadeiramente desenvolvida, objecto de estudo ou raciocínio, acaba agindo de forma espontânea e constatável. São pessoas que navegando ainda em velhas águas, já uma parte ou mais de si próprias emerge timidamente, em resposta a estímulos exteriores, com uma abertura crescente direccionada algo que sentem mais do que raciocinam e que sentem estar a mudar suas vidas. Um propósito maior, algo que ainda que não estejam a compreender em absoluto, encontra em si próprias uma receptividade, uma atracção magnética muito forte. São pessoas em que a sua unicidade já se confere por suas dualidades hiper-estimuladas. Estas pessoas sem se filiarem facilmente em coisa alguma, até porque já desconfiam de todos os propósitos que se revelem condicionantes, sentem crescente necessidade de contribuir de alguma forma para a promoção do ambiente, de interagir fora dos modelos ultrapassados de coordenação social, familiar, profissional, etc.
Procedem divididas entre as expressões: “Vai contar essa história a outro” e “Ora diz lá outra vez, para ter a certeza que estou a ouvir bem”.
Um grupo com tendência mista, onde as pessoas tanto tendem a migrar para o primeiro grupo como para o terceiro. Em última estancia, um grupo também destinado à extinção por esvaziamento.

O quarto grupo, em minoria relativamente aos restantes é o que parece conter mais solidamente o gérmen do crescimento sustentado. Neste grupo as pessoas evolucionam em suas reacções de uma forma que origina a expansão de seus centros de conhecimento. Muito receptivas, adoptam posturas muito focalizadas em seu aprendizado e é com ele que esperam desenvolver suas capacidades. Apresentando elevados níveis de auto-confiança, transmitem também elevada capacidade de colaboração, de assertividade, de transparência e abertura. Neste grupo de pessoas que cresce porque se desenvolve, a dualidade está enfraquecida.
Neste grupo, as pessoas já adquiriram competências suficientes para adentrarem a si mesmas sem dolo, sem grande perturbação, de maneira crescente, natural e espontânea. Dentre estas pessoas é fácil reconhecer o adestramento em seus relacionamentos, a grande necessidade como se em resposta a si mesmas, de respeitar o ambiente, adoptar posturas sãs, tolerantes e disciplinadas, reconhecer enfim no que as rodeia os mesmos processos que em si mesmas afloram.
Pessoas assim, dinâmicas expansivas e multifacetadas, exemplificam bem o prisma de cristal em sua imagem sólida. Este cristal sendo um só, encontrou em cada uma das suas faces forma, de cada uma das faces sem se ocultarem entre si, reflectirem captando para um mesmo centro as diferentes cores do espectro luminoso, harmoniosamente. Este parece ser o candidato de alguma forma com maiores aptidões naturais para entender em níveis cada vez mais elevados, a natureza expansiva de toda a manifestação sobre o plano.

O amor é uma ciência?

O amor deve ser contextualizado na génese de tudo de verdadeiramente grandioso na história do ser humano. O amor surge como a primeira grande revelação cósmica nas necessidades do próprio ser humano. Os primeiros hominídeos agrupam-se por necessidade de se protegerem e de se alimentarem, num mundo ainda inóspito. Em suas primeiras colónias e em virtude da própria procriação, através dos afectos cada vez mais evoluídos e de interesses partilhados em comunidade, evoluíram através dos tempos até aos dias de hoje em nós.

A semente grandiosa desta evolução germinou no que conhecemos como Amor.
Mais do que por um mero acaso, todas as relações humanas evoluíram sem excepção, levando em conta o favorecimento do próprio ser humano. Em termos correctos e naturais, é na sublimação dos afectos que as manifestações amorosas se formulam mais depuradas e equilibradas, aceites e reconhecidas por todos, mais que as paixões abrasadoras, desequilibradas e passageiras.
Desta forma as sociedades evoluíram para lá das necessidades básicas e cultuando mesmo a satisfação da “alma”. Assim, se por exemplo o humano desenvolveu o conceito da aprendizagem como a conhecemos nas escolas, onde é posto ao serviço de um indivíduo os conhecimentos necessários para o próprio benefício da comunidade, também se encontrou espaço para o desenvolvimento das Artes como as conhecemos, para o próprio prazer mais ou menos subjectivo e desenvolvimento criativo do indivíduo e da comunidade.
Afinal o homem em observância às suas necessidades e em harmonia com a sua natureza e criatividade chegou àquilo que é hoje.

Pela sua caminhada evolutiva, tomou posse dos processos que estimulam à própria evolução, sendo que o Amor pela causa desde logo ele acarinhou, tanto para o bem como para o menos bem do busílis.

Por amor os processos naturais encontram a sua melhor expressão. É assim que tudo cumpre o que para si foi manifesto.

(o ser humano) É a ferramenta que o trabalhador (a vida) utiliza (através da sua expressão perceptível, a energia, o plasma, o chi, etc.,) para arar o solo (como veiculo de compreensão e sustentação do universo).
(o ser humano é a obra prima pelo qual a energia cósmica manifesta a sua expansão)
Que diríamos da ferramenta que se recusa e trabalhar, estéril em sua razão?

Todas as grandes tragédias causadas pelos humanos estão na razão directa de sua falta de amor, de seu egocentrismo transviado e apartado das correntes vivificantes da natureza. Muitas das grandes patologias que assolam a humanidade, grande parte dos conflitos sociais, dos indesejáveis desequilíbrios, acontecem por esta mesma razão. É algo latente e constatável tanto em nossa consciência, como em nossos próprios meios de comunicação. Toda a publicidade enganosa, enfim toda a criação porta em si a energia própria que lhe está associada, suas características estão vinculadas, daí os resultados desastrosos quando “a cara não dá com a careta” Não vale mesmo a pena enganar pois é caminhar investindo, em direcção a um beco sem saída.

Quando a desarmonia causada pela falta de amor afecta (infecta) os comportamentos de pessoas especialmente vocacionadas para cargos de elevada responsabilidade nas comunidades, juízes, governantes, progenitores, autoridades de toda a espécie, será fácil antever os resultados infecciosos que daí advém. Os custos estéreis a suportar pelas estruturas, a subversão à sua própria origem fomenta um anátema, um grave prejuízo para o individuo e toda a natureza em todos os níveis da existência.

Creio entender, que humanos inconscientes, com tendências especialmente perversas souberam habilmente desde cedo e ao longo dos tempos, camuflar em proveito próprio estes mecanismos de conhecimento para serventia de todos, e como ladrões confundirem os incautos com derivações destes mecanismos naturais e maravilhosos, para com estatutos de poder, maledicência, perversidades sexuais de toda a forma e maneira, em resultado mais ou menos esperado, chegarmos ao que encontramos hoje na maioria dos estados modernos; corrupção, injustiça, insaciedade e descontentamento.

O corpo humano transcendente.
Para que o todo da própria humanidade se mantenha coeso, tem que as partes se manterem limpas, puras e arejadas. E isto só é possível aliando o conhecimento da experiência humana, com a sua natureza primordial sublimada a um expoente maior, o AMOR incondicional.

Sem este AMOR incondicional, não tem empresa, organismo, departamento, família, o que quer que seja a funcionar sadiamente. Não adianta formação técnica de excelência por si só em seus colaboradores, se não estiver salvaguardada e algo estimulada até, a sua frágil mas essencial formação moral e ética.
Num planeta cada vez mais globalizado e com tendências uniformizantes, só uma ciência que demonstre resultados concretos ao nível do funcionamento das sociedades, que respeite e agilize a cada uma das identidades participantes dentro de princípios integrantes aceites por todos, onde os consensos sejam encontrados no âmbito da natureza, seu estudo e sua conservação, ao estar integrado naturalmente nesta dinâmica o homem tem uma oportunidade única e sublime de sintonizar uma linguagem comum e universal. Parece pouco?

Só o feito de encontrar esta linguagem comum, faria de todos os homens de imediato irmãos e co-responsáveis pela totalidade de suas acções, algo que não acontece actualmente. Seus empreendimentos obedeceriam a esta estratégia, e sobre ela desenvolveriam suas actividades e encontrariam suas oportunidades e parceiros de negócios.
Porque haveria o homem de insistir nas fortunas individuais ou corporativas, quando podem todos sem excepção ter uma vida digna, benéfica e produtiva para o planeta. Porquê investir a todo custo a curto prazo se este coloca em causa a sustentabilidade a longo prazo?
O que difere no homem são as suas escolhas, suas políticas ou pelo menos a maneira de as fazer. Uma espécie de ostracismo regional, de estrabismo no objectivo global, na conservação e protecção a todo custo se necessário com a própria vida, pelo planeta GAYA, nosso lar, nossa mãe.

O amor é uma ciência. É a linguagem da natureza, do cosmos. Ela é a arca de todos os tesouros desde sempre almejados, de todo o equilíbrio, toda a harmonia, toda a razão em cada um de nós, em cada um de nossos filhos e filhas, de cada uma das nossas acções.

Proceder fora deste princípio, que não é meu nem de nenhum iluminado mas da natureza deste lugar, faz de qualquer existência no presente e no futuro de Gaia uma breve e frustrante passagem, uma vã existência destinada ao exílio, por incumprimento das leis naturais de atracção gravitacional que estão na própria origem de nossa manifestação física.

Seguindo os princípios da física quântica, deveríamos iniciar a projecção em nossas mentes, de organizações humanas que pautassem cada vez mais suas actuações sobre estes desígnios, por exemplo: visualizar as empresas de vanguarda, aquelas que toda a gente observa a fim de copiar o modelo, a investir criando departamentos com claros objectivos na obtenção de rendimentos extraordinários nesta área, do amor por si próprio e pelo ambiente. A desenvolver projectos extensíveis ao lar de cada um, onde a empresa poderia acompanhar cada um de seus colaboradores em dinâmicas integrantes, tanto ao nível pessoal como ao nível social e comunitário. A criar em cada empresa convénios com seus clientes, fornecedores e colaboradores, onde se obtivessem claros benefícios por objectivos claramente regulamentados, do foro ambiental e cultural. Colaboradores dinamizados, em actividades que lhes permitissem dissipar algum do stress profissional, com valências promovidas pela empresa. Daria certamente um resultado fabuloso, tanto para os objectivos da empresa como para a qualidade do colaborador e em consequência para o meio ambiente. Colaborador respeitado o mais possível em cada aptidão e qualificação, sempre orientado num programa tolerante mas exigente ao nível da honestidade e transparência de processos, áreas de alto investimento. Visualizemos por exemplo as empresas públicas com semelhantes características …

A competição desenfreada e inconsequente deverá ser quanto antes desmascarada e revelada ao olhar de todos. Para que seja aconselhado o seu abandono, sua esterilidade e alto custo.

Parece complicado mas inicia-se por exemplo, com apenas um bom dia de olhos nos olhos, de coração a coração.
O custo inicial desta operação deveria ser de bom ânimo e em primeiro lugar, assumido pelos principais responsáveis do actual estado de coisas, que além de alguma justiça ser resposta, outros lhe pudessem seguir o exemplo. Empresas mais contidas em sua sede de expansão, mais ecológicas e interventivas na região de sua implementação, sobretudo mais generosas e correctas com relação às pedras preciosas do meio ambiente à sua responsabilidade: os colaboradores e sua comunidade por consequência.

A política, o capitalismo e os demais modelos de governação chegaram ao fim útil de sua existência. Pelo caminho, em nome de uma urbanização selvagem e desmedida, criaram demasiados excluídos, demasiados desequilíbrios, demasiados estragos ambientais e sobretudo uma cultura déspota, egoísta e suicida.

Tem que ser cada um de nós dentro de si próprio a fazer um esforço, a não segurar mais esta rede de poder podre. E apesar de o processo não evitar alguma contestação, a inquietação e as dores serão as do parto e não as da morte.