A psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross, visitando o campo de concentração Majdanek, na Polônia, ficou horrorizada ao lembrar que ali mais de trezentas mil pessoas haviam morrido. Fora uma verdadeira usina de morte de Adolf Hitler. Enquanto percorria os alojamentos sinistros, questionou como era possível tamanha crueldade. Era-lhe difícil compreender como seres humanos podem agir de forma tão criminosa com relação a outros seres humanos, em especial a crianças inocentes. Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz calma e segura de uma jovem: Se você tivesse sido criada na Alemanha nazista, também seria capaz de fazer isso.
Elizabeth reagiu dizendo que fora criada por uma boa família e era uma pacifista.
No entanto, antes de deixar a Polônia, ela haveria de passar por momentos perigosos e afligentes.
Caminhando por uma estrada de cascalho, suava de febre. Seu objetivo era retornar à Suíça. Sentia-se fraca. A fome a dominava. Então, ela pareceu vislumbrar a figura de uma menina em uma bicicleta, comendo um sanduíche. E confessa: Por um instante considerei a possibilidade de roubar aquele sanduíche arrancando-o da mão da criança. Nesse impasse, ela revive, em sua mente, as palavras da jovem: Cuidado, há um Hitler dentro de nós!
Ela se assusta, se controla. Logo mais, seria encontrada por uma mulher, conduzida a um hospital e atendida. Mas, esse fato a levaria a escrever, anos mais tarde:
Cada um de nós tem dentro de si um Gandhi e um Hitler. O Gandhi corresponde ao que há de melhor em nós, nosso lado capaz de maior compaixão, enquanto o Hitler corresponde aos nossos aspectos negativos e mesquinhos. Nosso desafio é desenvolver o que há de melhor em nós e nos outros. Aprender as lições de curar nosso Espírito – nossa alma – e de trazer à tona a pessoa que realmente somos.
Gandhi foi muito mais do que um líder político do século XX. Foi um ícone da não violência. Sua maneira de agir ultrapassou fronteiras e continentes, inspirando milhões de pessoas ao redor do mundo. Ele declarou que era incapaz de odiar. Através de uma disciplina baseada na oração, procurava amar a todos. A sua era a filosofia da não violência. Outros líderes, em seus próprios países, se inspiraram nele para lutar pela justiça social e pelos direitos civis.
Tudo isso nos afirma que podemos superar a fera que, eventualmente, resida em nós. Podemos domá-la, dominando nossas más paixões. Quando optarmos pela lei de amor, tão profundamente ensinada pelo Mestre de Nazaré, abandonaremos as lutas contra nossos irmãos. A guerra será banida da Terra, quando entendermos que somos uma única família, num imenso lar, chamado Terra. E tudo que nos compete é nos darmos as mãos, aprendendo a lição do mútuo apoio, para que com rapidez implantemos o reino de paz, de igualdade, que todos desejamos.
Então, depois de uma vida plena de bons exemplos, poderemos deixar esta Terra para dançar em todas as galáxias, como Espíritos libertos. Seres imortais que instalamos em nós o reino de Deus.